Publicado em 5 de maio de 2023 às 17:13
A morte de Guilherme Rocha, de 37 anos, no dia 17 de abril deste ano, chocou todo o Espírito Santo. O músico foi assassinado com um tiro disparado pelo soldado da Polícia Militar Lucas Torrezani de Oliveira, de 28 anos, após o vizinho ter pedido que o policial diminuísse o volume do som que estava tocando durante a madrugada em uma área de uso comum do condomínio onde os dois morava, em Jardim Camburi, Vitória.>
Desde então, a família tenta assimilar tudo que aconteceu e pede justiça em relação ao ocorrido. Em entrevista exclusiva à jornalista Rafaela Marquezini, da TV Gazeta, o pai da vítima, Glício da Cruz Soares, falou sobre saudade que sente de Guilherme, a relação com o policial autor do assassinato e como ficou sabendo do crime. >
A entrevista aconteceu na casa do médico, onde Guilherme morou até o mês de janeiro deste ano. A casa tem fotos do músico e muitos instrumentos utilizados pelo músico. Perguntado sobre o que sente quase um mês após a morte do filho, o médico respondeu: "a saudade é imensa".>
Glício da Cruz Soares
Pai de Guilherme RochaHá 17 anos, Glício da Cruz Soares também sofreu com a perda de outro filho, o Antônio – que morreu vítima de um acidente de trânsito quando estava voltando do trabalho para casa. Apesar das duas perdas, o pai afirma que são situações diferentes e que o assassinato de Guilherme foi uma "brutalidade". Ele classificou a morte de Guilherme como uma "inconsequência de alguém despreparado" para ser policial militar.>
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Perguntado se acredita haver despreparo, no geral, na Polícia Militar, Glício da Cruz Soares opinou que alguns militares praticam atos que "fogem dos princípios da atividade".>
"Acredito que haja um despreparo. Não falo da Polícia Militar como um todo, mas alguns menos preparados e menos vigiados cometem alguns delitos que fogem dos princípios da atividade. Um policial sem farda, bebendo e com arma na cintura não está preparado para ser policial", afirmou à TV Gazeta.>
O músico Guilherme Rocha, de 37 anos, foi morto durante a madrugada do dia 17 de abril. Ele desceu do apartamento onde morava com a companheira e enteada para pedir que o policial militar diminuísse o volume do som. Como mostram imagens feitas por câmera de videomonitoramento, Guilherme entrou na área de festa do prédio e tentou conversar com o soldado, mas foi baleado.>
O médico contou à TV Gazeta que foi acordado por amigos de Guilherme, que informaram sobre a morte.>
"Fui acordado às 4h. Chegaram no portão e disseram para eu não me assustar e que o Guilherme tinha sido morto por um tiro na cabeça. Como eu não me assusto?", disse Glício.>
Glício da Cruz afirmou que não esteve com o policial militar que atirou em Guilherme Rocha. Perguntado sobre o sentimento quanto ao homem que atirou no músico, o médico disse ter mágoa e pena.>
"Sinto mágoa por ele ter tirado a vida do meu filho, mas eu tenho pena. Sou espírita e minha fé diz que Deus tem um projeto de vida para cada um de nós. E nós não sabemos. Mas quero que a Justiça 'dos homens' também julgue", afirmou.>
O pai de Guilherme também foi perguntado sobre o que diria aos pais do policial militar.>
"Falaria que Deus perdoe e dê luz para o filho, que ilumine o caminho dele. Que ele possa fazer uma reflexão do mal que ele cometeu. Sei que os pais estão sofrendo pelo filho que está preso", afirmou.>
Apesar de demonstrar emoções durante a entrevista sobre a morte do filho, o médico Glício da Cruz ressaltou que é importante não viver uma tristeza.>
"Fica mais vazia, sim. Mas a gente tenta encher. Não podemos viver tristeza, podemos viver saudade. As lágrimas vêm. Não podemos viver tristeza porque Guilherme era alegria", disse.>
Procurada pela reportagem de A Gazeta, a Polícia Civil informou que as investigações e as diligências da Divisão Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória estão em andamento. O policial militar foi detido em cumprimento de mandado de prisão no dia 17 de abril e foi encaminhado ao presídio Militar, no Quartel do Comando Geral (QCG) da Polícia Militar, onde permanece à disposição da Justiça.>
A Polícia Civil ressaltou que é importante, nesse momento dos trabalhos, que as informações sejam tratadas no âmbito policial. "Os policiais estão trabalhando com afinco, todos os dias, com objetivo de prestar o melhor serviço aos parentes das vítimas, não só desse caso, mas de todos que possuem inquérito em aberto na unidade", informou em nota.>
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