Publicado em 11 de outubro de 2020 às 16:34
Quatro roubos e um homicídio. A ficha criminal das duas travestis acusadas de assaltar o delegado Marcelo Nolasco, na manhã do último sábado (10), em Vila Velha, foi um dos motivos que pesou na decisão da Justiça para que elas permanecessem atrás das grades. >
Após audiência de custódia neste domingo (11), Carolina Moreno, de 37 anos, e Chandra, 39 - como são conhecidas socialmente, tiveram as prisões em flagrante convertidas para prisão preventiva. >
Sobre a reincidência das acusadas, a Polícia Civil informou que Carolina Moreno possui passagem por homicídio e Chandra possui quatro prisões por assaltos. A reportagem teve acesso à ficha criminal das acusadas, onde é possível observar que os crimes aconteceram ao longo dos últimos 11 anos, entre 2009 e 2020. Sendo o homicídio em 2017, na Serra. >
Esses antecedentes foram citados pela juíza Thaita Campos Trevizan, em decisão durante a audiência de custódia. Segundo a magistrada, após pesquisas realizadas nos sistemas judiciais foram encontrados os registros criminais em nome das duas travestis. Dentro desse contexto, ela explicou:>
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"A custódia cautelar, como é cediço, é medida excepcional e destina-se à garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria, sendo estes os chamados requisitos subjetivos.">
Em outro trecho, ao converter a prisão em flagrante para prisão preventiva durante a decisão, a magistrada completa:>
"Desta forma, a liberdade dos autuados, neste momento, se mostra temerária e a prisão preventiva oportuna, uma vez que em liberdade poderão voltar a cometer atos da mesma natureza, eis que já possuem registros criminais, intimidar testemunhas e se evadirem do distrito de culpa", afirmou.>
Procurada, a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) confirmou que as acusadas deram entrada no Centro de Triagem de Viana (CTV) neste domingo (11).>
O delegado Marcelo Nolasco, de 54 anos, registrou uma ocorrência na manhã no último sábado (10), após ter sido vítima de assalto e agressão por duas travestis, no final da Praia de Itaparica, em Vila Velha. De acordo com Nolasco, as suspeitas fizeram ameaças e exigiram pertences dele enquanto ele caminhava e fazia imagens com o celular. As acusadas acabaram detidas pela polícia logo depois. Toda a ação foi registrada por câmeras de videomonitoramento da região.>
O delegado conta que ele estava caminhando na orla de Itaparica, quando parou para fazer um vídeo com o celular e foi abordado por uma travesti. >
"Caminhei hoje, como faço todos os dias. Cheguei no fim do calçadão por volta das 10 horas e conversei com o vendedor de água de coco que fica ali. Eu vi as duas travestis, sei que ali é normal ponto de prostituição. Mas na hora pensei: elas estão fazendo programa, não são assaltantes. Pois como essa população atua nos mesmos pontos, acreditei que não seriam capazes de assaltar com o risco de serem logo localizadas. Foi quando peguei o celular e fiz uma filmagem selfie. Ao iniciar a caminhada de volta, uma travesti me abordou e mandou que eu apagasse a filmagem que ela imaginava que eu teria feito dela", lembra. >
O delegado conta que respondeu que não filmou a suspeita. Mas como ela insistiu, Nolasco afirma que mostrou o vídeo que havia acabado de fazer para provar que não a filmou. >
"Mostrei, sem maldade. Nesse momento, ela agarrou o meu celular e tentou subtraí-lo (roubá-lo). Falei que era policial e que se ela roubasse o meu celular, eu iria atrás dela depois. Mas ela não acreditou e me xingou. Foi quando a segunda travesti chegou com uma garrafa de cerveja vazia na mãos, mandando eu entregar o celular ou iria quebrar a garrafa em minha cabeça e me cortar. Eu não soltei o celular e resisti ao assalto. Então, me derrubaram, me jogaram na restinga, me agrediram e roubaram o pouco dinheiro que eu carregava", contou. >
O delegado disse que as suspeitas exigiram o valor de R$ 50. Imobilizado no chão, ele afirma que conseguiu tirar a capa do celular e entregar R$ 5 que havia guardado para comprar água de coco. Além da quantia em dinheiro, elas levaram também a capa do aparelho. >
Nesse momento, Nolasco conta que um motorista viu a cena, parou o carro e gritou com as assaltantes para soltarem a vítima. Foi quando, aproveitando a distração das suspeitas, o delegado conseguiu correr até o calçadão. Ele viu uma viatura da Polícia Militar e pediu ajuda. >
Os policiais da viatura conseguiram prender uma e a outra fugiu. Mas assim que cheguei com a ocorrência na 2ª Delegacia Regional de Vila Velha, os policiais civis empreenderam diligências e conseguiram prender a segunda (acusada) logo depois. As assaltantes foram autuadas em flagrante por roubo qualificado por agressão e uso de arma branca. Elas serão encaminhadas ao sistema prisional. Tudo foi integralmente filmado pelo videomonitoramento da prefeitura e temos as imagens. Além disso, há uma testemunha que presenciou tudo", conta. >
As duas detidas foram encaminhadas para a 2ª Delegacia Regional de Vila Velha mesma delegacia onde o delegado atua como chefe. Elas foram encaminhadas para o sistema prisional, onde permanecem detidas, após terem a prisão em flagrante convertida em preventiva neste domingo (11). >
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