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Polícia investiga morte de jovem e internação de mais de 10 pessoas após rave em Guarapari

Polícia investiga morte de jovem e internação de mais de 10 pessoas após rave em Guarapari

Os frequentadores foram internados no Hospital Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha, e também em hospitais particulares da Grande Vitória

Publicado em 18 de outubro de 2019 às 10:03

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Hospital Antônio Bezerra de Faria em Vila Velha. (Isaac Ribeiro)

A Polícia Civil investigou uma suposta morte de um jovem e a internação médica de pelo menos 11 pessoas após o uso de drogas durante uma festa rave promovida em Guarapari no último dia 12. Os jovens foram internados no Hospital Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha, e também em hospitais particulares da Grande Vitória. A informação inicial era de que um frequentador teria morrido após o uso de drogas na festa foi dada ao titular do Departamento Especializado de Narcóticos (Denarc), delegado Fabrício Dutra, no Hospital Antônio Bezerra. 

Já na tarde desta sexta-feira (18), em coletiva de imprensa, a Polícia Civil descartou o óbito e esclareceu que duas pessoas estão em estado muito grave. Sobre o número informado inicialmente — de que 12 jovens foram intoxicados —, o órgão atualizou a informação  e frisou que três continuam internados, sendo dois em estado grave. O terceiro teve alta na tarde desta sexta-feira. 

"Dois jovens teriam saído praticamente mortos da festa, de acordo com os depoimentos, e foi o que as pessoas falaram na hora, que eles tinham morrido. Mas não temos confirmação da morte, elas foram descartadas. Descobrimos que diversas pessoas passaram pelo UPA  de Guarapari e estamos tentando quantificar quantas delas teriam ingerido as drogas", declarou Fabrício Dutra durante coletiva de imprensa.

Movimentação no Hospital Antônio Bezerra de Faria em Vila Velha. (Isaac Ribeiro)

"É UMA DROGA MUITO FORTE, MUITO PODEROSA", DIZ DELEGADO

Em entrevista à reportagem de A Gazeta, o delegado Fabrício Dutra afirmou que a polícia foi acionada para fazer um levantamento inicial e também as investigações do que ocorreu nessa festa, onde inicialmente 12 jovens ficaram intoxicados com uso de uma substância entorpecente nova.

Segundo o delegado, a polícia irá identificar quem são os jovens intoxicados. "Agora nós vamos identificar todos, verificar todas as informações. O fato, de imediato, para que a gente possa nas investigações identificar quem autorizou essa festa, quem realizou essa festa, qual traficante operou nessa festa, para que as investigações cheguem ao bom termo e a gente possa imediatamente tirar essa droga de circulação".

SUBSTÂNCIA À BASE DE GEL

"A informação inicial é que foi uma substância à base de gel. As informações iniciais são de que se trata de uma droga de origem mexicana. Vamos trabalhar agora, toda equipe já está mobilizada. O mais importante agora é saber o estado de todas essas pessoas. É uma droga muito forte, muito poderosa, e agora acompanhar o desenrolar das investigações, para que a gente possa em curto prazo realizar todo procedimento necessário", disse o delegado.

Comentário em rede social sobre o caso da rave em Guarapari . (Reprodução/Twitter)

"O RIM DELE PAROU NA HORA QUE USOU", DIZ MÃE DE UNIVERSITÁRIO

A mãe de um dos jovens intoxicados após uso de drogas em uma rave em Guarapari no último fim de semana, conversou com a reportagem de A Gazeta no Hospital Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha, na manhã desta sexta-feira (18). O filho dela, um universitário de 24 anos, está em estado grave na UTI na unidade de saúde.

Mãe do universitário de 24 anos é massoterapeuta. (Isaac Ribeiro)
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    Ele está em um estado muito grave. Todos os dias estou aqui visitando ele, e o quadro melhora, mas bem pouco, porque essa droga atingiu muito o pulmão dele. E ele não está conseguindo respirar sozinho, sem os aparelhos. Se tirar os aparelhos um pouquinho para fazer qualquer tipo de procedimento, ele corre risco de dar uma parada respiratória. Tá totalmente dependente do aparelho.

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    Na madrugada de domingo (13).

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    Uma festa rave, que teve na Lagoa Doce, de Meaípe.

