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Vídeo mostra momento em que PM atira em vizinho em Vitória

Vídeo mostra momento em que PM atira em vizinho em Vitória

Imagens da câmera de videomonitoramento do condomínio de Jardim Camburi foram divulgadas pela Polícia Civil; suspeito ainda não foi preso

Publicado em 17 de abril de 2023 às 19:16

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Júlia Afonso
Repórter / [email protected]

Uma câmera de videomonitoramento do condomínio em que o músico Guilherme Rocha morava em Jardim CamburiVitória, flagrou o momento em que ele foi morto pelo policial militar Lucas Torrezani de Oliveira, na madrugada desta segunda-feira (17). As imagens foram divulgadas pela Polícia Civil (veja acima)

No vídeo, é possível ver a vítima entrando na área em que o policial estava com um amigo. Com as mãos para trás, Guilherme fala com Lucas, que segura um copo. O policial retira a arma da cintura e encosta no ombro do músico. O amigo do militar se levanta e os três ficam próximos. 

Em um dado momento, Lucas bate com a arma no rosto de Guilherme. A vítima, então, bate com as mãos na arma. O amigo do policial empurra o músico. Depois, a vítima segue em direção à porta, mas cai logo em seguida, já baleada. O militar fica olhando e dá dois goles na bebida que estava no copo. 

Lucas Torrezani de Oliveira é suspeito de matar o vizinho Guilherme Rocha, de 37 anos
Lucas Torrezani de Oliveira, PM suspeito de matar vizinho em Vitória. (Redes Sociais)

Logo depois do crime, Lucas foi levado à delegacia, confessou que atirou, mas foi ouvido e liberado. A Polícia Civil disse que "ele foi ouvido pela autoridade policial, que entendeu, pelas oitivas, que não havia elementos suficientes para lavrar auto de prisão em flagrante. Por isso, naquele momento, o policial militar foi liberado e a arma ficou apreendida. Durante o decorrer do dia, através das investigações, oitivas e diligências, foi verificado que o caso não era de legítima defesa. Imediatamente, a Polícia Civil fez o pedido de prisão temporária pelo crime de homicídio qualificado do autor e aguarda o posicionamento do Poder Judiciário".

Entenda o caso

Guilherme Rocha, de 37 anos, era músico, bacharel em direito, capoeirista e empresário. Ele foi morto com um tiro no ombro que atravessou o peito pelo soldado da Polícia Militar Lucas Torrezani, de 28 anos, na madrugada desta segunda-feira (17), dentro de um condomínio em Jardim Camburi, Vitória.

O caso teria ocorrido por volta das 3 horas da madrugada, segundo o boletim da Polícia Militar, em um condomínio na avenida Augusto Emilio Estelita Lins. Ainda de acordo com o boletim, quando os PMs chegaram ao local, o militar estava com a arma nas mãos e a vítima caída no chão.

O PM contou aos policiais que estava bebendo com amigos perto da entrada do Bloco 1, onde a vítima morava, quando Guilherme teria o atacado e tentado desarmá-lo. Segundo informações de moradores à polícia, antes da discussão havia som alto no local.

Guilherme Rocha, de 37 anos, morto por vizinho PM
Guilherme Rocha, de 37 anos, morto por vizinho PM. (Reprodução/Redes Sociais)

O militar disse que reagiu e atirou uma vez com uma pistola .40 no vizinho. O tiro atingiu o ombro esquerdo da vítima, atravessou o peito do homem e ainda atingiu um carro que estava próximo. O próprio soldado teria ligado para a polícia e também para o Samu.

O boletim da PM diz ainda que o copo do militar ainda estava com bebida alcoólica e ele apresenta "odor etílico ao falar". Segundo moradores, cinco ocorrências internas haviam sido registradas no condomínio em razão de desentendimentos recentes entre vítima e policial.

Moradores também contaram que antes do desentendimento havia som alto no local e que, geralmente, esse era o motivo das desavenças entre o policial e o vizinho.

Síndica diz que músico não reagiu

Mônica Bicalho, síndica do condomínio onde morava o músico e o soldado da PM, contou que, ao contrário do que disse o militar aos policiais que atenderam a ocorrência, a vítima não reagiu e nem tentou desarmar o militar.

"Não houve agressão nenhuma. Em momento algum a vítima reagiu, pelo contrário, a vítima entrou com o braço pra trás, conversou numa boa e a pessoa que matou ainda deu uma coronhada na cabeça dela. Guilherme simplesmente pediu 'gente, eu preciso dormir, são três horas da manhã' e ele simplesmente sacou a arma", declarou a síndica.

A síndica revelou, ainda, que o militar tinha o hábito de beber na área comum do condomínio e isso incomodava muitas pessoas.

Aspas de citação

Chegava do trabalho tipo 23h, meia-noite, se sentia no direito de estar na área comum e beber com os amigos, rindo, brincando e tal. A vítima várias vezes pediu que parasse porque eles começavam geralmente depois das 23h e só acabava às 5h

Mônica Bicalho
Síndica do condomínio
Aspas de citação

Durante a madrugada desta segunda, mais uma vez o músico Guilherme pediu que o policial parasse de incomodar ele e os vizinhos.

"Nessa madrugada eles foram para lá de novo beber. Deu mais ou menos umas 2h e pouco e a esposa da vítima mandou a mensagem para o meu celular, pediu o celular do condomínio falando que estava realmente acontecendo de novo que eles estavam bebendo, gritando, dançando lá e que o marido dela já tinha ido lá pedir para ele parar, e na terceira vez que ele foi aconteceu o fato: o PM sacou a arma e atirou nele."

Mônica declarou, ainda, que o PM chegou a ser notificado pelo condomínio algumas vezes. "Enquanto condomínio nós fizemos tudo dentro da lei: primeiro a notificação verbal, depois a notificação por escrito e ainda não deu tempo, infelizmente, não chegou a dar tempo da gente dar a multa."

De acordo com o site da Transparência, o policial que matou o vizinho entrou na Polícia Militar em 2020.

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