
Um arrranhão do gato pode causar esporotricose. Mas nem sempre. Crédito: Vladimir Sukhachev/Shutterstock
A esporotricose, historicamente conhecida como Doença do Jardineiro, é uma micose que acomete animais e homens. A transmissão ocorre por inoculação do fungo Sporothix presente na matéria orgânica e solo contaminado ou por mordedura ou arranhadura de animais, geralmente gatos. O fato é que a infecção fúngica vem aumentando significativamente no Brasil, sendo considerada, atualmente, um grave problema de saúde pública.
Segundo dados da Vigilância em Saúde, da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), o Espírito Santo registrou 3.054 notificações em animais em 2023, sendo 2.351 casos confirmados. Já em 2024, foram 2.744 e 2.211, respectivamente. Portanto, entre os dois anos, o Estado registrou uma redução de 10,2% nas notificações de esporotricose em animais e de 6% nos casos confirmados.
No caso de humanos, em 2023, foram 1.391 notificações e 843 casos confirmados. Já em 2024, foram 1.545 e 892, respectivamente. Portanto, entre os dois anos, o ES apresentou um aumento de 11,1% nas notificações de esporotricose em humanos e de 5,8% nos casos confirmados.
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A médica-veterinária Luciana Simonetti, referência técnica das Doenças Zoonóticas em Animais do Núcleo Especial de Vigilância Epidemiológica, da Sesa, acredita que para trabalhar com foco na diminuição dos casos da doença, o caminho é a educação em saúde. “Essa é uma condição essencial e condicionante de sucesso para todos os programas de saúde pública. No caso da esporotricose animal, o enfoque deve ser na divulgação da doença que ainda é pouco conhecida pela população".
Informações repassadas de maneira equivocada podem estimular a população a ferir ou abandonar os animais doentes, por isso é necessário destacar que eles são vítimas e atuam apenas como hospedeiros da doença”
Já a médica-veterinária Neriana Rosetti Intra, mestre em ciência animal com ênfase em esporotricose felina, acredita que o caminho para minimizar os efeitos da doença é trabalhar com políticas públicas de saúde eficazes visando o controle da esporotricose, promover programas de educação em saúde e a posse responsável, além disso, conscientizar a sociedade quanto à importância de manter os animais domésticos em ambiente domiciliar. E não para por aí: evitando que tenham acesso às ruas, tornando-se fonte de infecção para outros animais e humanos, desenvolver ações para conter o abandono de gatos e cães em vias públicas, além de promover uma destinação apropriada para os animais doentes.
Simonetti destaca que o Núcleo Especial de Vigilância Epidemiológica, da Sesa, realiza periodicamente reuniões com representantes das Superintendências Regionais de Saúde levando aos 78 municípios capixabas a importância de terem profissionais qualificados na vigilância das zoonoses, como médicos-veterinários; uma unidade de vigilância em zoonoses para dar suporte ao atendimento de animais, a fim de identificar aqueles com riscos de doenças; conscientizar todos da importância de notificar, monitorar e prevenir novos casos; além de promover a educação da população quanto à saúde de forma geral.
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É preciso atenção quanto a saúde do pet. Crédito: Pexels
“Em caso de suspeita em animais com esporotricose, é importante alertar que o responsável deve levá-lo à Unidade de Vigilância em Zoonoses do município, para atendimento, investigação, notificação, diagnóstico e prescrição do tratamento ou demais procedimentos. No caso dos humanos, o paciente deve procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência para atendimento médico, notificação, diagnóstico e tratamento ou, em casos graves, fazer o encaminhamento para o Hospital de Referência.”
Ela frisa, ainda, que é preciso trabalhar também para evitar as subnotificações de animais com esporotricose. “No caso do Governo, existe um sistema de informação que as repartições do Sistema Único de Saúde (SUS) utilizam para notificarem em tempo real, o e-Sus VS. Já as clínicas e hospitais veterinários particulares e universitários, devem notificar os casos por meio do link: https://redcap.link/esporotricoseanimal.
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