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Publicado em 22 de novembro de 2023 às 12:19
Há quem diga que a paixão pela música é algo inexplicável. Não só os ouvintes mais assíduos afirmam isso, mas principalmente quem trabalha dentro da indústria fonográfica. >
Nesta quarta (22) é celebrado o Dia do Músico, data que homenageia profissionais da área. HZ foi atrás de artistas capixabas para entender como é o dia a dia de quem dedica sua vida fazendo o que ama.
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Antes, vamos a uma curiosidade: o Dia do Músico também é comemorado na mesma data reservada a Santa Cecília, considerada a padroeira dos músicos. Apesar disso, essa profissão não vive só de bênçãos. Entre desafios e acertos, ser músico no Espírito Santo ainda é uma realidade dura, mesmo que seja prazerosa. >
Celebrando mais de dez anos de estrada, André Prando sabe bem como é viver do ofício. "Posso dizer que me emociono com o carinho que recebo ao saber o quanto minha música atravessa histórias de cada um. Claro que isso são anos de construção, quando a gente é apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes e vindo de Vitória. É difícil criar estabilidade financeira, construir um público e cruzar as fronteiras… não tem fórmula", detalha.>
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Prando reforça que o sonho é alto, mas que sem investimento fica difícil. "A gente se vira como dá! O único segredo é o movimento, o fazer”, diz.>
Ainda que não haja apoio, a música nunca deixou (ou deixará) de existir. Pelo contrário, a cena musical do ES já teve seus grandes momentos no passado, com bandas locais que eram consideradas uma verdadeira febre, entre elas, o Manimal. >
Eventos lotados, público alvoroçado e todos curtindo a mesma energia. Esse era o clima dos shows da banda, ativa entre as décadas de 1990 até o início dos anos 2000. O músico Fábio Carvalho, ex-integrante do grupo precursor do “rockcongo”, que junta os gêneros rock e congo, relembrou detalhes dessa época áurea.>
Os mais experientes vão lembrar de bandas para além do Manimal. Muita gente já dançou ao som de JavaRoots, Lordose Pra Leão, Pé do Lixo, Mukeka di Rato, Macucos e Casaca. Como não esquecer o festival “Dia D”, em que oito mil pessoas se reuniram na Praça do Papa, em Vitória, para celebrar a música no final da década 1990.>
Para Amaro Lima, que recentemente lançou o álbum “Noite Manimal”, onde resgata clássicos de sua antiga banda, o maior legado daquela época foi acreditar em suas próprias raízes. >
“Acredito que o momento marcante foi acreditar em uma história que mistura a cultura popular do Espírito Santo com nossa música. É incrível ver como isso abriu tanta porta para gente”, ressalta. >
A cultura capixaba também refletiu outros gêneros musicais. Não só em shows, mas também em batalhas de rima. O rap teve seu crescimento nos últimos dez anos no Espírito Santo. Sua história ganhou um novo capítulo com uma geração que chegou com tudo. >
Nomes como Dudu MC, Cesar MC, Budah, VK Mac e Noventa levam sua arte para além das plataformas digitais. São verdadeiras inspirações para os jovens da atualidade. "O rap cresce muito e sempre vai crescer porque é uma cultura popular. Nós somos uma cultura que não passa o bastão, mas que acolhe novas pessoas e caminha junto", disse Noventa. >
O rap pode ser até ser um espaço com diversas figuras masculinas, mas também há muitas mulheres ganhando forças, como Budah e Beth MC. Não podemos negar que ser mulher na indústria da música, em geral, exige um esforço a mais. No axé, por exemplo, Flavinha Mendonça relatou para HZ sobre como a luta das mulheres tem avançado no Estado. >
"Hoje vejo grandes nomes femininos fazendo trabalhos maravilhosos, com extrema qualidade e reconhecimento. Aprecio muito a liberdade que hoje temos no palco, de poder mostrar mais quem nós somos, envolver a parte cênica que eu, particularmente, adoro. É uma luta da qual faço parte e sempre tomo cuidado nos meus shows", conta Flavinha.>
Já a artista Dona Fran, diz que apesar dos desafios da música, a cena capixaba para as mulheres está cada vez mais forte. "Ser músico no ES é celebrar a cultura, fazer parte de uma rede que presta o papel de movimentar esse cenário. Os desafios são cotidianos e acredito que tem sido escassa a oferta de casas que comportam bandas, mas a representatividade do universo feminino é forte, tendo mulheres maravilhosas ofertando vários estilos e singularidades", conta.>
Entre tantos artistas que participaram desta reportagem, todos possuem uma coisa em comum: o sonho. Ser músico é mais do compor, é encarar as adversidades para criar e persistir na sua própria verdade. Afinal, sem acreditarmos em nós mesmos, certamente não chegaremos em lugares tão almejados. >
“Dá para dizer que é fácil ser músico? Não dá, mas é extremamente prazeroso. Acho que é uma profissão que lida diretamente com a realização de sonhos e que mexe com todas as nossas emoções. Quando estou no palco, esqueço do resto do mundo", finaliza Flavinha. >
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