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Em caso de lockdown no ES, cidadão terá cartão para comprovar trabalho essencial

Em caso de lockdown no ES, cidadão terá cartão para comprovar trabalho essencial

O secretário de Estado do Governo do Espírito Santo, Tyago Hoffman, afirmou que caso a ocupação de UTI chegue a 90%, o Estado passa para risco extremo e pode adotar o bloqueio total

Publicado em 25 de maio de 2020 às 13:44

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Vitória - ES - Jardim Camburi: bairro com maior número de casos de coronavírus no ES
Vitória - ES - Jardim Camburi: um dos bairros com maior número de casos de coronavírus no ES. (Vitor Jubini)

Desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil, muito foi falado sobre lockdown (bloqueio total) como medida para garantir que o isolamento social seja respeitado pela população e evitar a disseminação do novo coronavírus. O secretário de Estado do Governo do Espírito Santo, Tyago Hoffman, afirmou que caso a ocupação de UTI ultrapasse 90%, o Estado  passa para risco extremo e pode adotar o lockdown. Nessa nova realidade, comércios voltarão a ser fechados e população terá cartão para comprovar trabalho essencial e ser liberado para sair de casa. 

A afirmação do secretário foi feita em entrevista à jornalista Fernanda Queiroz, da CBN Vitória, na manhã desta segunda-feira (25). 

Com relação ao lockdown no Estado, existe um plano pronto?

Em linhas gerais, sim. O que estamos identificando e observando? Os dados atuais de isolamento, que são utilizados para a matriz, foram cruzados com os dados de ocupações dos leitos. Então considerando o cenário atual, se ultrapassarmos 90% da ocupação dos leitos de UTI vamos para o risco extremo na Grande Vitória e em alguns municípios do interior. E o risco extremo nos obrigará a tomar medidas bem drásticas em termo de isolamento social. Já temos desenhado o que são essas medidas. Só como exemplo, para ter uma noção: vamos ter que fechar novamente todo o comércio, fechar todos os serviços e discutir com indústrias – tem indústrias não podem parar, sabemos, mas tem indústrias que eventualmente teremos que fechar. Então as atividades econômicas vão ser absolutamente restritas e vamos ter que restringir muito a circulação de pessoas em ambientes públicos, como calçadão. 

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Tem muita gente indo fazer caminhada. Ontem (domingo) as praias, infelizmente, estavam lotadas. Eu acho que as pessoas estão sem consciência suficiente do papel de cada um no isolamento social. Quando você vai para a sua praia, pega uma cadeira, leva uma criança, você está contribuindo para que o Estado entre em uma situação crítica e quando entrarmos em situação crítica, essas atividades não serão cumpridas

Tyago Hoffman
Secretário de Estado do Governo do Espírito Santo
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Ao decretar o lockdown, muda a responsabilidade do cidadão que não respeitar o isolamento? Vai haver multa ou punição, por exemplo?

É difícil o governo dizer isso porque queremos respeitar a liberdade de cada cidadão. Estamos em uma democracia, numa necessidade de respeitar a constituição, que inclusive aborda o tema do direito de ir e vir. Por isso que estamos insistindo, precisamos evitar essa situação. É uma situação muito ruim para qualquer governo ter que restringir a circulação de pessoas, ter que dificultar, multar e mandar as pessoas para casa. Mas isso não é uma realidade descartada. No lockdown, a circulação de pessoas só poderá acontecer exclusivamente para atividades essenciais. Por exemplo: quem tem que trabalhar, só nas atividades essenciais, vai ter que ter um cartão específico liberando para passar por eventuais barricadas de controle de policiais. Quem não tiver esse cartão que o identifica como uma pessoa que pode circular, vai ser mandado de volta para casa. 

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Apelamos para as pessoas: essa doença é invisível, mas existe, gente! Precisamos dessa compreensão. Não ponha a sua vida em risco, não ponha a vida das pessoas em risco. Porque isso pode nos levar a tomar medidas mais extremas, que estamos ao máximo tentando evitar. Estamos com nosso plano de convivência. O Espírito Santo é um dos poucos Estados que está conseguindo manter comércio aberto, mesmo no momento mais agudo da pandemia no Brasil, graças a um esforço nosso enorme de planejamento, graças à nossa capacidade enquanto sociedade de respeitar algum grau do isolamento social. Se isso não se mantiver, se a quantidade de (ocupação) de leitos ultrapassar a 90%, vamos ter que discutir com a sociedade, mostrar para a sociedade a necessidade enrijecer as medidas adotadas em relação à circulação de pessoas.

Tyago Hoffman
Secretário de Estado do Governo do Espírito Santo
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Para essa soma que determina o lockdown, é avaliada apenas a ocupação de leitos de UTI com respirador?

Exclusivamente UTI. Estamos a cerca de 6% (de chegar a 90%), com 84% de ocupação de leitos. Na Grande Vitória, está ainda um pouco acima.

A Grande Vitória está com ocupação de 88,88% de leitos de UTI. Então pode decretar lockdown em algumas cidades e em outras não?

Provavelmente isso que irá acontecer, porque a matriz quando ela chega em 90%, ela joga todo o  Espírito Santo para risco alto, mas não leva todo o Estado para risco extremo. Mas uma parte significativa das cidades pulará para o risco extremo e uma parte significativa das cidades terá que ter medidas de restrição e circulação bem rígidas.

Além da compra de 60 leitos de UTI, o governo anunciou a previsão de chegada de mais 100 respiradores. Se não fosse isso, já poderíamos estar em lockdown?

Se não tivéssemos com esse plano de construção de leitos muito bem montado, se nós não estivéssemos abrindo os leitos como estamos abrindo, muito provavelmente nós já estaríamos hoje em uma situação de - eu não gosto muito da expressão lockdown, mas estaríamos aí com muita restrição mesmo, provavelmente sim.  Além da compra de 60 leitos de UTI, que chegaram nesta segunda-feira (25) no Estado, o governo anunciou a previsão de chegada de mais 100 respiradores da Itália, que devem chegar na próxima semana. 

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Com isso esperamos não ter que tomar uma medida mais ríspida. Mas repito: a sensação de enxugamento de gelo é constante. E uma parte significativa disso está acontecendo porque uma parte da nossa sociedade insiste em descumprir as medidas de distanciamento e isolamento social, não tem a compreensão do seu papel de isolamento.Isso vai levando à abertura de leitos e compra de respiradores, além de investimentos milionários na rede de saúde e esses investimentos não estão sendo suficientes, infelizmente, para reduzirmos a ocupação de leitos de UTI

Tyago Hoffman
Secretário de Estado do Governo do Espírito Santo
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