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Paróquia e associação criticam ação da PM no Jaburu: 'violenta e covarde'

Paróquia e associação criticam ação da PM no Jaburu: "violenta e covarde"

Em nota conjunta, a Paróquia Santa Teresa de Calcutá – que tem como pároco o padre Kelder Brandão – e a Associação Ateliê de Ideias, a Polícia Militar age de "forma violenta e covarde" nas periferias do Estado contra os pobres e os indefesos

Publicado em 28 de setembro de 2020 às 13:05

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Padre Kelder Brandão
Padre Kelder Brandão é pároco da Paróquia Santa Teresa Calcutá. (João Paulo Rocetti)

A Paróquia Santa Teresa de Calcutá e a Associação Ateliê de Ideias criticaram uma ação da Polícia Militar  no Morro do Jaburu, em Vitória, na noite do último sábado (26). Em nota conjunta, as entidades disseram que a PM foi "violenta e covarde".

De acordo com a polícia, um confronto entre criminosos e policiais militares terminou com quatro pessoas feridas, entre elas uma criança de 3 anos. Nas proximidades ocorria uma festa de aniversário e a situação deixou moradores revoltados. Na versão da Polícia Militar, os policiais foram recebidos a tiros e revidaram com quatro disparos.

Para a Paróquia Santa Teresa de Calcutá – que tem como pároco o padre Kelder Brandão – e a Associação Ateliê de Ideias , a Polícia Militar age de "forma violenta e covarde" nas periferias do Estado contra os pobres e os indefesos. "É de estarrecer a política de segurança em curso no Estado do Espírito Santo! É uma política violenta, preconceituosa, que criminaliza e maltrata os pobres", enfatizaram na nota, que cita ainda que as casas de moradores são constantemente invadidas pela polícia, inclusive casas de pessoas idosas e cadeirantes.

De acordo com as entidades, o governo do Espírito Santo, diferente de outros Estados, intensificou as "operações contra os pobres". Segundo a nota, a PM vem agindo de forma seletiva contra as comunidades de periferia e fecha os olhos para o "verdadeiro comando do tráfico de drogas e de armas e para as aglomerações que acontecem nos bairros vizinhos de classe média alta, inclusive nas praias, em plena luz do dia".

A nota ainda pede que os responsáveis pelos atos de violência sejam responsabilizados e afirma que as entidades querem políticas de segurança que respeitem as vidas, os corpos e os lares dos moradores. Confira a nota na íntegra:

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Nota de Paróquia critica ação da PM no Morro do Jaburu

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"A PM NÃO ENTRA NA COMUNIDADE ATIRANDO", DEFENDE SECRETÁRIO

Em entrevista para A Gazeta, o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Alexandre Ramalho, afirmou que os policiais faziam um patrulhamento de rotina na comunidade quando foram alvo de disparos feitos por criminosos. Ele destacou que a polícia está à disposição dos moradores para explicar o que aconteceu na ocorrência.

Segundo Ramalho, durante o confronto, moradores – incluindo uma idosa e uma criança – foram atingidos por estilhaços e não é possível saber se eles partiram dos disparos dos policiais ou dos suspeitos.

"É importante esclarecer que a Polícia Militar não entra na comunidade atirando, que a PM não entra para atirar em pessoas inocentes. A PM entra na comunidade para atender aos interesses da própria comunidade", comentou o secretário.

De acordo com Ramalho, somente este ano foram realizadas mais de 700 operações nos bairros próximos ao morro. O secretário também aponta que ocorreram 48 confrontos armados na área em 2020. "Estamos falando de jovens inconsequentes e irresponsáveis portando arma de fogo, se confrontando com nossos policiais", declarou.

Sobre a denúncia de que casas de moradores são invadidas por militares, o secretário garantiu que os policiais só entram nas residências quando há alguma situação de flagrante ou quando a polícia tem um mandado de busca e apreensão para cumprir.

PM TAMBÉM REBATE

Em nota, a Polícia Militar rebateu as críticas e disse que foi recebida a tiros, disparados por criminosos que já estavam em confronto entre si. "Ao perceberem a presença policial, somaram esforços para impedir o avanço da tropa no terreno, adotando, inclusive, condutas de patrulha, o que indica certo treinamento militar. Houve, portanto, reação proporcional àquela agressão e um homem foi atingido e detido, bem como armas e equipamentos da quadrilha foram apreendidos", afirmou.

Sobre o fato de ter crianças e idosos no meio da confusão, a Polícia Militar alertou sobre a presença dessas pessoas em áreas de conflito, disse que elas acabam se misturando ao que chamou de "multidão agressora" e acabam por sofrer as consequências do que a PM afirmou ser uma "resposta proporcional" às agressões. "No caso em questão, foram utilizados equipamentos de menor potencial ofensivo, adequados quando ocorrem agressões não letais", destacou.

CONFIRA A NOTA DA PM NA ÍNTEGRA

"A Polícia Militar informa que durante incursão no Morro do Jaburu, área já conhecida pelos policiais devido ao intenso tráfico e ocorrências de confrontos armados, as equipes de militares foram recebidas a tiros, efetuados por criminosos que já estavam em confronto entre si. Ao perceberem a presença policial, somaram esforços para impedir o avanço da tropa no terreno, adotando, inclusive, condutas de patrulha, o que indica certo treinamento militar.

Houve, portanto, reação proporcional àquela agressão e um homem foi atingido e detido, bem como armas e equipamentos da quadrilha foram apreendidos.

Durante o socorro ao bandido, populares hostilizaram os policiais de forma violenta e injusta, chegando a atingir um dos militares de raspão com uma pedrada.

A PMES ressalta que tais circunstâncias têm se tornado comuns nas ocorrências em locais cujo tráfico tenta dominar. A Polícia Militar, sempre que for agredida, responderá na proporção legal e adequada para garantir o cumprimento de seu dever constitucional.

A Polícia Militar alerta ainda em relação à segurança das pessoas em áreas de conflito, em especial mulheres, idosos e crianças, que misturam-se à multidão agressora e acabam por sofrer as consequências da resposta proporcional. No caso em questão, foram utilizados equipamentos de menor potencial ofensivo, adequados quando ocorrem agressões não letais.

Embora cause estranheza o fato de haver uma criança na madrugada, em área de confronto, ter sido supostamente atingida, a PMES lamenta e está à disposição para esclarecer todas as circunstâncias.

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Ressaltamos ainda que quaisquer ilações que atribuam à PMES culpa na lesão de qualquer pessoa, sem investigação, em área onde já ocorria confronto prévio entre criminosos, é pura leviandade. Estamos, contudo, prontos para ouvir a comunidade pelos meios oficiais de denúncia, garantindo uma apuração isenta e com observância ao que prevê o estado democrático de direito."

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