A cada dez pessoas que residiam no Espírito Santo em 2022, pelo menos uma não tinha internet em casa, segundo o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados, divulgados na manhã de quinta-feira (12), também tratam de informações relacionadas à condição de ocupação, material das moradias e tamanho das casas brasileiras.
Em relação ao acesso à internet, 90,4% da população capixaba tinham acesso ao serviço de conectividade, enquanto os outros 9,6% não possuíam. Nesse grupo, a maioria das pessoas sem internet eram as pretas, indígenas e pardas, respectivamente.
Entre a população que se autodeclara preta no Estado, 35,8% do grupo registrou a ausência de acesso domiciliar à internet. Entre os pardos, a proporção foi de 31,5%, enquanto indígenas somaram 33,7% sem internet. Entre a população branca, 18,2% declararam não ter conexão em casa e, entre as pessoas que autodeclaram como amarelas, a proporção sem internet foi de 18,7%.
Por serem dados preliminares e por ser a primeira vez que o IBGE faz o levantamento das condições de acesso à internet nas casas, não é possível fazer comparações históricas — como a feita sobre o aumento de domicílios alugados no Estado —, já que o recorte não foi feito em Censos como os de 2000 e 2010.
Entretanto, segundo Gilberto Sudré, especialista em Segurança da Informação e Computação Forense, os números relacionados à ausência de internet nos lares capixabas podem ser explicados por desigualdades sociais e por falta de infraestrutura em áreas rurais e remotas, por exemplo.
“Muitas famílias de baixa renda não consegue arcar com os custos de equipamentos, como os computadores, celulares e serviços de internet. Então, isso pode limitar o acesso dessas famílias a tecnologias básicas. Obviamente que a internet tem uma boa estrutura em grandes cidades, mas em áreas rurais e remotas pode ser diferente, o que pode explicar a ausência dela”, explica Sudré.
O especialista ainda pontua que a baixa escolaridade de determinados grupos da sociedade também podem refletir a falta de conectividade.
“As famílias com um menor nível de instrução podem ter menor interesse ou até baixo conhecimento sobre o uso da internet, o que também pode reduzir essa demanda pela conexão. Além disso, temos a falta de políticas públicas para uma maior e melhor exposição da internet para quem precisa”, pontua.
Ainda de acordo com Sudré, o alto custo de determinados serviços ligados à internet também é um fator relevante para a ausência da mesma em alguns lares, o que acaba contribuindo com a limitação do acesso às oportunidades de educação, trabalho e demais serviços essenciais.
Ainda conforme o IBGE, 26,8% dos residentes no Estado não possuíam máquina de lavar roupas. Ao mesmo tempo, o item tem registrado crescimento nos lares capixabas, já que, no Censo de 2000, a proporção da população com o eletrodoméstico era de 30,5% e, em 2010, eram 43,7%. No Censo atual, a porcentagem que possui o item chega aos 73,2%.
Vale salientar que esta é a primeira divulgação do questionário amostral do Censo Demográfico 2022. A pesquisa considera os domicílios particulares permanentes ocupados. Não inclui moradores de domicílios improvisados e coletivos, tampouco domicílios de uso ocasional ou vagos.
O questionário foi aplicado para 10% da população brasileira e, segundo o IBGE, os dados ainda necessitam de uma maior análise para que se tornem representativos da população total.
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