Repórter / fkhoury@redegazeta.com.br
Publicado em 22 de abril de 2025 às 09:32
Com uma carreira que já ultrapassa três décadas e meia, o cantor lírico capixaba Licio Bruno subiu novamente ao palco em um dos mais exigentes papéis da ópera clássica. Aos 60 anos, o barítono - que também transita pelo repertório de baixo-barítono - interpretou o vilão da ópera Fidelio, de Ludwig van Beethoven.
O capixaba fez sua estreia na última sexta-feira (18), no tradicional Theatro São Pedro, na Barra Funda, em São Paulo. A ópera, considerada a única composta por Beethoven, se passa em uma prisão e traz uma trama de luta pela liberdade e contra a opressão. Licio interpreta Don Pizarro, o comandante corrupto da prisão, que trama o assassinato de um prisioneiro político.
Mas seus planos são frustrados pela coragem de Leonore - esposa do prisioneiro - que se disfarça de homem para salvá-lo. “É um personagem dramático, cheio de nuances, e que exige muito tecnicamente e artisticamente. É a segunda vez que faço esse papel”, conta o cantor.
Com timbre poderoso e presença marcante, Licio transita por um repertório vasto. “Comecei com óperas mais leves, e hoje já percorri toda a gama de repertório vocal possível. No período clássico, o barítono é muitas vezes o herói; no romântico, vira o vilão. Esses são os meus papéis”, explica.
Segundo ele, a dedicação é comparável à de um atleta. “A carreira do cantor lírico exige muitos sacrifícios. Não pode fumar, beber em excesso, precisa estudar e treinar todos os dias. É como ser um atleta olímpico da voz”, define.
Na ópera, além da técnica vocal, há também a encenação. “Não é só cantar. Existe atuação, há cena. E a característica principal da ópera é exatamente essa: a voz cantada em sua expressão mais completa”.
Filho de um radialista e sobrinho de um coralista do Rio de Janeiro, Licio cresceu em um ambiente rodeado por música. Ainda jovem, se envolveu com MPB em grupos de amigos, mas foi ao ingressar no coral da PUC, quando cursava engenharia, que se apaixonou pela música lírica. “Foi ali que eu entendi o que era música estudada, erudita. Me senti muito mais atraído por ela”, relembra.
Desde então, construiu uma trajetória sólida e de prestígio no Brasil e no exterior. Ao longo da carreira, se apresentou em países como Alemanha, Itália, Suíça, Indonésia, Dinamarca, Argentina, Colômbia, Uruguai e Israel, e foi vencedor de mais de dez concursos de canto. Em 2004, recebeu o Prêmio Carlos Gomes, além de ter sido homenageado com a Medalha do Centenário da ONU.
Atualmente, Licio também atua como professor na Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames), onde forma novos talentos da música lírica, como a soprano Lorena Pires, uma das vozes emergentes do Estado.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta