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Publicado em 20 de novembro de 2022 às 22:01
Foi preso na noite de sábado (19) o último condenado pelo assassinato de uma família, em Guarapari, durante uma partida de RPG — jogo em que participantes interpretam personagens — em 2005. Mayderson Vargas Mendes estava foragido desde 2013 e foi detido durante uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no Rio de Janeiro. Ele e Ronald Ribeiro Rodrigues foram condenados pelo crime a 65 anos de prisão, em regime fechado. >
Os dois jovens, que na época do assassinato tinham 21 e 22 anos, foram condenados por triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe, que seria um jogo de RPG, e impossibilidade de defesa das vítimas, que foram amordaçadas, amarradas e dopadas antes de serem mortas com um tiro na cabeça. Foram ainda condenados por furto, por terem levado objetos da casa das vítimas>
Ronald deixou o Tribunal do Júri, realizado em Guarapari, em 27 de junho de 2019, preso e algemado. Mayderson não compareceu ao julgamento e estava foragido. Os dois chegaram a ser presos após o crime, mas foram soltos três anos depois. >
O caso teve grande repercussão na imprensa na época. O motivo teria sido um jogo de RPG (Role-Playing-Game), em que o filho morto também estava participando.>
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Mayderson foi preso pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) do Rio de Janeiro, às 19h40 de sábado (19), na BR 101, no Km 27, em Campos dos Goytacazes.>
Segundo informações da PRF, os policiais estavam na região e desconfiaram das atitudes dos ocupantes de um Toyota Corolla. Durante a abordagem e checagem dos passageiros, os policiais observaram que um dos ocupantes tinha contra ele um mandado de prisão em aberto.>
Ao consultarem a Polícia Civil do Espírito Santo, identificaram que o registro de ocorrência era relativo ao crime de uma família em Guarapari. Mayderson foi então conduzido para a Delegacia de Campos, onde permanecerá detido até que haja uma determinação da Justiça capixaba para que ele possa ser transferido para um presídio capixaba.>
Pai, mãe e filho foram mortos no dia 26 de abril de 2005, na Praia do Morro, em Guarapari. As vítimas eram o aposentado Douglas Augusto Guedes, de 52 anos, a esposa dele, Heloísa Helena Guedes, de 42 anos, e o filho do casal, Thiago Andrade Guedes, de 22 anos.>
Thiago era amigo dos acusados e também participava da partida, segundo o Ministério Público do Espírito Santo (MPES). Por volta das 20h30, Mayderson e Ronald estavam na casa da família e, depois de amarrarem as mãos das vítimas e obrigá-las a tomar uma dose forte de um psicotrópico, os mataram com tiros no ouvido.>
Os gamers utilizaram um revólver marca Taurus calibre 32, comprado dois meses antes, para matar a família. Na sequência, segundo o MPES, furtaram diversos objetos da casa, entre eles, um DVD, material escolar, roupas e calçados de Thiago e de seu pai, dois relógios, uma pulseira, um computador, telefones celulares, cartões de banco e outros pertences das vítimas. Após o crime, os denunciados teriam, ainda, efetuados vários saques na conta de uma das vítimas.>
De acordo com o inquérito policial que instruiu a denúncia do MPES, os denunciados foram à casa das vítimas com a finalidade de continuar um jogo de RPG que haviam iniciado uma semana antes.>
Mayderson teria chegado primeiro, sendo recebido pelo pai de Thiago, que autorizou a sua entrada, como de costume, já que ele era amigo de seu filho único há três anos e estaria acostumado até mesmo a dormir na casa. Ele se dirigiu ao quarto do rapaz, que não teria demorado a chegar.>
Em seguida, teria chegado o segundo denunciado, Ronald, que estaria indo à casa pela primeira vez. Também segundo o inquérito, eles não teriam jogado nenhuma partida específica de RPG, mas inventado eles mesmos o roteiro, no qual Thiago e sua família deveriam morrer, e a prova de que isso é verdade é que os acusados foram para a casa da família já portando um revólver.>
Depois de iniciado o jogo, ainda de acordo com o inquérito, a dupla teria concretizado o plano que havia sido tramado antes. Primeiro tomando de Thiago o cartão de crédito e a senha.>
Em seguida, o réu Mayderson teria se dirigido ao caixa eletrônico e efetuado um saque no valor de R$ 1 mil da conta do rapaz, passando, em seguida, em uma farmácia para comprar o psicotrópico. E, após isso, retornado à casa das vítimas.>
Utilizando o revólver que portavam, os réus teriam rendido os pais de Thiago, que estavam na sala, vendo televisão, amarrado suas mãos e os obrigado a ingerir os comprimidos de psicotrópico com água.>
Em seguida, teriam passado fita adesiva na boca das vítimas para que não gritassem e nem vomitassem o remédio que engoliram. O filho do casal teve também suas mãos amarradas para trás e foi, igualmente, obrigado a ingerir os comprimidos com água, sendo levado para seu quarto, onde deitou em sua cama.>
Em depoimento à polícia, Mayderson e Ronald contaram que começaram a jogar RPG por volta das 20h40, do dia 26 de abril de 2005, na casa de Thiago, juntamente com a vítima. Segundo eles, a história foi criada pelos próprios componentes, em que Ronald vivia o personagem de um mago e também narrava o jogo, Mayderson seria um advogado demoníaco e Thiago seria Flávio, um policial. O jogo durou cerca de cinco horas, quando a vítima acabou perdendo e, como penalidade, deveria morrer dormindo, com a família.>
Por volta da 1h30, os três foram até o quarto do casal, onde a corretora de imóveis Heloísa Helena Andrade Guedes, 42, dormia e amarram os braços dela com fita adesiva. Depois a obrigaram a tomar um sonífero. Eles seguiram até a cozinha, onde o aposentado Douglas Augusto Guedes, 52, estava e exigiram que ele tomasse o sonífero e deitasse no chão do quarto de Thiago.>
O pai foi o primeiro a morrer, com um tiro na cabeça. Depois foi a vez de Heloísa, da mesma forma. Thiago, sabendo que também ia morrer, sentou na própria cama, deixou que os companheiros o amarrassem e também tomou o sonífero. A polícia disse que, antes de matar Thiago, Mayderson teria ido até um caixa, em um shopping da Praia do Morro, com a senha da conta de Thiago e teria sacado R$ 1 mil.>
Quando Mayderson retornou para o local do crime, Thiago já havia dormido e foi atingido por dois tiros também na cabeça. Após as mortes, o jogo continuou, e eles fizeram várias apostas com o dinheiro sacado e com outros objetos da casa. De acordo com um investigador, quando Mayderson e Ronald se encontraram na delegacia, teriam dito um para o outro que o jogo continuava. Eles disseram que estavam vivendo uma fantasia e achavam que os membros da família não morreriam de verdade.>
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