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Volta do público na Argentina tem River x Boca e um governo em baixa

Volta do público na Argentina tem River x Boca e um governo em baixa

O Superclássico é o carro-chefe do fim de semana que marca o retorno do público aos estádios argentinos após mais de um ano e meio de ausência em razão da pandemia do novo coronavírus

Publicado em 1 de outubro de 2021 às 16:16

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River Plate e Boca Juniors
O duelo entre River Plate e Boca Juniors será transmitido às 17h, pela ESPN Brasil. (AP)

Neste domingo (3), ao girarem as catracas do Monumental de Nuñez, torcedores do River Plate (ARG) terão deixado para trás 582 dias de espera para voltar a pisar em um estádio e assistir in loco ao clube do coração. Não bastasse a ocasião já especial para os frequentadores da arquibancada, o time terá pela frente o seu maior rival.

A equipe do técnico Marcelo Gallardo receberá o Boca Juniors (ARG), pela 14ª rodada da Liga Profissional, às 17h, com transmissão da ESPN Brasil. O Superclássico é o carro-chefe do fim de semana que marca o retorno do público aos estádios argentinos após mais de um ano e meio de ausência em razão da pandemia do novo coronavírus.

Cada estádio poderá receber no máximo 50% de sua capacidade. Para que consigam o acesso, os torcedores maiores de 18 anos precisarão apresentar um registro de vacinação, que comprove o recebimento de ao menos uma dose de qualquer imunizante.

No último dia 9 de setembro, o governo e a AFA (Associação do Futebol Argentino) utilizaram o duelo da seleção argentina diante da Bolívia, pelas Eliminatórias, como evento-teste para avaliar a volta do torcedor às arquibancadas do país. Na ocasião, 30% do Monumental foi liberado para a presença da torcida, que assistiu à vitória por 3 a 0 sobre os bolivianos, com três gols de Lionel Messi.

Inicialmente, os clubes queriam a liberação da capacidade total dos estádios. Durante as conversas com as autoridades, aceitaram reduzir o limite para 70%. Contudo, a crise que se instalou no governo após a derrota nas primárias para as eleições legislativas manteve as negociações paralisadas por algumas semanas.

A administração do presidente Alberto Fernández enfrenta o seu momento de pior aceitação entre os argentinos, cenário exposto pelo apoio popular à coalizão de centro-direita Juntos no processo eleitoral que definiu as listas para o pleito legislativo de novembro.

Os episódios da "vacinação VIP", que beneficiou pessoas próximas do Ministério da Saúde e do governo federal e causou a renúncia do então ministro Ginés González García e, posteriormente, da festa de aniversário da primeira-dama na residência oficial de Olivos durante período de restrições à circulação da população, abalaram a popularidade de Fernández.

Coincidência ou não, a volta dos torcedores ocorre justamente após o duro golpe nas primárias. Na retomada das negociações pela liberação do público, os clubes e o governo chegaram a um acordo para a abertura de 50% dos estádios.

"Alguns pretendiam que a presença fosse maior, mas não é possível. A pandemia não acabou. É preciso seguir insistindo no cumprimento dos protocolos", disse Juan Manzur, chefe de gabinete.

Para o torcedor do River, que voltará a pisar no Monumental neste domingo (serão cerca de 36 mil), o intervalo de 500 dias para reencontrar o rival não é inédito, ainda que por circunstâncias distintas.

Em 2011, com o rebaixamento do clube à B Nacional, os riverplatenses só voltariam a enfrentar o Boca por competições oficiais mais de um ano depois.

No reencontro entre as equipes, em 27 de outubro de 2012, exatos 532 dias após o último clássico pelo Campeonato Argentino, os donos da casa receberam os visitantes com um grande porco inflável que vestia a camisa azul e amarela do Boca, colocado diante da arquibancada visitante.

No momento em que o porco foi erguido até alcançar o setor superior do Monumental, onde estavam os boquenses, a torcida do River cantou "Riqueeeelme, Riqueeeelme", em provocação ao ídolo rival.

Torcedores do Boca devolveram a provocação com cantos relacionados ao rebaixamento do River Plate, além da presença de "fantasmas da B", também alusivos à queda recente do clube de Nuñez.

Em campo, os mandantes abriram 2 a 0 no placar, com Leo Ponzio e Rodrigo Mora, o segundo já na etapa final. Mas o Boca reagiu com Santiago Silva e, aos 46 minutos do segundo tempo, Walter Erviti deixou tudo igual.

Além da troca de carinhos verbais nas arquibancadas, torcedores de River e Boca também compartilharam "presentes". Assentos plásticos do estádio foram retirados e arremessados de um lado a outro.

Com os visitantes proibidos na Argentina desde 2013, aquele empate por 2 a 2, em outubro do ano anterior, marcou a última vez que jogadores do Boca Juniors puderam receber o apoio de sua torcida na casa do grande rival. A espera -dos boquenses e de todos os argentinos- para voltar a esse lugar, o do setor destinado a quem vem de fora, já superou (e muito) os 500 dias.

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