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Novos pontos de alagamentos chamam a atenção em Cariacica e Viana

Novos pontos de alagamentos chamam a atenção em Cariacica e Viana

Regiões que, mesmo em dias de fortes chuvas, não registravam inundação foram tomadas pelas águas no último temporal

Publicado em 3 de março de 2020 às 06:00- Atualizado há 4 anos

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Galpão da empresa Argalit, em Vila Bethânia, Viana: no dia seguinte às chuvas, lama e prejuízo . (Divulgação)

Para quem vive na Grande Vitória, não é difícil apontar locais que sempre alagam em dias de fortes chuvas, como a região de Cobilândia, em Vila Velha. Mas, no temporal deste domingo para segunda-feira (2), surgiram novos pontos de alagamento em Cariacica e Viana que chamaram a atenção de moradores e empresários. 

Entre as áreas afetadas e que, tradicionalmente, não registravam inundação estão a região do Terminal de Campo Grande e do Shopping Moxuara, em Cariacica. A água, na noite de domingo, praticamente cobria os automóveis e, diante do estabelecimento comercial, até um ônibus foi invadido pela enxurrada.

Informações circularam indicando que o problema teria sido provocado pela obra em um trecho da Leste-Oeste, nas imediações do terminal, de responsabilidade do governo do Estado. Até o prefeito Geraldo Luzia de Oliveira Júnior, o Juninho, foi comunicado dessa suposta condição, mas disse que não era nada oficial. 

Juninho falou que também atribuíram a enchente a uma obra do município, na Avenida Expedito Garcia, que prevê a troca das manilhas da galeria em um trecho de quase 700 metros. "É uma região que historicamente alaga, e onde nunca tinha sido feita obra. Estamos trocando as manilhas, o que vai aumentar a capacidade de vazão em até seis vezes. A obra tem justamente o objetivo de acabar com os alagamentos, e posso assegurar que não provocou os deste domingo."

LESTE-OESTE

Quanto às obras na Leste-Oeste, o diretor-presidente do Departamento de Edificações e de Rodovias (DER-ES), Luiz Cesar Maretto Coura, também afirma que não contribuíram para os novos pontos de enchente em Cariacica. Para ele, o grande volume de chuvas em poucas horas, inclusive na região Serrana, favoreceu às inundações. "Não tem a menor chance de a obra ser a causadora".

Maretto diz que a intervenção na área de drenagem que está sendo realizada nas proximidades do terminal não alteram em nada as configurações do que já existia. "Estamos fazendo a ponta que ficou para trás dessa obra, canalizando o rio do tamanho que ele é. O curso do rio permanece; os córregos Campo Grande e Maria Preta estão exatamente iguais", pontua. 

Diferentemente da situação da Grande Cobilândia que, em função de obra anterior na Leste-Oeste, aumentou a velocidade de vazão da água dos córregos. Neste caso, explica o diretor do DER-ES, o órgão está realizando intervenções para desassoreamento dos canais a fim de minimizar os impactos das chuvas. Pontos onde, antes, havia de 60 a 70  centímetros de lâmina d'água, hoje chegam até a três metros. "Aumentamos a capacidade de armazenamento e de vazão", garante. 

PREJUÍZO

Em Viana, a região de Vila Bethânia também não sofria com enchentes como neste temporal. Várias empresas que ficam situadas à margem da BR 262 foram tomadas pela água, que deixou um rastro de destruição e prejuízo.

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Estou neste galpão há 14 anos, e isso nunca aconteceu. A empresa fica mais ou menos um metro acima do nível da rua e, ainda assim, entrou quase meio metro de água

Raphael Cassaro Machado
Diretor da Argalit
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Raphael Machado, diretor da Argalit e presidente da Associação de Empresários de Viana (AEV), ressalta que o problema não ficou restrito a sua empresa. Várias outras indústrias foram afetadas.  "Isso gera uma insegurança, desvalorização do imóvel e é mais um risco para o negócio. Aí, a gente pensa se realmente vai continuar por aqui", pontua.

Na Argalit, que produz material para a construção civil, houve perda de matéria-prima e de produtos, mas os prejuízos ainda não foram contabilizados. Para Raphael Machado, a inundação tem relação com uma obra recente na BR 101 e que, em sua opinião, teve o serviço de drenagem mal-executado.

"Foram colocadas manilhas muito grandes, mas ligadas a lugar nenhum. A água vai para manilhas velhas da cidade, que não dão vazão. Na verdade, o problema já era até esperado pela falta de atuação do poder público, que sabia da situação, e nada fez. Esse é o sentimento de vários empresários", ressalta.

O OUTRO LADO

A Eco101, por nota, informa que as obras realizadas não interferem no regime de captação e destinação do fluxo pluvial da região, prevendo somente o remanejamento e reconstrução dos dispositivos de drenagem existentes na rodovia.

"A ocorrência de alagamentos nesta região é decorrente de um problema de macrodrenagem que extrapola os limites da rodovia, ou seja, está fora do trecho sob concessão. O assunto vem sendo tratado com os órgãos competentes para estabelecer soluções que possam eliminar o problema de forma definitiva", conclui a nota.

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Procurada, a Prefeitura de Viana também respondeu por nota sobre ações que tem realizado.  Sobre a possibilidade de obras teriam potencializado o efeito das chuvas, "destaca que o volume nos últimos meses tem ocorrido de forma intensa, em um pequeno espaço de tempo, o que tem dificultado a absorção completa da água." Foi solicitada entrevista com o prefeito Gilson Daniel para mais esclarecimentos, porém não houve resposta para a demanda. 

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