Publicado em 14 de setembro de 2023 às 09:27
Samara Braga, de 32 anos, mãe e administradora desempregada que relatou discriminação durante uma entrevista de emprego sobre o fato de ter filhos, recebeu mensagens de apoio e inúmeras propostas de trabalho depois que o caso repercutiu na web. Moradora de Cariacica, na Grande Vitória, a situação aconteceu durante conversa com o próprio recrutador numa rede social.>
Na conversa, que viralizou no Linkedin, a profissional, que é mãe de um menino de seis anos e está em busca de uma vaga há dois meses, disse que o recrutador atrasou três horas para começar a entrevista e, quando ela disse que não poderia participar no novo horário, a questionou sobre "a rotina de tantos compromissos de um desempregado".>
Samara ainda tenta justificar dizendo que "o fato de estar desempregada não significa que ela tenha que estar disponível o dia todo". Foi quando ela disse que estava organizando as coisas do filho e também terminando um pudim de encomenda.>
"Sempre difícil contratar quem tem filhos", respondeu o recrutador, que completou: "Foque no que quer".>
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Samara Braga
AdministradoraSamara também disse que tem recebido muito apoio, mas também ficou triste por ler tantos relatos parecidos com o seu. Ela contou que amigas próximas também já passaram por situações semelhantes.>
"Estou feliz pelo apoio das pessoas, a questão desse conforto mesmo. Por outro lado, a sensação é de tristeza. São muitos comentários de muitas pessoas que passaram por coisas parecidas pela qual eu passei. Pensar que não é somente ele, essa empresa, são outras pessoas. É todo um sistema que coopera para que isso aconteça o tempo todo".>
Sobre a repercussão do caso, ela disse que espera que a situação exposta sirva de exemplo para recrutadores e empresas, e também como ponto de apoio para mães que querem conquistar seu espaço no mercado de trabalho.>
"Que isso sirva de exemplo para pessoas dessa área, para elas saberem que do outro lado existem pessoas que estão desempregadas, mas estão lutando no dia a dia para poder sobreviver. Que sirva de apoio para mulheres e mães, que elas não estão sozinhas. Isso não vai nos limitar. A maternidade não limita, muito pelo contrário, ela impulsiona para que a gente corra atrás, consiga um futuro muito melhor não só para nós mas para os nossos filhos.">
A administradora, que atua com foco em gestão de pessoas, também falou sobre a importância de as mulheres não serem vistas apenas como mães ou profissionais porque desempenham inúmeras funções no dia a dia.>
"Como mãe, como mulher, eu fico muito indignada com tudo e um sentimento de que a gente precisa de mais apoio. É a gente que cria, que dá à luz, coloca no mundo e é responsável por educar homens e mulheres para o futuro e precisa ter um apoio para exercer a maternidade e não ser somente a maternidade. Não sou somente mãe, sou filha também, sou amiga, esposa, uma profissional e eu quero ter o direito de exercer outras funções e ter esse apoio. Não ser cobrada nem apontada o tempo todo somente porque eu sou mãe", disse Samara.>
Enquanto não volta para o mercado de trabalho, a administradora tem vendido doces para ajudar a pagar as contas da casa.>
Samara Braga
AdministradoraPor enquanto, a administradora disse que não pretende denunciar o caso nem pedir uma indenização.>
"Não vou entrar com essa denúncia pedindo esses danos morais porque tenho receio pela minha proteção e da minha família. O estado é pequeno e fico com medo porque a gente nunca sabe quem está do outro lado", falou a administradora.>
O Ministério Público do Trabalho (MPT) no Espírito Santo disse que vai abrir uma denúncia para investigar o caso.>
Com informações do G1 ES.>
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