Maria Cecília Marchetto de Siqueira é descendente de italianos e completou 104 anos nesta segunda-feira (10). Mineira que morou muitos anos em Divino de São Lourenço, menor município capixaba em termos populacionais, localizado na região do Caparaó, ela aniversaria na data do padroeiro da cidade. Apesar da grande devoção, neste ano não houve ida à missa, nem a grande festa que costuma fazer todos os anos, em virtude da pandemia pelo novo coronavírus. Mas a alegria de viver se manifestou em uma cerimônia pequena, para alguns familiares.
Para a filha Ecy Siqueira, professora aposentada de 79 anos, a mãe é uma mulher simples, extremamente comunicativa, muito tranquila e uma "galinha-choca". Ela explica: "Essa expressão, no interior, significa que é alguém que quer a família sempre junta, é a felicidade dela estar junto com a gente. Ela gosta que a família esteja sempre por perto. Além disso, é muito religiosa, reza o terço todos os dias e assiste à missa", contou.
Madrinha Mariquinha, como é conhecida, teve sete filhos, 20 netos, 40 bisnetos e três tataranetos, e até os 101 anos levou uma vida totalmente ativa. Porém, conforme conta a filha mais nova, Maria Virgínia, de 56 anos, com quem Cecília mora, hoje se desloca com mais dificuldades por conta de uma fratura na perna que sofreu após uma queda dentro de casa. Com ajuda, ela até consegue andar, mas geralmente fica mais segura na cadeira de rodas, revela Virgínia. Mariquinha só tem dificuldades para escutar. No mais, sua saúde é perfeita.
Mesmo após a morte trágica de dois filhos no passado, os netos contam que Dona Mariquinha sempre se reergueu dizendo: Deus concede e interrompe a vida quando assim julgar necessário. Cumpramos nossa missão com fé, para partirmos em paz. E foi esta paz que ela pareceu expressar no sorriso largo e na serenidade do alto de seus 104 anos.
Este ano, em virtude dos acontecimentos, em especial da pandemia, o aniversário de dona Mariquinha foi diferente. Segundo Ecy, sempre houve festa. "Comemorávamos com uma grande festa. Este ano comemoramos só com duas filhas, incluindo eu, meus filhos e minha nora. Foi simplesmente um pequeno almoço, um bolinho e ela quando terminou, cantou parabéns. Ela também pediu que queria rezar um Pai-Nosso pelas pessoas e agradecer a tudo o que conquistou", disse.
De acordo com Ecy, a mãe sempre teve uma cabeça muito aberta. "A gente conversa com ela, fala sobre a pandemia, ela se lembra de quando papai, Antônio Gomes de Siqueira, com quem teve uma convivência lindíssima, contava da gripe espanhola, porque ela nasceu em 1916 e a gripe terminou mais ou menos em 1918, e papai era um amante da leitura, das novidades. Hoje a gente explica que a situação é parecida com a que o papai falava e avisava dos cuidados. Mas ela é uma mulher de muita fé, não tem preocupações na vida, está sempre feliz, carinhosa, dedicada, fez e faz caridade, se deixar ela dá a roupa toda para os outros", afirmou.
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