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Três anos após tragédia: o luto que não cessa em Domingos Martins

Três anos após tragédia: o luto que não cessa em Domingos Martins

Familiares e amigos das vítimas precisam de remédio, acompanhamento psicológico e apoio dos colegas para lidar com trauma após acidente em Mimoso do Sul, em 2017, que matou 11 pessoas – nove do grupo de dança Bergfreunde, de Domingos Martins

Publicado em 10 de setembro de 2020 às 08:17

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Acidente ocorreu em setembro de 2017
Vítimas do acidente na BR 101 em Mimoso do Sul que matou 11. (Montagem A Gazeta/ Foto: Júlio Huber)
Três anos após tragédia: o luto que não cessa em Domingos Martins

Três anos após o acidente na BR 101, em Mimoso do Sul, que matou 11 pessoas – nove delas eram integrantes do grupo de dança Bergfreunde, de Domingos Martins – familiares das vítimas e sobreviventes lutam para amenizar a dor da ausência daqueles que se foram.

Mães, pais, irmãos e amigos das vítimas precisam de remédio, acompanhamento psicológico e muito apoio dos colegas para lidar com os traumas que surgiram após a tragédia que aconteceu em 10 de setembro de 2017.

Em Domingos Martins, é impossível conhecer alguém que não tinha contato com as pessoas que estavam no micro-ônibus que pegou fogo após se envolver em uma colisão com duas carretas – o motorista e o dono de um dos caminhões são apontados pelo Ministério Público do Espírito Santo como os responsáveis pela batida – considerada um dos maiores acidentes da história do Estado. Eles serão levados a júri popular, mas o julgamento ainda segue sem previsão de ser marcado. O sofrimento aumenta devido a essa ausência de uma data para que os réus sejam julgados.

A cozinheira Lenilda Wetter perdeu a filha Karini Santana Wetter, de 16 anos, na tragédia. Até hoje, Lenilda é dependente de remédios para conseguir se manter de pé e seguir com a rotina. “Minha filha com uma vontade de viver tão grande, cheia de planos, de sonhos e perdeu por causa de uma pessoa ignorante no trânsito. Esse vazio, o lugar dela em minha casa, o lugar dela comigo não vai ser preenchido nunca", diz Lenilda, chorando ao se lembrar do acidente.

Em setembro de 2017, onze pessoas morreram e nove ficaram feridas em um acidente em Mimoso do Sul. O motorista e o dono de uma das carretas envolvidas vão a júri popular, mas julgamento não tem data prevista
Arquivo: velório coletivo das vítimas do acidente marcou moradores de Domingos Martins. (Julio Huber)

Quem também luta para superar os traumas é o ajudante de pedreiro Erinaldo Sebastião, pai de Luis Fabiano, de 10 anos, que morreu na tragédia junto à mãe, que é ex-mulher do servente.

“Para mim não está fácil não. Perder um filho não é moleza não. Praticamente eu choro todos os dias, mas não quero esquecer também não. Quero chorar todos os dias. Só quem perde alguém do fundo do coração, sabe o que é”, desabafa.

Entre os sobreviventes, ficou a missão de seguir com a vida, carregando o legado do grupo de dança. Atual coordenador do grupo cultural, William José Mayer de Souza, de 20 anos, que também estava no micro-ônibus, diz que foi dolorido retomar ensaios e apresentações sem os amigos que morreram. 

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Vou te falar que nunca foi e nunca vai ser a mesma coisa. Ninguém substitui ninguém, nunca vai ser a mesma coisa. A gente segue em frente para levar o legado

William José Mayer de Souza
Coordenador do grupo de dança Bergfreunde
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A inspetora de qualidade de sistema Natália Herbst, de 36 anos, que estava no micro-ônibus, é uma das vítimas que sofrem com a falta de respostas. Além de ver amigos morrerem no acidente, ela, assim como outras vítimas, ainda teve um prejuízo financeiro com a perda de notebook e celular e até hoje não conseguiu nenhum ressarcimento através da Justiça.

“Acabei largando minha vida pessoal de lado, descuidei da alimentação e cheguei a pesar 109 kg. Passei por problemas de saúde”, conta Natália, que fez uma cirurgia bariátrica e já perdeu 15 kg após o procedimento.

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Nesta quinta-feira (10), moradores da cidade farão uma carreata para homenagear os integrantes do grupo de dança Bergfreunde que morreram no acidente. A organização do evento pede que moradores e comerciantes coloquem na fachada de seus imóveis faixas pretas em sinal de luto do dia 10 ao dia 22, data de reconhecimento oficial da última vítima do desastre.

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