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Publicado em 20 de maio de 2021 às 21:01
Um projeto aprovado nesta quarta-feira (19) na Câmara Municipal de Vila Velha criou o Monumento Natural (Mona) Morro do Moreno, uma unidade de conservação ambiental que delimita áreas que devem ser preservadas. Assim, a construção de casas na região fica ainda mais restrita. De autoria da prefeitura, a proposta já foi sancionada e agora é lei. >
Votado em regime de urgência pela Câmara, o projeto passou por comissões e foi aprovado por unanimidade: os 17 vereadores se manifestaram a favor da criação do monumento, segundo a assessoria do Legislativo municipal. >
Para Ricardo Borgo, secretário municipal de Meio Ambiente, a nova lei acaba com um impasse que se arrastava há 20 anos. Desde 2001 havia, segundo ele, uma demanda para adotar medidas que fossem capazes de preservar a fauna e a flora do Morro do Moreno. Mas somente em 2013 foi contratada uma empresa para fazer um diagnóstico ambiental na região. Em 2019, chegou-se à definição da categoria de Monumento Natural (Mona) e a sua delimitação, que passou por consulta pública no ano seguinte. Agora, em 2021, os limites criados foram ratificados e colocados no projeto encaminhado à Camara, e aprovado sem alteração. >
A criação do Mona atende ainda a um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) da prefeitura junto ao Ministério Público Federal (MPF) e Estadual (MPES). A unidade de conservação foi dividida em três polígonos que, reunidos, somam uma área de mais de 600 mil metros quadrados de preservação. >
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Entre os polígonos A e B, marcados em vermelho e amarelo no mapa acima, está situada a chamada área de exclusão, onde já existem casas e a construção de novos imóveis continuará autorizada, desde que respeitados os limites instituídos no Plano Diretor Municipal (PDM). Na lei que trata sobre uso do solo, esta é uma Zona de Ocupação Restrita (ZOR) e a edificação pode abranger no máximo 35% da área do terreno e até 9 metros de altura - o equivalente a dois pavimentos. >
Com a sanção da nova lei, duas outras medidas vão ser adotadas pela prefeitura. Uma é a criação, por decreto, de um conselho consultivo do Mona, com participação do poder público e de representação da sociedade civil. A outra é a elaboração de um plano de manejo para acesso à unidade de conservação.>
Ricardo Borgo prevê que até o início de junho será lançado o edital para contratação da empresa que vai preparar o plano, criando um ordenamento para o Morro do Moreno, numa espécie de manual de utilização. >
Nesse planejamento, serão definidos usos diretos e indiretos, área a ser recuperada, instalação de estruturas como, por exemplo, um mirante e um centro de vivência. Entre os ajustes previstos, para garantir a preservação da área, está a organização de trilhas, atualmente feitas de maneira indiscriminada pelos visitantes, e o controle diário na quantidade de frequentadores. >
A estimativa de Ricardo Borgo é que, a partir da contratação da empresa, o plano de manejo seja elaborado num prazo de oito meses. Assim, em 2022 as ações que forem propostas já podem começar a ser adotadas.>
Para Carlos Salles, presidente da Associação de Moradores do Morro do Moreno (Ammor), a lei é positiva, tanto pela preservação ambiental, quanto pelo fato de que, com a normatização, novas obras serão liberadas nas áreas previstas. Sem a unidade de conservação aprovada, os proprietários estavam impedidos de construir. >
"Durante todos esses anos, isso sempre foi um problema para nós moradores, e principalmente para quem é dono de terreno. Porque, com o TAC, não estavam autorizadas novas construções", explica, acrescentando que lamenta pelos proprietários que tiveram seus terrenos incluídos na área de proteção. "Espero que sejam indenizados.">
Questionado sobre indenizações, Ricardo Borgo diz apenas que há previsão de desapropriações em alguns pontos da nova unidade de conservação do município. >
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