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Publicado em 1 de fevereiro de 2023 às 20:40
- Atualizado há 3 anos
Treze dias após um abrigo clandestino localizado no distrito de Itaipava, em Itapemirim, no Sul do Estado, ter sido fechado, outro abrigo foi fechado nesta quarta-feira (1), no distrito de Itaoca, também em Itapemirim. No local, haviam seis internos com transtornos mentais.>
Em entrevista ao repórter Matheus Passos, da TV Gazeta Sul, o delegado Djalma Pereira contou que o conhecimento dos fatos partiu de denúncias de populares. “Eles alegavam que estavam vendo pessoas, aparentemente, com doenças mentais em uma residência sem qualquer visitação de familiares”, disse. >
Desse forma, a Vigilância Sanitária do município fiscalizou o local e constatou um imóvel com pessoas as quais não eram conhecidas. Em seguida, a polícia buscou apoio judicial e de posse do mandado de busca e apreensão conseguiu entrar no abrigo. “Constatamos que realmente era uma situação de necessidade da atuação dos órgãos públicos”, falou.>
De acordo com a prefeitura, o espaço precário não apresentava alvará de funcionamento e nem alvará sanitário. Foram recolhidos pela Vigilância Sanitária diversos remédios vencidos e vários outros sem identificação. “O espaço não tinha condições de ser um abrigo, a alimentação e a higiene pessoal eram péssimas, sem contar no forte odor de urina e fezes”, declarou Maria Helena Spinelli Escovedo, da Secretária de Assistência Social.>
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Segundo o delegado, os internos se encontravam em uma situação em que a alimentação era insuficiente, não tinha qualidade – visto que encontraram uma panela de arroz mal cozida. >
Djalma Pereira
DelegadoAlém disso, Djalma informou que essas pessoas dormiam em um colchão no chão, sem coberta, lençóis e roupas de cama. E, aqueles que precisavam receber um tratamento especializado devido a doenças que tinham, não recebiam. >
De acordo com o delegado, a primeira pessoa identificada como responsável do local havia trabalhado como gesseiro no Hospital Santa Casa de Cachoeiro e em uma Organização Não Governamental (ONG). “Possivelmente, essas pessoas que hoje estavam mal assistidas eram procedentes, já que quase todas tinham passagem nessa ONG que funcionou em Cachoeiro e foi extinta”, explicou.>
Além desse indivíduo, outra pessoa deve ser identificada na ação, já que é quem ficava com os documentos e cartões de benefícios dos internos. >
O delegado comentou, ainda, que a polícia recebeu uma denúncia que estava havendo abuso sexual entre uma das internas. “Ao chegarmos ao local, o médico que nos acompanhou, levou essa senhora até o hospital e foi constatado que ela tinha vestígio de violência na área íntima”, comunicou. >
A interna foi encaminhada ao Serviço Médico Legal (SML) para que o perito possa determinar o tipo de lesão e se tem vínculo com o abuso sexual, conforme pronunciou Djalma.>
Diante de toda essa situação, o delegado Djalma Pereira expôs um ponto em relação ao descaso vivido pelos idosos. “Nós vimos que a sociedade está doente, já que deixam abandonados, sem visitação, pessoas queridas”, desabafou. >
Ele deu um exemplo do que viu durante a ação da polícia. Segundo ele, um filho foi buscar a mãe e quando ela se aproximou para dar um abraço, pois não via o filho há mais de um ano, ele a empurrou para que a mesma não se aproximasse. >
Djalma Pereira
DelegadoO delegado destacou que, agora, a Assistência Social realiza o levantamento dos familiares para fazer a entrega dos pacientes. Contudo, se alguém da família negar em recebê-los, ele será responsável criminalmente por meio do inquérito policial e responderá por abandono intelectual.>
“Espera que a população denuncie qualquer suspeita de outros casos de maus-tratos para que seja possível apurar e evitar que continue acontecendo. Realmente dói o coração ter que atuar nessa área, mas, infelizmente, a situação precisa de uma repressão e isso vai ser dado, já que a delegada que faz a área de defesa irá autuar o cidadão pelos crimes de maus-tratos contra pessoas com incapacidade permanente”, concluiu. >
Abrigo clandestino é fechado em Itapemirim
Com o fechamento do abrigo clandestino, a prefeitura informou que a Polícia Civil está cuidando do indiciamento dos acusados, já o município ficou responsável pela questão social. "Dos seis internos, dois foram acolhidos por familiares, outros três a Secretaria de Assistência Social e Cidadania levou até os familiares que se prontificaram cuidar dos mesmos. E um dos internos foi levado para um abrigo legalizado em Cachoeiro de Itapemirim. O espaço é particular e será pago pela Prefeitura de Itapemirim, já que familiares se recusaram a ficar a responsabilidade pelo mesmo", explicou.>
O órgão publicou uma nota de repúdio do prefeito Antônio Rocha dizendo que lamenta o ocorrido. Confira na íntegra a seguir:>
"Lamento e repudio veemente os registros de maus-tratos identificados em mais um abrigo clandestino fechado hoje Itapemirim.>
Este triste episódio, chegou ao conhecimento da nossa Vigilância Sanitária através de uma denúncia anônima, que prontamente foi apurada, e as informações apresentadas à Polícia Civil, o que resultou na operação policial realizada hoje com fechamento do um abrigo clandestino que ficava na localidade de Itaoca, litoral de Itapemirim.>
Agradeço ao Delegado chefe da 9ª Delegacia Regional (Itapemirim), Dr. Djalma Lemos, e toda sua equipe por não medirem esforços para acabar com o sofrimento daquelas pessoas que viviam maltratadas naquele espaço sem qualquer tipo de registro ou até mesmo condição de funcionamento. >
Sabemos que todas as medidas legais cabíveis estão sendo tomadas, inclusive para apurar as suspeitas graves ali evidenciadas.>
Parabenizo o brilhante trabalho realizado pelas equipes da Prefeitura que acompanharam a polícia, prestando todos os serviços necessários: Vigilância Sanitária de Itapemirim, CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento), CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), Assistência Social, equipe Médica e de Enfermagem da unidade de saúde de Itaoca e a Guarda Municipal.>
Os internos eram seis pessoas com transtornos mentais, sendo cinco homens e uma mulher.">
Nesta quinta-feira (02), o delegado Djalma Pereira, informou que o responsável pelo local foi autuado pelos crimes de cárcere privado e mau-tratos. “Aguardamos o laudo de conjunção carnal da mulher de 54 anos para saber se houve crime de estupro contra ela também. Isso, pode ser agravado à ele no inquérito, pois segundo testemunhas ouvidas, ele tinha conhecimento do possível crime”, informou o delegado.>
Djalma disse ainda que a partir desse laudo deve pedir ou não pela prisão do suspeito de cometer o suposto estupro, um homem de 34 anos, que é soro positivo. "Ele negou o crime, mas disse que teve relação com a mulher", falou.>
Uma outra mulher, que também seria responsável pelo abrigo ilegal, foi identificada, mas não foi ainda localizada, nem se apresentou à polícia. O inquérito deve ser concluído em 10 dias.>
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