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Publicado em 9 de outubro de 2022 às 12:06
Uma fábrica de roupas em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, produz peças para um público diferente e que não são vistas nas vitrines das lojas. A confecção se dedica a produção de roupas litúrgicas usadas por padres, bispos do Estado e de todo o país. Até o Papa Francisco já usou peças feitas pela empresa capixaba, durante uma visita ao Brasil, em 2013. >
A fábrica foi fundada há cerca de 30 anos, como uma necessidade da Diocese de Colatina, na sua instalação em 1990, além das paróquias e comunidades. São 25 funcionários que mantêm a produção funcionando, cuidando das peças com bordados especiais e aplicações trabalhadas.>
Por exigir mais cuidado com as roupas, o tempo de produção também é maior, o que faz com que o volume de roupas costuradas seja menor. Enquanto uma fábrica de roupas convencionais produz cerca de 10 mil peças por mês, a produção de roupas litúrgicas gira em torno de 2 mil peças.>
As vestimentas também exigem um trabalho atento na criação. Além da beleza, as peças precisam representar toda a simbologia da religião.>
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“É um cuidado com a liturgia. O cuidado com os fiéis, com a Igreja, com a celebração litúrgica, passa também pela sua aparência", afirma o gerente administrativo da fábrica, Marcos Antônio Casotti, para o repórter Alessandro Bacheti, da TV Gazeta Noroeste.>
Em 2013, os funcionários da fábrica ganharam uma missão especial: vestir o Papa Francisco. O convite para produzir as roupas veio da diocese de Aparecida, em São Paulo. O pontífice utilizou as peças capixabas na primeira missa aberta ao público no Brasil, no dia 24 de junho do mesmo ano, na Basílica de Aparecida do Norte.>
"De lá veio a grande proposta. Se a gente poderia fazer os paramentos para o Papa quando ele estiver celebrando em Aparecida. No meio dessa história tem também os 50 co-celebrantes, os cardeais, arcebispos, bispos, padres, ao todo dá umas 300, 350 vestes a serem produzidos", contou o diretor da fábrica em Colatina, padre Ernandes Fantin, na ocasião.>
Para a celebração da missa, foram confeccionadas quatro peças, sendo elas a túnica, a estola, que caracteriza a função do sacerdote, a casula, utilizada somente nas ocasiões de celebração de missa, e a mitra. Feitas com tecidos brasileiros, as peças foram pensadas para transmitir a humildade passada pelo Papa.>
“Foi tanta alegria, que deu até vontade de chorar naquele dia. Foi muito emocionante!”, relembra a costureira Fernanda Kefler, que trabalha na fábrica e participou da confecção das peças usadas pelo Papa.>
A fábrica tem lojas em Aparecida do Norte, São Paulo, e faz vendas pela internet. No ano passado, a produção foi expandida para além do Brasil, e a confecção começou a exportar peças para padres de outros países. Já foram enviados paramentos para a países da América do Sul e também para os Estados Unidos.>
Este ano, eles receberam outra grande encomenda. Foram feitas quase 600 peças para os religiosos que participaram da assembleia geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. >
“Foi uma correria. Foram cerca de 2 meses para produzir 600 peças. Uma produção que é muito artesanal e manual, apesar de ser um produto em linha. Mas foi um momento importante também para nós participar de uma festividade da maior entidade da Igreja no Brasil”, conta o gerente administrativo da fábrica.>
Os valores variam de acordo com as peças, que podem ser de R$ 50 até R$ 3 mil. Mas o lucro não fica todo para a fábrica. Mensalmente, parte dos valores são direcionados para a Cáritas Diocesana e o Fundo Diocesano de Solidariedade, aplicados em obras sociais em 16 municípios do Estado.>
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