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Publicado em 28 de fevereiro de 2025 às 17:23
Assim como todos os brasileiros, claro que minha torcida é para que 'Ainda Estou Aqui' leve a estatueta de Melhor Filme para casa – acredito que o longa mereça muito! No entanto, analisando o histórico da Academia e os padrões que costumam guiar as escolhas do Oscar, minha aposta para vencedor dessa categoria é 'Emília Pérez', apesar de 'Anora' estar perfomando melhor entre a crítica especialista nesta semana.>
Segundo pesquisas e estudos sobre as escolhas do Oscar, há alguns padrões que favorecem certos filmes na premiação. O banco de dados TVTropes.org indica que a Academia tem uma clara preferência por dramas. Filmes baseados em histórias reais, especialmente biografias que retratam indivíduos superando desafios significativos, tendem a se destacar. Também é comum que narrativas que incorporam elementos de romance ou histórias de amor tenham maior impacto na premiação.>
Com isso em mente, analisei os principais concorrentes ao Oscar de Melhor Filme:>
Se olharmos apenas a parte técnica, 'Emília Pérez' é um filme inovador, com uma estética fora do comum, um roteiro que não é previsível e que prende a atenção do público do início ao fim. A trilha sonora é impecável e as atuações são excelentes. Um destaque especial para Selena Gomez, que mesmo não sendo protagonista, brilhou com uma interpretação emocionante e muito convincente.>
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Porém, cinema não é só técnica. Não dá pra ignorar o peso social e político de um filme. 'Emília Pérez' é um filme produzido por um homem branco, cis, europeu, que aborda a história de uma mulher trans com narrativa ambientada no México, sem atores mexicanos em papéis principais. É inegável que ele traz estereótipos preconceituosos em relação ao país latino, além de resumir questões de gênero ao binarismo de “homem e mulher”, o que foi apontado por muitos como transfobia. >
Um filme com um bom roteiro, que surpreende em cada cena. Consegue misturar comédia, romance e drama de maneira bem equilibrada. Os atores atuam bem, mas nada de fenomenal, até porque não são papéis que exigem tanto dos personagens. É uma história interessante que, para mim, trouxe grandes críticas de fundo: ao capitalismo, aos bilionários, ao machismo e à liquidez das relações humanas.>
Porém, particularmente, a sequência de cenas em que - ALERTA SPOILER - os “capangas” prendem Anora e vão em busca de Ivan é repleta de ruídos desnecessários e se arrasta por tempo demais. Era possível alcançar o objetivo do humor de uma forma menos barulhenta e cansativa. De maneira geral, é um bom filme e vale muito a pena ser assistido, mas não merece ganhar o Oscar de Melhor Filme, tendo em vista que há concorrentes muito mais aptos para o prêmio.>
O longa equilibra de forma magistral a intimidade de um drama familiar com o contexto político, sem precisar levantar bandeiras e sem deixar espaço para que as pessoas fiquem de um lado que não seja o lado da família. Walter Salles utiliza o silêncio como uma poderosa ferramenta narrativa, permitindo que os sentimentos mais profundos dos personagens se revelem nas pausas e nos momentos de vazio. Esse recurso cria uma atmosfera de emoção, onde cada cena é impregnada de significado. A cinematografia é outro triunfo, capturando a essência do Rio de Janeiro dos anos 70, transportando o espectador para aquela época de maneira visceral. >
No coração da narrativa está a atuação impressionante de Fernanda Torres. Ela entrega uma performance arrebatadora, encarnando a dor e a resiliência de uma mulher que enfrenta a perda e a incerteza com uma força indomável. Torres consegue comunicar uma complexidade emocional através de gestos sutis e olhares penetrantes, fazendo com que seu personagem seja o centro emocional do filme. Você pode assistir a crítica completa clicando aqui. >
O filme tem um elenco de peso e é inovador quando falamos de cinema de horror. O design de som é um ponto forte, com ruídos perturbadores que criam um clima angustiante e de desconforto. A direção de arte, assinada por Stanislas Reydellet, e a maquiagem criativa também merecem elogios, pois criam visuais que são ao mesmo tempo fascinantes e repulsivos. >
Porém, o roteiro é bastante previsível: a partir do momento em que Elisabeth Sparkle toma a substância, o telespectador já consegue presumir o que está por vir. A atuação de Demi Moore é boa, mas acredito que qualquer boa atriz dedicada conseguiria interpretar esse papel. Você pode conferir a crítica completa clicando aqui.>
É um filme lindo e emocionante, com uma fotografia muito bem feita. O roteiro tem início, meio e fim bem amarrados, e a narrativa é extremamente necessária no contexto atual. A trilha sonora contribui para manter o clima de suspense no ar, tornando o enredo ainda mais envolvente. A crítica social talvez seja o ponto mais marcante do filme, que traz à tona as ambições humanas, os conflitos dentro da Igreja Católica, a disputa por poder, e um plot twist surpreendente no final que fecha o filme com chave de ouro. É um bom candidato a melhor filme, mas alguns de seus concorrentes merecem mais.>
A aposta vai para 'Emília Pérez' porque ele tem as características que a Academia costuma premiar. É um filme inovador, com forte apelo técnico e atuações marcantes. Embora 'Ainda Estou Aqui' seja minha torcida e um dos melhores filmes do ano, acredito que ele vá ficar com a premiação de Melhor Filme Internacional. Resta agora esperar para ver se a Academia seguirá suas tendências ou se seremos surpreendidos na noite da premiação - e, particularmente, torço para que nos surpreenda.>
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