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Mais de 220 crianças trabalham nas ruas de Vitória

Mais de 220 crianças trabalham nas ruas de Vitória

Em 2019, eram 110. De acordo com a Prefeitura de Vitória, problemas econômicos e sociais atrelados à pandemia fizeram com que o número aumentasse

Publicado em 18 de novembro de 2020 às 09:31

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Garoto faz malabares em semáforo da Avenida Américo Buaiz, em frente ao Shopping Vitória
Crianças fazendo malabarismos em avenida movimentada de Vitória. (Fernando Madeira)

O número de crianças e adolescente trabalhando nas ruas de Vitória, como o menino que foi atropelado na Praia de Camburi nesta terça-feira (17), dobrou em um ano. De acordo com dados do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil da Prefeitura de Vitória, em 2019 eram 110 menores no trabalho infantil. Em 2020, até o momento, estão identificadas 222 crianças e adolescentes trabalhando nas ruas da Capital.

Em entrevista ao programa Bom Dia Espírito Santo, da TV Gazeta, o representante da referência técnica do Programa de Erradicação, Thauan Pastrello, afirmou que o número estava em estabilidade desde o ano de 2015. Mas os problemas econômicos e sociais atrelados à pandemia podem ter causado o aumento.

“Desde o início do programa em 1997, a gente tem uma diminuição desse fenômeno. A partir de 2015, a gente tem uma estagnação dessa taxa, e agora estamos diante de um aumento. Acreditamos que isso tenha razão vinculada à pandemia, às consequências econômicas desse processo que estamos vivendo atualmente. E que essas crianças acabam procurando as ruas para sanar suas necessidades básicas”, disse.

Pastrello explicou o trabalho feito por Vitória e outros municípios para que o trabalho infantil seja erradicado. Segundo ele, 40% das crianças e adolescentes que trabalham nas ruas da Capital são de outras cidades, como o menino Kauã, que morava com a avó na Serra.

“O acompanhamento dessas famílias é realizado através de um monitoramento capilar da cidade pelo SEAS (Serviço Especializado de Abordagem Social), que identifica e monitora o território da cidade, se aproximando e criando vínculo para conhecer quais as razões que a criança está na rua, de onde essa criança vem, tendo em vista que 40% das crianças que trabalham em Vitória não residem em Vitória. A gente articula, com esses outros municípios, através dos serviços da política de assistência social pelas secretarias municipais de assistência, que viabilizam serviços e benefícios, como cesta básica, auxílio, programa Bolsa Família, acompanham a situação escolar de modo intersetorial”, destacou.

Garoto faz malabares em semáforo da Avenida Américo Buaiz, em frente ao Shopping Vitória
Trabalho infantil. (Fernando Madeira)

AJUDAR OU NÃO?

Uma questão importante sobre o trabalho infantil é se motoristas e pedestres devem ajudar crianças e adolescentes que trabalham nas ruas. Segundo Pastrello, isso não ajuda, mas sustenta a situação de pobreza e desigualdade na qual vivem essas crianças e suas famílias.

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“As pesquisas apontam que o trabalho de crianças e adolescentes além de não contribuir com a renda dessas famílias diretamente, ele acentua desigualdades no mercado de trabalho, porque essas crianças e adolescentes vão ser inseridas de modo precário, diminuindo as oportunidades de ganhar um salário minimamente suficiente. A gente está tratando de uma reprodução da pobreza, e não de uma superação da pobreza. Portanto, trabalhar desde a infância não significa isso e os riscos são imediatos, como a tragédia desta terça-feira, e não imediato, de crianças que não morrem hoje, mas que morrem aos poucos, longe da escola, da saúde, do esporte e do lazer oferecidos pela cidade”, completou.

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