Publicado em 4 de maio de 2020 às 13:23
O isolamento social é uma das medidas mais eficazes de combate ao novo coronavírus, de acordo com especialistas. Mas o que se tem visto nas últimas semanas é exatamente o contrário: muitas pessoas ignorando as recomendações de distanciamento social. Nesse momento, o médico infectologista Lauro Ferreira Pinto fez um alerta preocupante: "Ou adquirimos disciplina, ou vamos aprender pelo pior caminho". E para achatar a curva de casos e de mortes pela Covid-19 no Espírito Santo, em entrevista ao Bom Dia ES, da TV Gazeta, nesta segunda-feira (4), ele também fez um pedido à população: "Façam mais duas semanas de isolamento".>
De acordo com o médico, a sociedade vive hoje uma situação completamente nova. Lauro falou sobre a importância do uso de máscaras e do isolamento social, já que estudos apontam que o vírus é transmitido antes da pessoa apresentar sintomas e adoecer. E, se as pessoas não se conscientizarem disso, o Brasil não irá conseguir inverter a curva. Para o infectologista, manter os comércios fechados é o mais sensato agora. >
Lauro Ferreira Pinto
Médico infectologistaLauro ainda explicou que a máscara, apenas, não é garantia de proteção, e enfatizou a importância de usá-la de forma correta e do distanciamento de mais de um metro entre as pessoas. >
"Devemos evitar pegar na frente da máscara, evitar falar demais, lembrando que ela dura em média 3 horas ou até menos se a pessoa falar muito. Após o uso, o correto é lavar e, se possível, deixar de molho no cloro. Esse é o novo normal. Até que chegue uma vacina, temos que usar a máscara, lavar as mãos, manter distanciamento e não levar as mãos no rosto. Faço um apelo: em honra aos médicos na linha de frente, aos empregos perdidos, precisamos inverter a curva. Por isso façam mais duas semanas de isolamento que vamos conseguir que esses números diminuam. >
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Em entrevista ao Fantástico neste domingo (4), o engenheiro Maurício Féo, que faz doutorado no Centro Europeu de Pesquisa Nuclear, em Genebra, na Suíça, contou que acompanha os números do Brasil e que a quantidade de desinformação que tem visto na internet o motivou a fazer vídeos mostrando que o isolamento dá resultado>
"A quarentena surte efeito. Até os primeiros 1.500 casos no Brasil a epidemia se comportou de forma exponencial. Se acompanharmos em escala logarítmica, vemos que ele segue em uma reta, íngreme. É possível ver que em determinado momento ela parou de seguir a curva de exponencial e freou, começando outra tendência, depois freou mais ainda, seguindo uma linha bem menos ingrime", contou.>
De acordo com ele, o que fez a diferença foi o distanciamento social em diversas cidades do Brasil. Se isso não tivesse acontecido, a linha de crescimento poderia ser igual a dos Estados Unidos, que custou a implementar essas medidas e já passou das 70 mil mortes. >
"Dos 100 casos até os 1.600, os Estados Unidos seguiram uma linha íngreme. Depois da nossa implementação da quarentena, os norte-americanos não implementaram nenhuma medida de contenção e número deles continuou subindo", explicou.>
Já Eduardo Massad, que é médico e matemático, afirmou ao Fantástico que acompanha diariamente o número de casos no Brasil e projeta o ritmo de crescimento da pandemia. Segundo ele, houve uma diminuição significativa dos casos justamente por conta do distanciamento social. Mas esses números podem mudar rapidamente caso haja uma flexibilização. >
"Estamos tendo uma diminuição por conta do distanciamento social e a diferença em relação ao crescimento exponencial inicial é muito grande. Não só do número de casos, mas principalmente do número de mortos", explicou, completando que senão houvesse nenhum distanciamento, a projeção inicial era de 300 mil mortes. Mas ele alega que o relaxamento do distanciamento social, muda a realidade muito rápido e pode disparar o número de mortos.>
Eduardo Massad
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