A família presa por fabricar e vender armas pela Grande Vitória cobrava de R$ 2 mil a R$ 2,5 mil por "peça", segundo a Polícia Civil. No ano passado, entre maio e dezembro, eles venderam pelo menos 200, ou seja, um faturamento de pelo menos meio milhão de reais. O esquema foi descoberto durante a Operação Legado Armeria, que começou em 2023 e foi finalizada nesta semana.
A Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) começou a apurar o caso no ano passado. Em dezembro aconteceu a primeira fase da Operação Legado Armeria, quando a fábrica onde as armas eram produzidas foi descoberta, em Cariacica. Na ocasião, foram apreendidos diversos materiais, de pistola a carabina. Wilrison Manske foi preso em flagrante. Ele é apontado como um dos fabricantes das armas.
Passada a primeira fase, as investigações continuaram e outros integrantes do grupo foram identificados. A surpresa é que todos faziam parte da mesma família. Eles foram presos no último dia 23, em casa e em seus locais de trabalho, nos municípios de Serra e Cariacica. Veja abaixo quem é quem, conforme a Polícia Civil.
É o pai da família. Apontado pela polícia como responsável por fabricar as armas.
Filho de Edilson e apontado como um dos que fabricava as armas caseiras. Foi preso na primeira fase da operação, em dezembro do ano passado.
Filho de Edilson. Atuava como entregador das armas. Normalmente esse "delivery" era feito de carro.
Esposa de Wilrison. Segundo a polícia, ela era a responsável por gerenciar os pagamentos, além de ajudar nas entregas.
Irmão de Ariane. Ele era o que fazia as negociações das vendas com os clientes na Grande Vitória.
Esposa de Bruno. Atuava na parte das entregas das armas.
Segundo as investigações, os fabricantes das armas aprenderam tudo na internet. Eles vendiam sob encomenda, de acordo com o calibre que o cliente pedia, mas costumavam fazer, principalmente, as chamadas submetralhadoras, consideradas armas semi industriais.
QUEM COMPRAVA?
O delegado Daniel Belchior, titular da Desarme, explicou que os clientes eram os mais variados: desde organizações criminosas como o Primeiro Comando de Vitória (PCV), sediado no Bairro da Penha, até para criminosos de Cariacica e Guarapari. Eles também forneciam para revendedores ilegais de armas. A atuação do grupo era em toda a Grande Vitória.
Os clientes faziam a encomenda com Bruno, mais conhecido como Jhon Caseiras, através da internet, e a arma era feita. Depois disso, era a hora da entrega.
DELIVERY
Os suspeitos aproveitavam que estavam em família para despistar as autoridades na hora da entrega. "O que chamou a atenção da polícia foi a forma deles passarem despercebidos, por exemplo, por uma blitz ou fiscalização: eles realizavam as entregas das armas juntos. Então saía pai, mãe e filho, por vezes até escondendo a arma na bolsa da criança, para não chamar a atenção", detalhou o delegado Belchior.
OUTROS TRABALHOS
Outra forma de despistar a polícia era com os empregos: alguns membros do grupo tinha trabalhos formais, mas conseguiam conciliar com a vida criminosa.
Segundo o delegado da Desarme, uma das mulheres trabalhava como professora, um homem atuava como auxiliar de serviços gerais, e outro em uma loja que vendia ferros.
"O desafio da investigação da fabricação de armas caseiras envolve não só a dificuldade de rastrear as armas como também as pessoas que fabricam, porque elas não possuem perfil de envolvimento com esse tipo de situação, às vezes não têm passagem criminal, mas em função de um atrativo financeiro acabam se dedicando à atividade criminosa", concluiu Belchior.
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