Publicado em 28 de abril de 2020 às 21:52
Com o aumento do número de casos de pessoas infectadas pelo coronavírus, e, consequentemente, com o crescimento no número de óbitos registrados pela Covid-19 no Espírito Santo, capixabas passam a questionar direitos relacionados aos seguros de vida. Neste sentido, clientes de seguradoras foram pegos de surpresa, já que algumas delas não garantem a cobertura em decorrência de pandemias. A reportagem de A Gazeta conversou com especialistas para entender o que deve ser observado para garantir maior proteção aos segurados e aos seus dependentes. >
De acordo com o advogado especialista em Direito do Consumidor e também comentarista da CBN Vitória, Luiz Gustavo Tardin, em regra, as seguradoras não cobrem óbitos em razão de pandemias, o que, em tese, permitiria a não inclusão de morte pelo novo coronavírus nos contratos. "A minha primeira sugestão, diante disso, é pedir ao corretor a apólice do seguro completa e dar uma lida. Tenho observado que muitas seguradoras estão refazendo cláusulas e notificando essas mudanças aos corretores, passando a incluir a situação da Covid-19. As mensagens nesse sentido se tornam cláusulas contratuais, vinculando as empresas", afirma.>
Apesar de não ser obrigatória a previsão no contrato dos casos de pandemia, a tendência é que as seguradoras passem a aderir à cobertura nesta situação inesperada. "De uma forma geral, as seguradoras vêm garantindo isso. É a primeira pandemia em muito tempo, se não se posicionam, as pessoas vão dar preferência para quem faz cobertura, o que acabaria gerando perda de clientes para empresas que não têm essa previsão. Cabe ao consumidor ter cuidado, buscar conhecer a apólice e saber se a seguradora mudou de posicionamento para incluir especificidades sobre o momento atual", acrescenta o especialista.>
Segundo a corretora de seguros Lorena Amequin, não tem havido diferença de valores pagos pelos consumidores neste tipo de contrato. "Não teve essa alteração por nenhuma seguradora. Antes, a única seguradora atuando no Brasil que previa cobertura em epidemias e pandemias era a Icatu Seguros. Porém, no momento atual, por conta do coronavírus, algumas outras atuantes no país abriram a cobertura para abranger este momento delicado. Inclusive, algumas empresas fizeram isso apenas no mercado brasileiro, em detrimento aos países de origem", explica.>
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No mesmo sentido, Tardin confirma que as empresas de seguro de vida não têm cobrado valores a mais pela inclusão da proteção aos casos de morte pela pandemia atual.>
Na visão de quem atua na área, tem sido percebido o aumento da procura de profissionais da saúde por seguros de vida. "Por um lado, existe um grande aumento por parte destes profissionais, já que ficam naturalmente mais expostos à pandemia. Aparentemente, ficou mais evidente a preocupação com a morte e com a segurança familiar. Por outro viés, empresários e autônomos estão deixando de trabalhar e tiveram a renda diminuída, o que fez com que não tenham procurado contratar os nossos planos, em virtude da crise financeira", afirma a corretora. >
Tanto para o advogado Luiz Gustavo Tardin quanto para a corretora de seguros Lorena Amequin, alguns cuidados devem ser observados pelos consumidores, em especial neste momento. Confira: >
O diretor-presidente do Instituto Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-ES), Rogério Athayde, informa que os consumidores que enfrentarem problemas com a cobertura contratual dos seguros de vida poderão recorrer ao órgão para que se façam valer as regras previstas em cada contrato. >
O primeiro passo é sempre buscar o diálogo e um acordo com a seguradora, mantendo o íntegro cumprimento do contrato e coibindo prováveis cláusulas abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade, segundo o Código de Defesa do Consumidor. Em caso de negativa, poderá o consumidor recorrer ao Procon, munido dos seus documentos pessoais e do contrato, para que, após análise, a seguradora seja notificada, buscando o cumprimento do direito do consumidor ou, ainda, indagar os motivos de uma provável negativa", afirma.>
Trajetória do coronavírus no ES
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