Pintura ao vivo em casamento no ES viraliza; será que a moda pega?

Artista capixaba usa tintas (acrílica e óleo) e uma nova técnica de sua própria criação para registrar na tela a cerimônia enquanto ela acontece

Pamela Reis chamou atenção nas redes sociais após pintar um casamento ao vivo pela primeira vez

Pamela Reis chamou atenção nas redes sociais após pintar um casamento ao vivo pela primeira vez. Crédito: Acervo pessoal

Depois da inserção de bandas com famosos e danças sincronizadas de noivos e padrinhos, uma nova moda iniciada por aqui pode "acontecer" nas próximas cerimônias de casamento. Trata-se da captação do momento do "sim, sim" numa tela feita por um artista plástico. 

O registro do matrimônio de Débora e Mateus que o diga. A tela produzida ao vivo pela capixaba Pamela Reis durante a cerimônia está ganhando as redes sociais nos últimos dias. O convite foi feito pela própria noiva e a artista topou o desafio de pintar pela primeira vez um casamento ao vivo, usando tinta (acrílica e óleo), tela e uma nova técnica de sua própria criação, capaz de agilizar o processo artístico.

O resultado do processo de criação pode ser conferido em um reels no Instagram que caiu nas graças dos internautas, chamando a atenção para o talento, a rapidez e a criatividade de Pamela.

"A cerimônia aconteceu sexta (21), em Vila Velha. A noiva me procurou em dezembro dizendo que era um sonho ter o casamento pintado ao vivo. Ela revelou que tinha entrado em contato com outros profissionais e nenhum - por vários motivos - tinha topado a empreitada", explica Reis, em bate-papo com "HZ".

"Comecei a pintar às 15h, no instante do beijo. O trabalho demorou em torno de seis horas para ser concluído. Terminei em meio à festa, com a presença de vários convidados ansiosos em ver como ficaria o resultado. Foi a minha primeira experiência pintando ao vivo. É uma emoção diferente e uma pressão para que tudo dê certo", declara a capixaba, dizendo que ficou quatro meses testando a nova técnica para agilizar o trabalho (até para dar tempo de entregar o serviço durante a festa).

Só lembrando: nesse tipo de trabalho, praticamente não há espaço para erros. "Pintei a primeira camada com tinta acrílica, para que a pintura secasse em pouco mais de 15 minutos. Depois, fui fazendo o contorno dos detalhes em tinta a óleo. Tudo foi 'saindo' como se fosse uma 'mágica', uma fotografia tirada pelos meus olhos", inicia Pamela.

"É uma pintura em tempo real, com sentimento e significado. Também usei técnicas que aplico em meus mais de 20 anos de experiência nas artes visuais, como observar a perspectiva, luz, sombra, textura e volume da imagem. Mas confesso que também apostei no instinto, na ideia de captar a emoção do momento", completa, em tom poético.

PAIXÃO

Pamela é formada em Artes Visuais pela Ufes e tem mestrado em Artes pela mesma instituição, concluído em 2019. Seus primeiros desenhos começaram a ser notados quando tinha apenas 14 anos. "Pintava coisas simples, vistas em revistas, como natureza, flores e paisagens. Pintei um quadro com tulipas, que logo chamou a atenção dos vizinhos. Muitos vieram me pedir aulas. Aos 15 anos, fiz um curso básico de pintura, até para saber quais as melhores tintas e telas deveria usar", rememora, dizendo seu mantra que leva desde a infância.

Todos nascem sabendo desenhar e pintar. Normalmente, na adolescência, as pessoas param e eu decidi continuar. Tudo o que praticamos diariamente só vai aprimorando. Era um sonho de criança, fiz de tudo para dar certo.

Recentemente, o trabalho de Reis também chamou a atenção na Expo Tatto Vitória, que aconteceu no início de abril na capital capixaba. "Fui convidada para fazer duas pinturas tendo fotografias como base. Fiz um cachorro e um autorretrato, esse em tela de 1,98m. Usei uma foto quando estava com oito meses de gravidez, tirada por Thiago Sarnaglia. A pintura ficou pronta em oito horas".

"Estou embarcando agora na arte comercial. Antes, quando fazia apenas trabalhos conceituais, viajei com várias exposições pelo país, chegando a ganhar alguns prêmios em mostras. São pinturas abstratas, que exploram luz e sombras em meio a dobras de tecidos. Tem muito da sensualidade natural do ser humano", adianta, dizendo que pretende expandir suas obras pintadas ao vivo.

"Tenho alguns sonhos, sabe (risos). Um deles é pintar um show ao vivo, em um palco, enquanto a banda toca para uma multidão. Há outro desejo, esse bem mais plausível, que pretendo colocar em prática brevemente: pintar uma árvore de ipê - com troncos e galhos - durante uma cerimônia de casamento. Quero usar tinta nas mãos dos convidados e dos noivos, aplicando na tela como se fossem folhas", aponta.

Pamela dá aulas diariamente em seu ateliê, em Jardim Camburi (Vitória), tanto para iniciantes como para iniciados. Os interessados - tanto em ter aulas quanto em encomendar trabalhos - podem entrar em contato pelas redes sociais ou pelo WhatsApp (27) 99850-6932.

Reis adianta, porém, que a técnica de pintar ao vivo não é simples e só os artistas mais experientes devem se aventurar. 

"Não se trata somente de aprender a técnica. Tem toda a questão da agilidade, de saber captar a ação, de concentração ou mesmo de aguentar a pressão do momento, como pessoas ao redor observando, ansiosas pelo resultado", destaca.

Lógico que uma pergunta logo vem à cabeça: quanto custa ter um casamento, um batismo, um parto ou mesmo uma cena de amor (por que não?) pintada ao vivo? 

"O valor depende muito da ocasião e do número de pessoas envolvidas no momento.  Normalmente, um trabalho assim sai a partir de R$ 3 mil", cita, complementando que a prática de fazer pinturas de cerimônias ainda é pouco difundida no país, mas muito comum no exterior. Será que agora ela pega por aqui?

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