Filha de Belchior, Vannick faz show gratuito em Colatina nesta sexta (28)

Cantora cearense se apresenta na Praça Sol Poente, a partir das 18 horas, com entrada franca. No repertório, faixas eternizadas pelo pai, como "Paralelas" e "Apenas um Rapaz Latino-Americano"

Vannick Belchior é atração do projeto Poente Poético, que acontece em Colatina

Vannick Belchior é atração do projeto Poente Poético, que acontece em Colatina. Crédito: Instagram/Leco Borges

Quem - pelo menos os amantes da MPB - nunca teve na "trilha sonora da vida" (se assim podemos definir) clássicos como "Paralelas", "A Palo Seco", "Sujeito de Sorte" e "Como Nossos Pais", eternizadas nas composições de Belchior, um dos nomes mais louvados da música brasileira.

Morto em 2017, após exílio no Rio Grande do Sul (quando se afastou de amigos, carreira e família), o artista cearense "vive", tanto no timbre de voz quanto na impressionante semelhança física, na presença da filha caçula, Vannick Belchior. Ela entrou de cabeça na carreira com, inicialmente, um objetivo: resgatar a trajetória do patriarca. Afinal, como diz uma das estrofes de "Como Nossos Pais", "Viver é melhor que sonhar"...

(Lindas) poesias à parte, Vannick é convidada para abrir o projeto Poente Poético, que acontece em Colatina, nesta sexta (28), a partir das 18h, com entrada franca, na Praça Sol Poente.

O evento mistura música, poesia e literatura, promovendo também um bate-papo entre público e artista. Segundo informações do site da prefeitura municipal, o encontro - que também ganhará um formato de podcast gravado em praça pública - será realizado as sextas-feiras, com atrações locais. Artistas regionais e nacionais devem estar presentes, pelo menos em uma edição mensal.

Voltando a Vannick, a cantora, que iniciou na carreira artística em 2021, logo após se formar em Direito, promete um show inesquecível, apresentando músicas de seu EP "Das coisas que Aprendi nos Discos" - que resgata faixas de Belchior -, além de composições autorais. Portanto, vai ter o hino "Apenas um Rapaz Latino-Americano", sim, entre tantos outros clássicos do cearense.

Lógico que a escolha de Vannick não é mero acaso. Colatina, exatamente a Praça Sol Poente, foi palco de uma das últimas apresentações de Belchior, em 2007, antes de entrar no já citado exílio. 

"Para mim é uma grande alegria estar em Colatina. Mesmo indo ao Espírito Santo pela primeira vez, tenho um sentimento gostoso de retorno, justamente porque estou dando continuidade à carreira que foi construída pelo meu pai. Ele tinha amigos e gostava muito do Espírito Santo", adiantou a cantora, em bate-papo com "HZ".

Durante a conversa, Vannick Belchior lembrou da relação com o pai, falou das semelhanças com o artista (não quis comentar as diferenças) e garantiu que nunca se sentiu cobrada a repetir o mesmo êxito artístico do patriarca. Vem com a gente!

Belchior fez um dos últimos shows da carreira em Colatina. Como é estar na cidade exatamente na mesma praça em que seu pai tocou, em 2007? Rola um sentimento de pertencimento?

Para mim, é uma grande alegria estar em Colatina. Embora seja minha primeira vez no Espírito Santo, tenho um sentimento de retorno e reencontro muito grande, justamente porque estou dando continuidade à carreira que foi construída pelo meu pai. Ele tinha muitos amigos e gostava demais do Estado. Acho que esse momento de retorno soa até natural, especialmente pela possibilidade de rever pessoas que compartilharam alguns momentos com ele. Nem cheguei e já tenho certeza que vou retornar muitas vezes...

Sua apresentação vai se basear em "Das Coisas que Aprendi nos Discos", onde você resgata alguns clássicos de Belchior? Aliás, qual a sensação de estar interpretando faixas eternizadas por ele?

A sensação (de interpretar o pai) é sempre magnânima (suspira). Me sinto muito conectada a ele, energeticamente falando. O que Belchior nos deixou, que soa como 'presença imaterial', é sua obra grandiosa. Sinto que ele realmente está comigo no palco, segurando minha mão, me mostrando caminhos e dando direcionamento de como e onde seguir. O EP será a base da apresentação, até porque o repertório foi escolhido a dedo. São as músicas com as quais me identifico como artista. Também sinto que estariam presentes se ele estivesse no palco. É muito gostoso relembrar essas composições que, com certeza, fizeram e fazem parte da trilha sonora de muitas pessoas, pois faz parte da minha. Com ele (Belchior), aprendi que a música tem essa magia, esse poder de a gente escutar e reviver momentos, histórias e companhias que compõem nossa vida.  

Em entrevista recente, você disse que, desde pequena, teve influência do pai para cantar. Muitos dizem que vocês são parecidos, tanto fisicamente quanto no timbre de voz. Com tantas semelhanças, há diferenças entre vocês?

Pensar nas semelhanças é muito mais fácil do que nas diferenças, pois me identifico com ele enquanto artista e, em alguns aspectos, como ser humano. Claro que a gente sempre vai se renovando, se transformando diante do outro que já cumpriu a sua missão aqui. Entre as semelhanças, temos o gosto musical e a entrega à música popular brasileira. Isso é o mais latente em mim. A fisionomia, mesmo concordando que somos parecidos, não é o mais forte na conexão interna com ele. A paixão pelos palcos e por servir à música, também temos em comum. Confesso, novamente, que pensar nas diferenças é muito difícil...

Em algum momento de sua breve carreira chegou a se sentir cobrada, especialmente por ser filha de um gênio da Música Popular Brasileira? Como é o desafio de tentar construir uma trajetória com identidade própria?

Logo que comecei a cantar, sabendo da grande responsabilidade que é representar Belchior na MPB, me senti acolhida. Tanto que profissionais com quem comecei a trabalhar também tinham tocado com meu pai, como Tarcísio Sardinha ou mesmo meu produtor musical, Lu de Souza. Claro, precisei de coragem para dar esse passo. Assim que me formei em Direito, em 2021, a vida se organizou e entendi que aquele caminho era meu. Quando era criança, pude frequentar shows de Belchior. Estava presente com ele nesses momentos especiais. Portanto, tudo fluiu naturalmente e tento representar meu pai com dignidade e alegria, levando essa representatividade também para o público, visto que Belchior e eles tinham de amor recíproco. Mas, ressalto: a carreira com identidade própria só o "caminhar" nos traz. O autoconhecimento artístico nos traz isso. Me levar pelas cobranças poderia atrapalhar meu processo artístico. 

Quais seus próximos trabalhos? Há a expectativa de um disco com faixas autorais?

O disco de músicas autorais vou deixar um pouco mais para frente, até porque, como já ressaltei, quero fazer do meu pai o meu compositor. Tinha momentos no camarim em que cantava para ele. Sentia que ele tinha certeza que eu desenvolveria o trabalho como cantora. Belchior conversava muito com a minha mãe sobre isso, inclusive. Faziam até referências a Maria Rita, filha de Elis Regina, que, quando eu era criança, estava em início de carreira. Hoje, ela segue uma trajetória brilhante, com identidade própria. 

POENTE POÉTICO - COM VANNICK BELCHIOR 

  • ATRAÇÃO PRINCIPAL: show de Vannick Belchior
  • QUANDO: Sexta (28), a partir das 18h, com entrada franca
  • ONDE: Praça Sol Poente, Esplanada, Colatina 

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