Uma penitenciária com galinhas, patos e até um chafariz. O local onde 700 detentos do regime semiaberto de um presídio de Linhares, no Norte do Espírito Santo, cumprem pena tinha um espaço onde era depositado entulho e hoje virou um sítio com direito até a chocadeira de ovos. Além disso, os detentos também comandam uma rádio interna e fazem diversas outras atividades. É o projeto “Sítio Humanizado”.
Além de cuidar dos animais, os internos aproveitam para estudar e, aos poucos, se preparam para a ressocialização quando saírem da prisão. O trabalho começou com hortas. Durante a pandemia, eles construíram um parque que serve de local de visitação para os familiares.
Um deles é Clébio Antônio de Souza, que está cumprindo pena por homicídio e é o responsável pelas aves e a chocadeira de ovos.
Além de cuidar das galinhas, Clébio aproveitou para fazer os ensinos fundamental e médio na penitenciária. E durante os 15 anos de prisão, aprendeu várias profissões.
De acordo com o diretor-geral da penitenciária, Vinícius Narciso, o trabalho tem como objetivo mudar a imagem que as pessoas têm sobre o sistema prisional. "A gente tá tentando mudar um pouquinho, desmistificar presídio, cadeia, essa expressão" , explicou.
Odair era DJ antes de ser preso, mas agora descobriu que tem mesmo vocação para locutor. Na rádio, eles recebem até mesmo mensagens dos familiares.
Depois do almoço, o que fazer com as embalagens das marmitas? Daí veio a ideia de reaproveitar o que ia para o lixo, utilizando o isopor. Inclusive, os almoços são feitos em cima de uma mesa feita com material do que seria uma embalagem de marmitex.
Após tudo ter sido triturado, vai direto para a massa de cimento, com a qual fazem mesa e bonecos de jardim. Por dia, são trituradas aproximadamente 1.400 embalagens. Os detentos trabalham na fábrica de blocos e no sítio na horta.
Pablo Eduardo Rezende chegou ao presídio baleado. Depois de passar por nove cirurgias, descobriu o dom de pintar.
Outros detentos trabalham em empresas conveniadas fora da penitenciária. É uma forma de ressocializar os internos, segundo o subsecretário de Estado de Ressocialização, Marcelo Gouvêa.
O mestre em Segurança Pública Thiago Andrade reforça essa tese: "A gente vê indivíduos que são colocados na cadeia semianalfabetos. Então a ideia é qualificar esses indivíduos e fornecer estudo e oportunidade", disse.
A prova disso é Cosme Júnior. Ele concluiu os estudos e pretende seguir uma nova vida.
*Com informações do g1 ES e de Tiago Félix, da TV Gazeta Norte
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