• Patrícia Merlo
    Colunista

    Doutora em História Social/UFRJ, Professora da UFES, especialista em História da Alimentação.

A pretexto da Quaresma

Publicado em 12/03/2024 às 16h46
Torta Capixaba produzida por Eliana Santos do restaurante Beco do Siri na Ilha das Caieiras

Torta Capixaba produzida na Ilha das Caieiras, em Vitória . Crédito: Vitor Jubini

Outro dia, pesquisando receitas em antigos jornais pelo Brasil afora, me deparei com uma coluna carioca de 1971, publicada no periódico O Jornal Feminino, cujo mote era o cardápio de prato único, que por si só compõe uma refeição completa, bem ordenada e menos custosa, colaborando para simplificar o dia a dia.

Dentre esses pratos que podem ser preparados com certa antecedência estava a torta capixaba. Achei tão curiosa essa percepção, nada mais distante do que pensamos atualmente sobre o ritual de preparo dessa iguaria quaresmal obrigatória em terras capixabas.

Mas surpresa foi mesmo a receita! Tratava-se de um tipo de bolo salgado, com a massa à base de farinha de trigo, ovos, manteiga, fermento, etc., e recheada com bagre, camarões, mexilhões, siris e ostras, todos picados e em seguida somados à cebola dourada em azeite, tomates, suco de limão, palmito em lata, coentro, cominho e dendê.

Você não leu errado! Nada de bacalhau ou ovos em neve, que juntamente com o palmito ajudam a estruturar a torta. Apesar do nome do tradicional prato capixaba, o que percebemos é uma adaptação.

Encontramos na receita divulgada ingredientes obrigatórios da cozinha local, incorporando outras influências incomuns no preparo típico daqui.

A pergunta que fica é: quais diferentes receitas encontramos hoje da torta capixaba? A cozinha é viva, por isso, sempre haverá adaptações. E aí, qual é a sua favorita?

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Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de HZ.

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