"Ó Pai, Ó 2": Lázaro Ramos encanta com comédia que denuncia mazelas sociais

Produção dirigida por Viviane Ferreira estreia nos cinemas do Estado nesta quinta (23). Diretora e Lázaro Ramos conversaram com HZ sobre a produção

De talento inquestionável, que rima perfeitamente com versatilidade (vide o hilário Mário Fofoca, da novela "Elas Por Elas", da Rede Globo), Lázaro Ramos retorna às telas com um de seus projetos mais afetuosos e pessoais, se assim podemos definir.

"Ó Paí, Ó 2" estreia nas telas do Estado nesta quinta (23) rememorando o personagem Roque (Ramos), que chegou aos cinemas em 2008 - com o primeiro filme - e ganhou uma versão em formato de minissérie na Rede Globo.

Cena do filme

Cena do filme "Ó Paí, Ó 2" em cartaz nos cinemas do ES. Crédito: Globo Filmes

O longa-metragem retorna ao tradicional Centro Histórico do Pelourinho, em Salvador/BA, e segue a cartilha de um humor leve, "solar" e descontraído, mas cheio de representatividade e denúncia social, proposto pelo grupo Bando de Teatro Olodum, autor da peça na qual a história se baseia.

Aqui, Roque se prepara para lançar sua primeira música e está confiante que, finalmente, alcançará a fama. Enquanto isso, o cortiço de Dona Joana (Luciana Souza, em grande atuação) continua agitado em meio a fofocas e confusões entre novos moradores e vizinhos. Neuzão (Tania Toko, outro destaque da fita), perde seu bar, causando uma comoção geral. Mas a animação da turma segue firme e forte, especialmente por conta das preparações para a Festa de Iemanjá, uma das mais populares do calendário baiano, que concentra uma multidão em Salvador.

Em meio a esquetes de humor, situações tragicômicas (às vezes fora do tom) e alguns exageros do roteiro, "Ò Paí, Ó 2" tem seus méritos, especialmente por destacar temas socialmente oportunos, como o racismo, a gentrificação que assola os grandes centros urbanos do Brasil e especialmente a violência por que passa parte da população vulnerável que vive em regiões de risco social. Tudo sem perder o alto astral e a alegria tipicamente soteropolitana.

"O (novo) filme nos traz o poder de pensar sobre temas que o primeiro longa trouxe, há 15 anos, e que continuam pertinentes ao Brasil, seja na questão da moradia, do racismo e da produção musical feita na Bahia", defendeu Lázaro Ramos, em entrevista concedida a HZ por videoconferência.

Presente no bate-papo, a diretora Viviane Ferreira, que também ataca de roteirista, destaca temas oportunos evocados por "Ó Paí, Ó 2", especialmente o fato da estreia marcada para o mês dedicado à consciência negra. 

"Mais que celebrativo, o projeto chama a atenção para assuntos coletivos, como o "quilombismo", que Maria Beatriz do Nascimento (historiadora que identificou a relação entre a formação da nação brasileira e a ideologia do racismo) trouxe há alguns anos. O filme faz conexões sobre esses ideais, possibilitando experimentar algumas ferramentas, como a da generosidade, da cooperação e do coletivismo, algo fundamental para tempos atuais, especialmente após o período da pandemia", ressaltou a diretora.  

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