Repórter / fkhoury@redegazeta.com.br
Publicado em 8 de fevereiro de 2025 às 07:00
Certa vez, escutei que não existia ilhas no Norte do Espírito Santo. Na verdade, ilhas de água salgada. E mesmo sem explorar a fundo se realmente tinha - ou não - pedaço de terra firme em alto mar, lembrei de um local específico: o Rio Doce. Por isso, é aqui que o terceiro episódio do ‘MaravILHAS’ desembarca.
A cerca de três horas de Vitória, nosso destino fica em Regência, no litoral de Linhares. Mais precisamente, na foz do Rio Doce. Lá, conheci o seu Preto, um pescador de profissão nascido e criado na vila. Um verdadeiro conhecedor da região e de tudo que tem nessas águas.
Mas em 2015 tudo mudou. Sua relação com o Rio Doce foi fortemente abalada após o desastre ambiental da barragem de Mariana, em Minas Gerais. Sem saber o que fazer, Preto se viu tendo que inovar no auge dos seus 60 anos, criando uma alternativa para ganhar um fonte de renda extra.
“Precisei abrir mão da pesca quando houve o rompimento da barragem de Mariana. Fiquei cismado porque não sabia se o peixe estava contaminado, ou não estava. Por isso, achei melhor parar e inventar outro tipo de serviço para fazer”, contou.
Daí veio a ideia de fazer turismo no local que sempre trabalhou. “Sair do rio não era uma opção para mim. Quando aconteceu o acidente eu fiquei sem reação, não sabia o que fazer. A minha opção era o turismo para continuar dentro do rio”, relatou seu Preto.
A duração do passeio é flexível e varia de acordo com o pacote fechado pelo cliente, bem como o roteiro. O percurso inicia na foz do Rio Doce e segue em direção ao Norte, margeando - no primeiro momento - diversas vegetações. Os famosos manguezais chamam atenção pelo tamanho e formato.
Entre partes mais abertas e outras mais fechadas, o turista logo chega perto das pequenas ilhas ao longo do rio. Inclusive, muitas delas possuem plantações de cacau - fruto de muita importância para a economia de Linhares. Em determinadas épocas, é possível desembarcar nas ilhas e realizar uma degustação. Mas, claro, vale consultar previamente.
Uma das curiosidades do passeio é o fato de que algumas ilhas são relativamente novas. Nos períodos de seca, alguns bancos de areia acabam desenvolvendo algum tipo de plantação e, assim, formando um projeto de ilha. “Elas não existiam há cerca de 30 anos atrás”, contou Preto.
Ao final do passeio, os turistas ainda têm a oportunidade de conhecer o local onde o Rio Doce desemboca. É justamente no encontro do rio com o mar que o MaravILHAS fecha este terceiro episódio. Repleto de curiosidades, histórias inspiradoras e muita beleza natural.
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