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    Eles me ligaram cinco e pouco da manhã, falando do ocorrido com o meu filho. Até então, eu não sabia nem o que que era. Eles me ligaram relatando que ele tinha sofrido um acidente, e eu precisava vir para o hospital urgente. Eu vim pra cá, cheguei aqui e me deparei com ele em um estado muito grave. Foi terrível e está sendo até hoje. É dia após dia, os médicos falaram para mim. Parece que tiveram outros amigos que estão pelos hospitais. Tem outros em outros hospitais também. Menos um pouco que o meu filho, mas estão também grave, na UTI, inclusive. Meu filho está na UTI. Tentei a transferência para um hospital particular, mas o estado dele é muito grave, e ele não pode ser transferido.

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    Ninguém até hoje, ninguém perguntou como está o meu filho, nada. Do evento, pelo menos, não tenho nada deles.

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    Os médicos me falaram uma tal de mescalina. É uma droga sintética, nova, que está rolando nessas festas. É isso que eu sei. Junto com outras que possa ter usado deu esse problema neles.

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    O rim dele parou na hora que ele utilizou, mas agora já voltou. Está reagindo. A toxidade do fígado melhorou bastante. O problema é toda parte respiratória, que está muito grave. Na hora que eles passaram mal, eles começaram vomitando muito e depois eles convulsionaram. Nessa convulsão, eles broncoaspiraram esse líquido. Isso piorou mais ainda o quadro dele.

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    Eu não queria que ele fosse nessa festa. Ele pediu meu carro, mas eu não dei. E então ele foi de Uber com os amigos. Eu sabia que ele ia em festa assim, mas ele era um menino que não tinha o hábito de usar esse tipo de droga. Um menino estudioso, trabalhador. Que eu saiba ele fumava, mas não desse jeito. Pra mim e para toda a minha família está sendo um baque muito grande. Tenho fé em Deus que ele vai sair dessa. Ele tá se recuperando aos poucos. Sei que vai ser demorado, porque o estado é muito grave, mas sei que ele vai sair, em nome de Jesus.

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    O policial me falou que foi um a óbito, mas não sei se o que está se passando. Mas sei que muitos outros passaram mal e foram para outros hospitais.

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    Eles precisam ter mais cuidado, porque é com vidas que eles estão lidando que, às vezes, são jovens que não têm consciência do que está sendo oferecido lá. Eles precisam ter mais consciência para salvar vidas.  

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O QUE DIZ A EMPRESA ORGANIZADORA

Nota de Esclarecimento

Viemos por meio desta comunicar que a produção do Evento Ecologic fez um levantamento com nossa equipe médica contratada e que, no evento, foram feitas 3 remoções e que essas pessoas foram atendidas pela equipe responsável e encaminhadas para o hospital. O evento é legalizado, conta com todos os alvarás solicitados, equipe de segurança com revista minuciosa e com equipe de socorro treinada completa com socorristas, salva-vidas e médico de plantão. A informação de 11 pessoas internadas não chegou até nosso conhecimento. Para nós, é algo novo e até então, uma inverdade, pois esse número não foi removido por nossa equipe médica. Temos informações de familiares e amigos que essas 3 pessoas estão vivas e melhorando a cada dia. Demos todo suporte possível dentro do evento e sempre fazemos o possível pelo nosso público. 

O QUE DIZ A PREFEITURA

Em nota enviada à reportagem de A Gazeta, a Prefeitura de Guarapari informou que três jovens deram entrada na UPA da cidade em estado grave e posteriormente foram transferidos para hospitais de Vitória. A administração comunicou desconhecer o estado atual de saúde dos envolvidos por que os mesmos não estão mais na unidade do município.

Sobre a legalidade da festa, a Prefeitura comunicou que a mesma estava autorizada e cumpriu todas as exigências legais estabelecidas nas leis 071/2014 e 089/2016, não havendo impedimento para deliberação da licença para realização da rave. Compete à prefeitura, diz a nota, a fiscalização de postura, trânsito, vigilância sanitária, ambiental e fazendária (recolhimento de impostos).

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"Questionamentos referente ao controle, fiscalização e demais ações para coibir a utilização de drogas, seja em eventos ou em demais locais, são de responsabilidade das polícias Civil e Militar", finalizou a Prefeitura.

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