Publicado em 13 de novembro de 2024 às 13:01
O ano de 2024 tem sido generoso com o cantor e compositor Jota.pê. Aos 31 anos, o paulista de Osasco viu seu LP "Se Meu Peito Fosse Mundo" se tornar um dos representantes do Brasil entre os indicados do Grammy Latino, que premia seus vencedores nesta quinta-feira (14).>
Na corrida em três categorias - com destaque para melhor álbum de música popular brasileira e melhor canção em língua portuguesa, por "Ouro Marrom" -, o artista também está no páreo do álbum do ano no prêmio Multishow.>
"Se Meu Peito Fosse Mundo" é o segundo LP de Jota.pê, após "Crônicas de um Sonhador", lançado em 2015. Mas o artista diz que esse LP mais recente reflete sua música e estilo com mais clareza do que o disco de estreia.>
"No primeiro disco eu não fazia ideia de nada", diz. "É legal, mas eu era muito novo e resolvi não opinar em nada, o disco aconteceu e foi uma experiência boa, mas acho que 'Se Meu Peito Fosse Mundo' é um trabalho mais elaborado.">
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Além do trabalho solo, Jota.pê é vocalista, compositor e violonista no duo Àvuà, com Bruna Black. Essa parceria rendeu a ambos uma indicação ao Grammy Latino em 2021 pelo álbum "Onze", que reuniu grandes intérpretes como Elza Soares e Zeca Baleiro cantando músicas inéditas de Adoniran Barbosa.>
Como artista solo, Jota.pê ficou célebre no The Voice Brasil, da Globo, sendo considerado por Lulu Santos uma das melhores vozes de todas as temporadas do programa.>
De fato, quem ouve seu trabalho pela primeira vez fica impressionado pela beleza e força de sua voz, que por vezes lembra Djavan. "Isso é maior elogio que eu poderia receber", diz o cantor, que, além de Djavan, cita como grandes influências Lenine e Cássia Eller.>
"Se Meu Peito Fosse Mundo" tem produção musical de Felipe Vassão, Rodrigo Lemos e Marcus Preto, e é um disco musicalmente eclético soul music com pegada étnica que mistura baladas, toques de bossa nova, funk e até forró. Mas a faixa "Ouro Marrom" destoa do disco por abrir mão de percussão e focar apenas na voz de Jota.pê.>
"Foi ideia dos produtores deixar a música só com violão e minha voz", diz o cantor. "A gente tinha feito um arranjo lindo, com outros instrumentos, mas eles me convenceram de que a música, até pelo tema, pedia um arranjo que priorizasse a letra".>
Segundo Jota.pê, é a primeira canção em que ele aborda o tema do racismo. "Pela primeira vez eu me senti à vontade para falar sobre a minha visão de homem negro, falar de coisas que eu queria que mudassem. Falo de um lugar de esperança.">
Ele diz que passou cerca de três anos pesquisando referências para o novo disco, ouvindo novos artistas brasileiros e a música de países africanos que falam português, como Cabo Verde.>
"Nós brasileiros temos uma tendência a ouvir pouco a música africana e latina, mas eu piro em artistas cabo-verdianas como Mayra Andrade e a pioneira Cesária Évora, e também gosto do nigeriano Keziah Jones, que tem um estilo muito particular de tocar guitarra, uma coisa meio suja.">
Entre os novos artistas brasileiros que o inspiram, Jota.pê cita Luedji Luna, Liniker, Melly, Os Garotin, Theodoro Nagô, Bruna Black e Emicida. "A música brasileira vai muito bem, obrigado", diz. "É emocionante ver essa galera vendendo tantos ingressos e sendo ouvida por tanta gente.">
O contrato com a gravadora Som Livre ajudou na pesquisa para "Se Meu Peito Fosse Mundo", que resultou num processo com tempo para escolher o repertório e os arranjos. O LP foi gravado no estúdio Gargolândia, em Alambari, no interior de São Paulo, um refúgio em que os músicos ficam hospedados no local e em contato com a natureza.>
O grupo de instrumentistas que gravou o disco inclui o guitarrista Chibatinha, da banda baiana Àttooxxá, Silvanny Sivuca, que trabalha com Emicida, na percussão, Weslei Rodrigo e Fi Maróstica no baixo, Samuel Silva no piano, Kabé Pinheiro na bateria, Marcelo Mariano no baixo e Will Bone nos metais. Já Jota.pê tocou todos os violões.>
Nesta quinta-feira (14), Jota.pê estará nos Estados Unidos para a festa do Grammy Latino e volta depois para um show em São Paulo, no Teatro das Artes, em 29 de novembro.>
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