Som da Liberdade lidera bilheteria no Brasil, mas produtora dá ingresso gratuito; entenda polêmica

"Blockbuster da direita" já foi visto por mais de 240 mil pessoas no País com distribuição gratuita de ingressos; prática não é comum e gera controvérsia

O Som da Liberdade

O Som da Liberdade. Crédito: Paris Filmes

O filme Som da Liberdade, da pequena produtora americana Angel Studios, foi o filme mais assistido do Brasil no último final de semana. O longa, que foi visto por mais de 240 mil pessoas, segundo dados da Comscore, está contando com a distribuição de ingressos gratuitos.

Favorito de nomes da direita nos EUA, incluindo o ex-presidente americano Donald Trump, o filme estreou no último dia 21 no País. No site da produtora, é possível reivindicar um código para assisti-lo sem pagar, o que não é uma prática comum.

Geralmente, ingressos de filmes podem ser adquiridos de graça mediante a compra de outro produto ou em ações de marketing de marcas. No entanto, a produtora de Som da Liberdade não exige qualquer ação para que você assista ao filme; basta entrar no site e solicitar (no máximo dois ingressos por vez).

Segundo a produtora, isso é possível graças ao pagamento de outra pessoa, não especificada. “Um anjo pagou adiantado para que você possa assistir a Som da Liberdade nos cinemas gratuitamente”, informa o portal ao enviar o código para o ingresso.

A reportagem questionou a Paris Filmes, distribuidora do longa no Brasil, sobre a distribuição de ingressos para o filme, e quantos teriam sido repassados de graça, mas ainda não teve retorno. O espaço segue aberto.

QUAL A HISTÓRIA DO FILME?

Som da Liberdade foi filmado em 2018, com financiamento de investidores mexicanos, pela pequena produtora Angel Studios. A trama se baseia nos relatos de Tim Ballard, ex-agente especial de Segurança Nacional nos EUA. Em 2013, Ballard liderou o “Operation Underground Railroad”, grupo que tinha a missão de resgatar crianças de traficantes de uma rede de exploração sexual.

No entanto, o próprio Ballard foi acusado de assédio sexual. Segundo a revista Vice, ele foi acusado por sete mulheres de coagi-las a dormir na mesma cama ou a tomar banho com ele.

O ex-agente nega as acusações, mas foi afastado após investigações internas. As circunstâncias de seu afastamento não são claras.

POLÊMICA

Nos EUA, o marketing do filme já começou bastante robusto: o próprio trailer do filme termina com um incentivo a pré-encomendar ingressos para “enviar a mensagem de que os filhos de Deus não estão mais à venda”.

O longa é, atualmente, o décimo de maior bilheteria do ano no país, desbancando blockbusters como os novos filmes das franquias Transformers e Velozes e Furiosos.

No último mês, a imprensa norte-americana questionou quantos desses ingressos extras estão realmente sendo usados e se eles estão crescendo excessivamente as vendas do filme. Os diretores da produtora negam que haja inflação dos números. Nas redes sociais, espectadores chegaram a compartilhar imagens das salas de cinema com poucas cadeiras preenchidas.

A polêmica lembra a estreia de filmes religiosos no Brasil, como Nada a Perder, em que a bilheteria milionária contrastou com algumas salas vazias.

Também há controvérsias relacionadas aos nomes envolvidos com o filme: o ator Jim Caviezel, que faz o papel principal do filme, e o próprio Tim Ballard estão associados ao QAnon, grupo conspiracionista de extrema-direita.

O longa se tornou querido entre nomes da direita norte-americana, como Jordan Peterson, o comentarista político Ben Shapiro e o próprio ex-presidente Donald Trump, que teria exibido o filme em seu clube de golfe. No Brasil, a pré-estreia teve a presença de Eduardo e Flávio Bolsonaro, Damares Alves e Carla Zambelli.

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