Publicado em 14 de setembro de 2021 às 19:05
Gabriel Medina passou o ano envolvido em tantas controvérsias que chegou a ficar em segundo plano seu excepcional desempenho no mar. Nesta terça-feira (14), ele voltou a colocar seu surfe em evidência, venceu a Liga Mundial pela terceira vez e incluiu seu nome entre os grandes campeões da modalidade na história. >
O paulista de 27 anos conquistou o título de 2021 com um triunfo sobre o o compatriota Filipe Toledo, em Lower Trestles, no estado norte-americano da Califórnia. Vencedor também em 2014 e 2018, ele entrou em um restrito grupo de tricampeões e ficou atrás apenas do lendário norte-americano Kelly Slater, que soma 11 títulos, e do australiano Mark Richards, pentacampeão. >
Há tempo para o brasileiro buscar Richards e, quem sabe, tentar se aproximar de Slater. Por ora, Medina só quer saborear o desfecho glorioso de uma temporada complicada. Houve algumas decepções, dentro e fora da água, até que ele pudesse levantar um troféu que reafirma e amplia sua importância no esporte. >
O campeonato foi o primeiro que o atleta de São Sebastião disputou longe de Charles Saldanha, o padrasto que sempre chamou de pai. O casamento com a modelo Yasmin Brunet não foi bem recebido pela família do surfista, e o então bicampeão resolveu trocar a presença constante de Charles pelos conselhos do renomado treinador australiano Andy King. >
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Como se viu nos resultados apresentados na WSL (a sigla, em inglês, da Liga Mundial de Surfe), não houve prejuízo técnico. Medina foi acumulando finais e construindo uma vantagem enorme na liderança do circuito, mas suas notas elevadas perderam espaço no noticiário para sua briga com o COB (Comitê Olímpico Brasileiro). >
Por restrições ligadas à pandemia do novo coronavírus, ficou acertado que cada surfista só poderia levar uma pessoa aos Jogos Olímpicos de Tóquio. Gabriel bateu o pé na tentativa de que Yasmin fosse sua acompanhante, porém teve de viajar sem a mulher após uma negociação desgastante em que acabou derrotado. >
No Japão, o brasileiro conseguiu ótimas ondas e avançou às semifinais do primeiro torneio olímpico do surfe na história, mas foi derrotado pelo japonês Kanoa Igarashi. Na disputa pelo bronze, perdeu de novo. E, enquanto Italo Ferreira comemorava o ouro, Medina e, especialmente, Yasmin esbravejam por discordar das notas aplicadas pelos juízes. >
Terminados os Jogos, nova controvérsia. Medina anunciou que não competiria na etapa do Taiti do Mundial porque não tinha se vacinado contra a Covid-19, o que impedia sua viagem. Criticado pela escolha de não se imunizar, o brasileiro acabou não perdendo evento porque ele não aconteceu: como outros na temporada, foi cancelado por razões ligadas à pandemia do novo coronavírus. >
"Foi um ano difícil, com muitas restrições, muitos bloqueios. Mas, pô, a WSL fez um trabalho superbom de manter todos seguros, cumprindo as regras. Então, fico feliz de a gente poder estar trabalhando com o que a gente trabalha. Não foi fácil para ninguém, no mundo inteiro", disse o atleta à Folha de S.Paulo às vésperas do triunfo decisivo. >
Só foram concluídas 7 das 12 etapas previstas na fase de classificação. Delas saíram os cinco primeiros colocados que disputaram o título na Califórnia, em um sistema de mata-mata. Por ter a melhor campanha --e com ampla vantagem-, Gabriel já começou a disputa na final, à espera de seu adversário. >
Filipe Toledo bateu Italo Ferreira e se credenciou a enfrentá-lo na decisão, no formato melhor de três baterias. >
No meio da segunda bateria, quando Medina já vencia por 1 a 0, a disputa foi suspensa pela aparição de um tubarão de cerca de 1,80 m. Uma sirene de alarme tocou, e os surfistas foram colocados nos jet-skis, como é o procedimento padrão. Minutos depois, a final foi retomada. >
Em uma final de altíssimo nível, Gabriel Medina usou a estratégia de apostar na onda seguinte à escolhida pelo adversário e ainda conseguiu completar um backflip (uma cambalhota de costas no ar) em uma de suas ondas. Saiu da água com duas vitórias seguidas (por 16,30 a 15,70 e 17,53 a 16,36) e o tricampeonato mundial. >
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