Ivan Lins e Toquinho levam seus sucessos ao Pedra Azul Summit

Músicos vão embalar o encontro de lideranças promovido pela Rede Gazeta, que acontece nesta sexta-feira (18) e sábado (19), em Domingos Martins

Ivan Lins conversou com

Ivan Lins conversou com "HZ" sobre música, política e saudade de Gal Costa. Crédito: Rodrigo Simas

Os números se confundem com o talento para compor e o carisma, com forte presença cênica, para encantar gerações com sua voz doce e inconfundível. As mais de 600 composições (entre próprias e participações), 10 indicações ao Grammy Latino (vencendo em quatro ocasiões) e seis mil apresentações, em mais de 50 anos de carreira, fazem de Ivan Lins um dos nomes essenciais da MPB

O multi-instrumentista de 77 anos se junta ao amigo de longa data, e não menos talentoso, Toquinho, para uma performance exclusiva no evento corporativo Pedra Azul Summit, que acontece nesta sexta (18) e sábado (19), em Pedra Azul (Domingos Martins). 

Organizado pela Rede Gazeta, o encontro receberá especialistas, políticos, empresários e convidados para debater assuntos como os impactos (sociais e econômicos) causados pela pandemia da Covid-19 e as perspectivas para o Brasil - e para o Espírito Santo - em 2023. O evento é fechado para convidados e mais informações podem ser conseguidas em sua página oficial na internet.

Voltando a falar de cultura, em rápida conversa com "HZ", entre ensaios e shows, Ivan Lins falou da parceria com Toquinho, e também deu alguns spoilers sobre o que vai apresentar em Pedra Azul, uma espécie de compilado do espetáculo que já vem circulando o país há alguns anos. Só para refrescar sua memória: eles são amigos desde 1971, quando se conheceram durante o programa "Som Livre Exportação", da Rede Globo.

Ivan Lins se apresenta ao lado de Toquinho no

Ivan Lins se apresenta ao lado de Toquinho no Pedra Azul Summit, evento promovido pela Rede Gazeta. Crédito: Divulgação

"Essa parceira (com Toquinho) surgiu por acaso. Foi em Maceió, durante um festival", adiantou Lins, forçando a memória para relembrar o encontro que gerou o espetáculo "Ivan Lins & Toquinho".

"Ele tocou em um dia e eu me apresentaria no mesmo evento, no dia seguinte. Sabendo que estava na plateia, Toquinho me convidou para apresentar uma música, 'O Amor em Paz', composta por Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Ficou bonito (risos), ele no violão e eu cantando, sem tocar nada. Depois de um tempo, em Fortaleza, me convidou novamente para um dueto, mas, desta vez, colocando músicas minhas. Foi o maior sucesso e a gente já mantém essa parceria há uns 10 anos", rememora.

"Às vezes, durante os shows, contamos com a participação do MPB4 e outros artistas. Toquinho tem seu repertório e o meu é muito vasto. Não saberia dizer o que vou apresentar em Pedra Azul, mas, com certeza, deve ter 'Madalena' e 'Vitoriosa', duas canções que marcaram minha carreira".

ESPERANÇA

Ivan Lins vai se apresentar em um evento de empreendedorismo, que pretende (como já adiantamos) debater os novos rumos da economia no país. Por falar em perspectivas, questionamos o que o artista espera do governo Lula, que se inicia em janeiro de 2023, especialmente no que tange a temas como cultura, economia e educação.

"(Tenho) Muita esperança. Se não der certo essa esperança, que a gente tem que ter, a gente muda de esperança", responde, em tom de filosofia.

"Agora, com certeza, viveremos em uma democracia, pelo menos enquanto durar o novo governo federal. (O novo governo) Será mais favorável a nossa participação e opiniões, gostando ou não. Assim é a democracia, afinal, poderemos expor nossas opiniões sem sermos colocados à margem, como no governo que está acabando. Quem não pensava como o presidente (em alusão a Jair Bolsonaro (PL), sem citar diretamente o nome do atual mandatário do país), foi colocado à margem e considerado inimigo, nem adversário, mas sim inimigo", desabafa, sem esconder seu já conhecido (e bem-vindo) lado crítico.

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Ivan Lins: "O artista nem precisa se posicionar politicamente, pois ele vai ser posicionado". Crédito: Rodrigo Simas

"Temos fé que as coisas andem melhores com Lula. Na Cultura, com certeza, pois muitas pessoas envolvidas na área já se prontificaram a ajudar. No governo Lula anterior, a cultura recebeu muito apoio do Estado. Acredito em melhorias também na educação, assim como na economia. Esperamos que a economia seja fortalecida, podendo gerar mais empregos, e que se obtenha fundos para investimentos em cultura, saúde e educação. Tenho a esperança de que as pessoas que convivem com a fome e a miséria sejam contempladas com políticas sociais", apelou o artista, conhecido por sua luta contra a ditadura militar e por compor faixas de forte cunho social e político, como "Começar de Novo", "Novo Tempo" e "Desesperar Jamais".

POSICIONAMENTO

Continuando pela pauta política, perguntamos a Ivan Lins se, com o país dividido politicamente, o artista precisa (ou deve) se posicionar. Recentemente, tivemos o exemplo de Regina Duarte e Cássia Kiss, que causaram controvérsias por conta de seu posicionamento favorável ao governo Jair Bolsonaro, derrotado nas eleições de outubro.

"O artista nem precisa se posicionar politicamente, pois ele vai ser posicionado", reflete Lins. "Ele vai ser colocado à margem, seja a favor ou contra determinado segmento. No meu caso, a música já é um ato político. Os artistas que produzem música e que retratam a realidade brasileira, pela própria obra, já se posicionam. Eu, por exemplo, preferi me posicionar 'humanamente', fazendo uma cobrança humanista do estado. O atual Estado (novamente se referindo ao governo federal, sem citar nomes) foi muito desumano", lamenta.

Mudando o rumo da prosa, recentemente perdemos Gal Costa, a eterna diva da MPB. Entre tantos sucessos, Gal gravou "Roda Baiana", de autoria de Ivan Lins, sucesso no álbum "Fantasia", lançado em 1981. Lins comentou sobre a precoce partida da artista. 

"A perda (de Gal Gosta) foi inesperada e muito difícil para a classe artística, especialmente quem teve oportunidade de conhecê-la. 'Roda Baiana' foi gravada em um disco ('Fantasia') que fez muito sucesso, tanto radiofônico como televisivo. A única certeza que temos é que sua obra magnífica vai ficar", acredita, também relembrando de outras mortes recentes no meio da música.

"Tivemos outras perdas, como Rolando Boldrin, que defendeu o folclore e a cultura regional brasileira como ninguém. O ano está sendo estranho, pois ainda tivemos a partida de Paulinho Jobim (filho de Antônio Carlos Jobim). É, esse está sendo realmente um ano muito estranho! É bom o 'Homem lá de cima' parar de levar gente boa. A gente também precisa de gente boa aqui embaixo", complementa. Que assim seja!

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