Publicado em 4 de janeiro de 2023 às 19:34
Uma nova subvariante da cepa ômicron, do coronavírus, preocupa autoridades de saúde nos Estados Unidos e na Inglaterra pelo alto potencial de transmissão e acende um alerta para o resto do mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Trata-se da subvariante XBB.1.5, que é uma mutação da ômicron XBB, descoberta pela primeira vez na Índia em agosto de 2022. >
A cepa XBB — uma fusão de BA.2.10.1 e BA.2.75 — fez os casos de Covid-19 quadruplicarem em apenas um mês em alguns países. >
Atualmente, ela é responsável por quase 41% dos casos confirmados da doença no território norte-americano: na semana do Natal, o percentual era de 21%, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). >
No Reino Unido, uma em cada 25 ocorrências da enfermidade são causadas por essa versão, ainda não identificada no Brasil. Além disso, especialistas temem que a XBB 1.5 seja mais resistente às vacinas contra a covid-19.>
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Veja o que se sabe sobre os riscos dessa nova subvariante.>
A XBB.1.5 foi identificada pela primeira vez nos Estados Unidos e é uma derivada da XBB, subvariante que provocou uma alta de casos em setembro do ano passado em Cingapura e na Índia e já foi registrada no Brasil. A sublinhagem é resultado de uma recombinação de outras versões da Ômicron.>
A XBB.1.5 cresceu e se tornou predominante em Cingapura e na Índia, ao mesmo tempo em que a BQ.1 crescia em outros lugares, como os EUA e o Brasil. Isso porque ambas surgiram em períodos semelhantes e apresentam mutações que aumentam o seu potencial de escapar dos anticorpos conferidos pela infecção prévia e pelas vacinas, e consequentemente de provocar casos de reinfecção.>
Um estudo de dezembro, publicado na revista científica Cell por pesquisadores da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, mostrou que essas duas versões da Ômicron (BQ e XBB) são as com maior escape identificado até o momento, com a XBB tendo uma resistência maior às defesas, até 49 vezes superior à da linhagem BA.5, que predominou durante boa parte de 2022.>
Em uma apresentação do grupo técnico da OMS nesta quarta (4), a epidemiologista e responsável pelo grupo de Covid da entidade, Maria van Kerkhove, disse que "a variante é a mais transmissível até agora devido às mutações que acumulou" e que possui um escape imunológico, isto é, ela consegue fugir da imunidade conferida por vacinas e infecção prévia.>
A comunidade científica desconfia que a XBB.1.5 nos EUA possa ser a causa de mutações que geram maior impacto no organismo. O professor Lawrence Young, virologista da Warwick University, disse que o risco é maior em função da queda de eficácia da imunização e da ausência de proteção, como o uso de máscaras, no dia a dia.>
"A variante XBB.1.5 é altamente infecciosa e está gerando um aumento nas internações hospitalares em Nova York, principalmente entre os idosos”, diz. Segundo ele, “a diminuição da imunidade [com o tempo de aplicação das vacinas], clima frio e a falta de outras mitigações, como o uso de máscaras faciais, também estão contribuindo para esse surto de infecção nos EUA”.>
Para Paul Hunter, professor e epidemiologista na Universidade de East Anglia, a maioria das novas variantes “desaparecem em algumas semanas”. Ele considera, no entanto, que o crescimento acentuado na prevalência de XBB.1.5 é "certamente preocupante" e sugere "uma vantagem de crescimento bastante dramática e suficiente para gerar uma nova onda de infecções".>
Em outubro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a XBB, da qual a nova versão descende diretamente, não causa doença mais severa, embora apresente um risco mais elevado de reinfecções que todas as anteriores. Segundo Shan-Lu Liu, professor de virologia da Universidade Estadual de Ohio, nos EUA, a XBB tem uma "resistência extraordinária" aos anticorpos neutralizantes produzidos tanto por vacinação quanto por infecções anteriores.>
Um estudo do periódico New England Journal of Medicine mostra que pessoas vacinadas com a nova geração de imunizantes, chamados de bivalentes por contarem com uma parte da ômicron em sua formulação, apresentaram uma melhor resposta imunológica à XBB – ainda que a versão da variante utilizada na dose seja da BA5.>
“Por enquanto, temos observado que a proteção clínica continua adequada com as vacinas atuais, com menos casos severos mesmo com essa variante XBB envolvida. No contexto atual, não só para ela, como para a BQ.1, é importante que tenhamos o advento das vacinas bivalentes, que contam com uma parte mais similar a essas novas versões do vírus”, diz Fernando Spilki, virologista da Universidade Feevale, no Rio Grande do Sul.>
A preocupação com a XBB.1.5 vem, principalmente, do crescimento de casos nos EUA e no Reino Unido, mas outros países também já detectaram a subvariante — caso da França, Alemanha, Holanda, Espanha, Irlanda, Austrália, Cingapura e Índia.>
Enquanto Estados Unidos e Inglaterra lidam com o aumento de casos associados à XBB.1.5, a explosão de novas infecções na China após o cancelamento da política de "zero covid" levanta a preocupação do surgimento de novas variantes. Não se sabe ao certo a situação epidemiológica no país asiático — os testes obrigatórios encerraram no mês passado, impossibilitando rastrear a escala do surto. >
Oficialmente, desde 7 de dezembro, houve 15 óbitos, mas há desconfiança de que o número seja subestimado, pois hospitais e crematórios, especialmente nas áreas rurais, registram um aumento de pacientes e cadáveres, segundo a agência France-Presse de notícias>
Com informações de agências>
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