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Publicado em 25 de setembro de 2025 às 12:30
Guardadas em cadernos antigos, ditas de memória e passadas “de boca em boca”, receitas pomeranas ganharam câmera, legenda e destino de arquivo afetivo no projeto “Memórias à Mesa”, do publicitário Flaviano Schneider, morador de Domingos Martins. >
Segundo Flaviano, esse projeto transformou lembranças de infância em um registro audiovisual feito pelas próprias famílias. Tudo isso sem apresentador e narração, apenas as vozes de quem sabe fazer.>
O ponto de partida veio da professora Lilia Jonat Stein, figura ativa em Melgaço, em Domingos Martins, e autora de uma série de livros infantis em pomerano.>
"Como militante na preservação das causas pomeranas há mais de 20 anos, trabalhando diretamente na preservação da língua pomerana com formação de professores e produção de materiais educativos em vários municípios do ES e MG. Senti a falta de um material áudio visual que retratasse com autenticidade saberes e fazeres do povo pomerano com originalidade", conta Lilia. >
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Descendente de pomeranos, ele teve ajuda da mãe, que fala a língua, para traduzir o material “na hora”. Além dela, o capixaba contou com a articulação da organização da Festa Pomerana de Melgaço, e do noivo, Tarcísio Merlot (baiano, parceiro de filmagem e edição).>
Juntos, eles visitaram seis pessoas que abriram suas cozinhas e compartilharam modos de fazer que atravessam gerações. “Sempre vi essas receitas desde criança. Não pensei duas vezes: era hora de perpetuar”, diz. >
O projeto levou três meses entre captação e pós, com a etapa de tradução como maior desafio: o pomerano é uma língua de forte oralidade, com pouca padronização escrita. E aqui, quem conta são os pomeranos.>
Memórias à Mesa preserva técnica, vocabulário e modo de vida. Para Lilia, o projeto não é só para preservar a cultura pomerana no Espírito Santo, mas também para fortalecer laços comunitários, identidade e memória afetiva. >
"Ao registrar receitas e modos de preparo, o projeto eterniza saberes que muitas vezes são transmitidos apenas verbalmente, de geração em geração e por isso correm o risco de se perderem com o passar dos tempos. Considero o produto final do projeto um ótimo recurso didático para as aulas de Língua Pomerana", afirma.>
As receitas são ensinadas em pomerano, com tradução para seis línguas, sendo um gesto que leva a cultura de Domingos Martins “do fogão à lenha para o mundo” sem intermediários. “É o projeto mais importante da minha vida”, resume Flaviano.>
Além delas, aparecem variações locais — como o brote de banana — que revelam a criatividade de cada família. >
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