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Publicado em 24 de novembro de 2022 às 08:50
A investigação da morte do empresário Ricardo Portugal Moura Guedes, quando o carro que ele dirigia – um Jeep Compass – explodiu ao trafegar na Avenida Adalberto Simão Nader, em Vitória, em 30 de outubro de 2020, passou a tramitar na Justiça como homicídio. Consta no processo que, além do laudo apontar que o veículo explodiu por fator externo, a Polícia Civil chegou a esse entendimento após descobrir de dois boletins de ocorrência contra o empresário, registrados no Estado de Pernambuco, por suposto envolvimento dele em fraude financeira, e haveria uma apólice de seguro de vida em nome do homem.>
No final de outubro deste ano, A Gazeta divulgou, em primeira mão, que a explosão que matou o empresário foi causada por "fatores externos", não gerada pelo veículo. No processo de Inquérito Policial, no Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), consta o entendimento final do delegado Maurício Gonçalves, da Delegacia de Delitos de Trânsito (DDT) – onde a investigação tramitava anteriormente.>
O delegado levantou dois fatores para determinar que a explosão não foi um delito de trânsito. A primeira diz respeito ao fato de não haver choque do veículo com obstáculo ou objeto para explodir o carro, como ficou registrado no laudo pericial.>
A segunda questão abordada por Maurício Gonçalves corresponde a dois boletins de ocorrência lavrados pela Polícia Civil de Pernambuco. Os documentos citam suposto envolvimento do empresário em crime de fraude financeira.>
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Conforme os boletins de ocorrência, haveria uma apólice de seguro em nome de Ricardo Portugal, o que poderia ter motivado o crime. Assim, o delegado Maurício Gonçalves entendeu que o caso deveria ser apurado como um crime violento contra a vida, não cabendo mais a investigação à Delegacia de Delitos de Trânsito (DDT).>
Houve, então, uma redistribuição da investigação feita pela Corregedoria da Polícia Civil capixaba e o caso foi encaminhado da DDT, para a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória, cujo titular é o delegado Marcelo Cavalcanti – que passou a tratar o caso como homicídio.>
Assim que assumiu a investigação, o delegado Marcelo Cavalcanti requereu autorização judicial para que o Banco Itaú forneça informações sobre a existência de apólices de seguro em nome de Ricardo Portugal Moura Guedes, além de um novo prazo para a conclusão das investigações.>
O caso foi remetido ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES), que, no processo, opinou pelo deferimento do pedido de mudança de delegacia e concordou com o prazo de 60 dias para a conclusão das investigações.>
A reportagem de A Gazeta entrou em contato com a viúva do empresário em busca de um posicionamento sobre o caso. Assim que houver retorno, este texto será atualizado.>
A morte de Ricardo Portugal Moura Guedes passou a ser investigada pela Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória, em novembro. O caso deixou de ser investigado como acidente e foi retirado da competência da Delegacia de Delitos de Trânsito (DDT). >
Em nota, a Polícia Civil havia informado que o caso foi encaminhado à DHPP de Vitória. "O inquérito policial foi recebido na segunda-feira (7) e, após ciência do andamento da investigação, serão determinadas diligências visando a conclusão da investigação", informou a corporação. >
A mudança nos rumos da investigação, dois anos após a morte do empresário, se deu porque a Delegacia de Delitos de Trânsito (DDT) concluiu que explosão do Jeep Compass ocorreu por um "fator externo" e não pelo veículo em si. >
A informação foi levantada em primeira mão por A Gazeta junto ao delegado-geral da Polícia Civil no Estado, José Darcy Arruda, em outubro. Titular da Delegacia de Delitos de Trânsito (DDT), o delegado Maurício Gonçalves – que era responsável pelo caso – deixou a atribuição e a investigação foi encaminhada à corregedoria da corporação para ser redistribuída. O órgão, responsável por fazer o controle e a distribuição de processos, encaminhou o inquérito para a DHPP de Vitória. >
A explosão completou dois anos no dia 30 de outubro. Desde então, as circunstâncias que provocaram o incêndio do veículo, na Avenida Adalberto Simão Nader, bem perto do acesso ao aeroporto, são um mistério, uma vez que o inquérito policial foi colocado em sigilo. >
O fato confirmado, até agora, é que o incêndio não ocorreu pelo próprio veículo, mas sim por outros fatores. Os fatores externos tratados pela Polícia Civil dizem respeito a algum objeto que estava dentro do veículo, podendo ter sido uma tentativa de suicídio ou um homicídio. A DHPP será a responsável por apontar a circunstância correta.>
Os trabalhos periciais começaram assim que o combate às chamas ao Jeep Compass foi encerrado. De imediato, a possibilidade de explosão de um eventual cilindro a gás foi descartada, visto que o utilitário não era movido por este combustível. >
Carro pega fogo após acidente em avenida de Vitória
Durante esse período, a Justiça indeferiu uma solicitação feita pela Fiat Chrysler Automóveis do Brasil, responsável pela marca Jeep, que queria indicar um assistente técnico para o acompanhamento da perícia no veículo. Contudo, posteriormente a juíza Gisele Souza de Oliveira, da 4ª Vara Criminal de Vitória, permitiu que a empresa acompanhasse os trabalhos sem interferir no andamento da perícia. >
Passados 45 dias do incidente, a Polícia Federal chegou a auxiliar nos trabalhos periciais no intuito de encontrar vestígios de materiais que pudessem ter provocado a explosão seguida do incêndio que destruiu completamente o SUV. Quando o incidente completou um ano, a corporação, procurada pela reportagem, explicou que avaliou a ocorrência baseada nos relatos e fotos feitas pelo perito e orientou como efetuar coleta de possíveis vestígios para busca de materiais químicos no local. >
"Após a coleta, encaminhamos o material para o Instituto Nacional de Criminalística para análise e busca por resíduos de substâncias químicas possivelmente relacionados ao fato. As análises realizadas não identificaram a presença de explosivos ou resíduos de pós-explosão", detalhou. >
Conforme informado pela própria Polícia Federal, o combate ao incêndio pode ter interferido nos vestígios do acidente, já que estes acabaram "lavados" pelo Corpo de Bombeiros para que o fogo fosse apagado. A reportagem chegou a procurar a empresa responsável pela fabricação do carro Jeep Compass, a Fiat Chrysler Automobiles (FCA). A companhia respondeu na ocasião que "continua à disposição das autoridades públicas e no aguardo da conclusão do inquérito", manifestou. >
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