Publicado em 15 de maio de 2024 às 14:16
John Textor, dono da SAF Botafogo, enviou ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) o áudio em que um ex-árbitro aparece reclamando de supostas propinas não recebidas. A medida faz parte do cumprimento da decisão do tribunal de obrigar o dirigente a mostrar alguma das provas que o levaram a dizer que tinha corrupção na arbitragem. O dirigente alvinegro, inclusive, recorreu contra essa decisão, que também gerou multa de R$ 60 mil por "deixar de colaborar com a Justiça Desportiva". >
A fala de Textor sobre a existência do áudio e a decisão inicial de não enviá-lo ao STJD formaram a mescla que gerou um processo contra o dirigente do Botafogo.>
Ele foi condenado em primeira instância com base no artigo 220-A do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), mas o caso será avaliado em segunda instância até porque a procuradoria do tribunal também recorreu.>
Além de levar multa, Textor foi obrigado pela decisão da 1ª Comissão Disciplinar a entregar a prova que dizia ter para embasar a afirmação de ter "juízes gravados reclamando de não terem propinas pagas". >
>
O dono da SAF Botafogo tinha cinco dias úteis para entregar a gravação, contados a partir da divulgação do acórdão. O acórdão saiu no último dia 8, e Textor, neste caso, cumpriu o prazo.>
Enquanto Textor tenta se livrar da multa, a procuradoria busca aumento da condenação. Inclusive porque Textor foi absolvido na parte da denúncia que tratava de outro artigo do CBJD (223). O dispositivo prevê suspensão de até 360 dias por "deixar de cumprir ou retardar cumprimento de decisão do STJD".>
Ao entregar o áudio ao STJD, Textor se livra de ser enquadrado novamente no artigo 223. A reincidência nesse item pode causar eliminação do futebol.>
Ainda não há data prevista para o novo julgamento do caso.>
A gravação é a mesma que Textor já enviou à CPI das Apostas, no Senado. Nela, o personagem que aparece é um ex-árbitro do Rio, Glauber do Amaral Cunha.>
Glauber apitava jogos da quarta e quinta divisões do Carioca e não atua há mais de dois anos.>
O ex-árbitro foi ouvido nesta segunda-feira (13), de forma secreta, por senadores integrantes da CPI.>
Ainda no julgamento em primeira instância, a defesa de John Textor bateu na tecla de que a CBF deveria criar um caminho mais eficaz para investigar denúncias de manipulação.>
"A gente tem que criar mecanismos de denúncia e de investigação em casos de manipulação. É absolutamente necessário. O tênis já faz a isso há anos, tem unidade de integridade. E ela tem poderes imensos, criados dentro do regulamento da própria entidade de administração", reforçou ao UOL o advogado Michel Assef Filho, que fez a defesa no STJD.>
A crítica se dá porque, na visão dele, quando alguém traz algum tipo de indício, não encontra na estrutura desportiva um órgão com autonomia e poderes para conduzir investigações de forma mais profunda.>
Recentemente, os casos de manipulação que geraram punições desportivas vieram à tona por causa da ação do Ministério Público de Goiás (MPGO).>
A questão é que os indícios trazidos por Textor, além do áudio, não vieram ainda com um detalhamento mais complexo de envolvimento de outros agentes ou do caminho do dinheiro dos supostos casos.>
Textor atualmente está suspenso por causa de outro processo no STJD. Ele foi condenado ao dizer que havia corrupção na arbitragem, depois da virada do Palmeiras sobre o Botafogo, no Brasileirão 2023.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta