Luke Morley, baterista da banda britânica Thunder, fala sobre novo álbum, "Dopamine"

Com 16 faixas, primeiro disco duplo de carreira dos ingleses faz uma reflexão sobre a pandemia do novo coronavírus, seus efeitos em nossas rotinas, e as consequências das redes sociais na sociedade

A banda britânica Thunder está promovendo o lançamento do álbum

A banda britânica Thunder está promovendo o lançamento do álbum "Dopamine". Crédito: Marty Moffatt

Com o hit do disco "All the Right Noises" em 2021, a banda de hard rock britânica Thunder, por conta da Covid-19, não conseguiu sair em turnê para badalar o novo projeto. Em lockdown, os roqueiros continuaram na labuta, ou melhor, compondo, e lançaram recentemente "Dopamine", primeiro disco duplo de uma carreira de mais de 50 anos, disponível nas plataformas digitais.

Com 16 faixas, o trabalho aborda os mais diversos assuntos, desde a pandemia do novo coronavírus - e seu efeito em nossas rotinas - até as consequências do (mau) uso das redes sociais na sociedade moderna.

Guitarrista, compositor e cofundador da banda, Luke Morley falou a respeito do lançamento, um trabalho ácido, que avalia, na medida certa, nossa dependência do mundo virtual.

"Não planejamos fazer um álbum duplo, mas à medida que o processo de composição e gravação prosseguia, vagamos por algumas áreas interessantes e então se tornou um caso de 'podemos dar ao luxo de jogar (essa ideia) fora?'. No final, reduzimos de 20 músicas para 16, mas não foi uma escolha fácil", detalhou, em entrevista.

A primeira das 16 faixas, "The Western Sky", um rock "social" da melhor qualidade, ganhou clipe com animação conceitual e mais de 400 mil visualizações no YouTube. Sinta a vibe!   

De acordo com o músico, "Dopamine" foi inspirado na busca por aprovação através das mídias sociais, intensificada durante os bloqueios pandêmicos. "Li um artigo fascinante de um psicólogo americano que disse que as redes sociais nos forçam a nos tornarmos viciados em dopamina. Somos validados e apreciados. Assim, ficamos obcecados por elas. Tiramos cada vez mais selfies na esperança de mais e mais validação", aponta.

Abaixo, veja trechos da entrevista com o artista britânico. Vem com a gente!

Qual a diferença entre esse novo álbum e o último? E o que faz esse novo álbum ser especial?

Acho que 'Dopamine' traz um novo momento para nós porque depois do que vivemos na pandemia, com a quarentena e o mercado de shows e música praticamente paralisados por 2 anos, trabalhamos bastante para apresentar novas músicas para nosso público, e todo o empenho que tivemos, nós colocamos nesse álbum. Isso faz esse disco ser muito especial, principalmente do lado artístico. Não podermos fazer as coisas que gostamos por conta da quarentena e isso nos fez aumentar ainda mais a dedicação para o novo trabalho, que terminamos em outubro do ano passado. E isso nos deu a oportunidade de lançar dois álbuns quase juntos, esse e "All The Right Noises", em 2021.

Como foi a produção e o processo de gravação desse projeto?

Foi muito simples. Nós todos nos damos muito bem, somos bons amigos e temos um procedimento muito fácil ao chegar no estúdio. Mas o processo de gravação depende. Às vezes ouvimos músicas no estúdio, ou em casa, e, às vezes, levamos pro estúdio, discutimos sobre influências, inspirações e ideias. Dependendo do caso, pode demorar um pouco. Mas, geralmente, o processo acaba sendo rápido. Claro, depende muito do momento, do dia, como cada um está naquela semana, e por aí vai.

O que vem primeiro no processo de produção? Letra, melodia, vocal?

Isso também varia bastante de música pra música. Às vezes você toca a guitarra, que acaba funcionando ou servindo para uma frase da letra, ou toca o piano e acaba combinando com um arranjo. Às vezes se tem a ideia para uma boa melodia, mas ela nem sempre funciona. E aí mudamos tudo e tocamos outra vez. Mas aceitamos e entendemos quando surge uma boa ideia e acabamos explorando-a bastante.

"Dancing in the Sunshine", uma das faixas mais forte do álbum, é um grito de guerra contra o atual momento sombrio da história humana. Em que nível a pandemia afetou suas vidas pessoalmente e, claro, a própria banda?

Quem não foi afetado pela pandemia, certo? Nós aqui temos muita sorte porque somos bons amigos há muitos anos, não discutimos, não brigamos, nos damos muito bem no dia a dia. Acho que a grande questão é confiar em seus instintos e nas pessoas em sua volta, e tentar ser leve, não só em um momento como esse, mas na vida como um todo. E aí as coisas fluem e só vem boas energias. E coisas boas aconteceram conosco apesar de todo esse momento complicado. E apesar de termos shows cancelados no meio da pandemia, conseguimos lançar dois álbuns.

Como estão os preparativos para ir para a estrada em turnê depois de tanto tempo, por conta da Covid-19?

Estamos bastante empolgados para seguir com os nossos shows por agora e esperamos que o pior não volte a acontecer em todo o mundo. Ficar no estúdio foi bom nesse período para investir o tempo para apresentar esses novos trabalhos, que agora queremos apresentar para o mundo ao vivo, para nossos fãs, seguidores e para ouvintes de rock, metal e pessoas que amam música.

Como é estar juntos em uma banda por mais de meio século?

Nos conhecemos desde criança e estamos muito orgulhosos de ver onde o projeto chegou depois de todos esses anos. Nunca podia imaginar que aconteceria dessa forma. Acho que uma banda funciona como em qualquer relacionamento longo, tentamos entender um ao outro, tentar ajudar para fazer as coisas darem certo e dar sempre o seu melhor. Você conhece os pontos fortes, as fraquezas e talvez as coisas que te aborrecem da outra pessoa, mas você deixa isso de lado, releva e, com o tempo, aprende como fazer as coisas juntos. Acho que somos pessoas de muita sorte porque podemos tirar vantagens de muitas coisas positivas como essas, ao contrário de pessoas, bandas e artistas que encontram dificuldades de relacionamento por aí e nem sempre conseguem chegar tanto tempo trabalhando juntos.

Vocês conseguem se imaginar tendo uma aposentadoria convencional ou gostariam de ficar na estrada o maior tempo possível?

Queremos trabalhar sempre e fazer o que gostamos. Acho que, provavelmente, para sempre mesmo. E junto sempre construindo a nossa audiência, agradando nossos fãs, conquistando novos fãs e viajar mesmo de cima para baixo, na estrada e lançando novas músicas no futuro.

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