Dia do Cinema Brasileiro: 14 filmes que conectam a literatura às telas

Celebrado no próximo dia 19 de junho, o Dia do Cinema Brasileiro marca o registro das primeiras imagens em movimento captadas no país, em 1898, pelo ítalo-brasileiro Afonso Segreto. A bordo do navio Brésil, ele retornava da França com uma novidade que revolucionaria a cultura: o cinematógrafo. Da Baía de Guanabara para as salas de cinema, o Brasil passou a registrar sua história e identidade por meio da sétima arte.

De lá para cá, o cinema nacional consolidou-se como um dos mais expressivos retratos da sociedade brasileira — com destaque especial para as adaptações literárias que ganharam vida nas telonas. Transformar palavras em imagens é mais do que um exercício de criação: é uma forma de ampliar o alcance das obras, aproximar leitores de diferentes gerações e enriquecer o repertório cultural.

O cinema, como extensão da literatura, é também um recurso pedagógico valioso. Ao associar narrativas consagradas a recursos visuais e sonoros, os filmes facilitam a compreensão de contextos históricos e sociais, despertam a curiosidade e criam novas camadas de leitura.

Para celebrar a data e incentivar o diálogo entre literatura e cinema, educadores de diferentes escolas selecionaram 14 adaptações cinematográficas baseadas em obras da literatura brasileira. A lista é um convite ao olhar sensível, crítico e apaixonado por duas das maiores formas de expressão artística do país:

• 1. A hora da estrela (1985) – Dir. Suzana Amaral – 12 anos Baseado na obra de Clarice Lispector, o filme retrata a vida de Macabéa, nordestina pobre e invisível em meio à cidade grande. Um dos marcos do cinema sensível e existencial brasileiro.
  
  
• 2. Ainda estou aqui (2024) – Dir. Walter Salles – 14 anos Inspirado no livro de Marcelo Rubens Paiva, a trama acompanha Eunice Paiva, que enfrenta o luto e a ditadura após o desaparecimento de seu marido. Primeiro longa brasileiro a vencer o Oscar de Melhor Filme Internacional.
  
  
• 3. Capitães da Areia (2011) – Dir. Cecília Amado – 14 anos Os jovens de rua criados por Jorge Amado ganham vida nesta adaptação que humaniza a infância marginalizada nas ruas de Salvador.
  
  
• 4. Cidade de Deus (2002) – Dir. Fernando Meirelles – 16 anos A história de Buscapé, contada a partir do romance de Paulo Lins, é uma das mais impactantes crônicas sobre a violência urbana no Brasil.
  
  
• 5. Dona Flor e Seus Dois Maridos (2017) – Dir. Pedro Vasconcelos – 16 anos Remake do clássico baseado no romance de Jorge Amado, onde realidade e sobrenatural se misturam com humor e sensualidade.
  
  
• 6. Inocência (1983) – Dir. Walter Lima Jr. – 12 anos Romance de Visconde de Taunay adaptado para o cinema, com ares de novela de costumes e drama romântico no Brasil imperial.
  
  
• 7. Macunaíma (1969) – Dir. Joaquim Pedro de Andrade – 12 anos Um herói sem caráter, saído da cabeça genial de Mário de Andrade, vira símbolo do Brasil plural e contraditório.
  
  
• 8. Memórias do Cárcere (1984) – Dir. Nelson Pereira dos Santos – 14 anos Relato pungente do escritor Graciliano Ramos, que revive sua experiência como preso político na ditadura de Vargas.
  
  
• 9. Memórias Póstumas de Brás Cubas (2001) – Dir. André Klotzel – 14 anos Narrado por um defunto, o clássico de Machado de Assis ganha adaptação irônica e sofisticada que respeita o tom original da obra.
  
  
• 10. Meu Pé de Laranja Lima (2013) – Dir. Marcos Bernstein – 10 anos Baseado no romance infantojuvenil de José Mauro de Vasconcelos, conta a tocante amizade entre um menino sensível e uma árvore falante.
  
  
• 11. Morte e Vida Severina (1981) – Dir. Walter Avancini – 16 anos Poesia e música se fundem na adaptação do poema dramático de João Cabral de Melo Neto, com trilha de Chico Buarque. Vencedor do Emmy Internacional.
  
  
• 12. O Auto da Compadecida (2000) – Dir. Guel Arraes – 12 anos Baseado na peça de Ariano Suassuna, mistura comédia, religiosidade e crítica social. Um clássico do audiovisual brasileiro.
  
  
• 13. O Tempo e o Vento (2013) – Dir. Jayme Monjardim – 14 anos Adaptado da série de romances históricos de Erico Verissimo, é uma saga familiar que narra 150 anos da história gaúcha.
  
  
• 14. Vidas Secas (1963) – Dir. Nelson Pereira dos Santos – 14 anos Com texto de Graciliano Ramos, o drama da família sertaneja em meio à seca virou símbolo do cinema novo e da crítica social no Brasil.