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Publicado em 12 de agosto de 2024 às 08:57
Como parte da programação de comemoração de 18 anos, a galeria Matias Brotas, em Vitória, abre ao público na próxima quinta-feira (15), sua nova exposição individual “Paisagens próximas vistas de longe” com o capixaba Raphael Bianco e curadoria de Agnaldo Farias. As pinturas são, em sua maioria, inéditas, imaginativas. >
“Eu sou do fazer. Quando começo a pintar, vou observando o que o trabalho mostra. Ao longo do tempo vi que a minha pintura é muito imaginativa. Ainda que remeta a memórias, não coloco referências fotográficas. Eu revisito a memória o tempo todo”, conta Rapahel. >
As obras refletem a relação do artista com caprichos de sua memória, paisagens de seu passado e cenas por vezes banais do cotidiano que, através de sua pintura, resultam em imagens poéticas e misteriosas. Nesta exposição, Bianco transforma o ato de pintar em uma aventura cheia de desafios formais, convidando o público a "mergulhar" em pinturas que provocam o olhar, sobrepondo e embaralhando paisagens e objetos do cotidiano.>
“Muitas dessas imagens são sobreposições. Uso o exemplo de quando você está vendo um filme em casa e tem um abajur aceso, essa luz traz uma percepção e estímulos diferentes. Eu percebo que o processo da memória é parecido, com pedaços que se sobrepõem. O conceito vem bastante em função dessa abordagem”, diz.>
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A incidência da luz é um dos elementos centrais da maioria das suas obras, seja gerando formas geométricas inesperadas ou distorcendo e interferindo nas paisagens e objetos a ela sujeitos. “Me inspirei muito na incidência da luz quando batia nas persianas do meu ateliê. Faço a tela com base nessa interferência”, pontua.>
Essa luz, que interrompe e entra sem ser convidada, modifica a cena, transformando a experiência da observação. Seja a luz do Sol filtrada pelas persianas do ateliê ou um modesto ventilador de mesa aliviando o calor intenso do último verão, o olhar atento de Bianco incorpora com voracidade tais elementos às obras, promovendo um diálogo íntimo entre lembranças pessoais fragmentadas e as surpresas do acaso. >
Nesta nova individual, como já havia feito na exposição Entrelinhas, de 2011, o artista retorna a inserir em muitas de suas telas lâminas espelhadas verticais que se projetam de suas superfícies planas, desafiando a percepção, interrompendo, ampliando ou embaralhando, desta vez, ao invés de apenas horizontes, imagens variadas, por vezes sobrepostas. >
“Essa exposição reúne um pouco de toda minha trajetória. Minha primeira exposição na Matias foi em 2007, que fazia abordagem com formas geométricas com o rebatimento da luz. Em 2011, fiz uma série com lâminas espelhadas que projetavam as telas, que projetavam horizontes. E essa agora eu percebo uma convergência de todos os elementos que trabalhei ao longo do tempo. Sei que por isso, surgem novas possibilidades”, destaca. >
O curador e crítico de arte Agnaldo Farias é professor doutor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e Curador Geral da 3ª Bienal de Coimbra. Foi Curador Geral do Museu Oscar Niemeyer, de Curitiba, Curador Geral do Instituto Tomie Ohtake e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.>
Raphael Bianco, após alguns anos seguindo carreira profissional no Direito, passando por São Paulo, Buenos Aires e Nova Iorque, decidiu dedicar-se exclusivamente a sua pesquisa artística. Autodidata, desenha e pinta desde a infância, explorando em suas obras temas que investigam o lugar do homem no mundo, com seus anseios, medos e desejos. Imagens desfocadas, paisagens fugidias que desafiam o olhar e a memória constituem o ponto central de seu interesse pictórico.>
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