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Criança atingida por concreto em Guarapari em 2019 ainda tem sequelas

Criança atingida por concreto em Guarapari em 2019 ainda tem sequelas

A criança passeava com a família, que veio de Minas Gerais para ver o mar, quando foi atingida por um bloco de concreto que caiu de um edifício

Publicado em 18 de maio de 2021 às 22:24

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Data: 12/11/2019 - ES - Vitória - A pequena Anna Luíza, que foi atingida por concreto, em Guarapari, recebe alta do Hospital Infantil, em Vitória - Editoria: Cidades - Foto: Fernando Madeira - GZ
A pequena Anna Luíza, que foi atingida por concreto, em Guarapari, recebeu alta cerca de um mês depois do acidente. (Fernando Madeira | Arquivo)

A menina Anna Luiza, hoje com 4 anos e 4 meses de idade, ainda tem sequelas do acidente ocorrido na Praia do Morro, em Guarapari, no dia 19 de outubro de 2019. A criança passeava com a família, que veio de Minas Gerais para ver o mar, quando foi atingida por um bloco de concreto que caiu de um edifício. Hoje, apesar de se mostrar alegre, a pequena divide o tempo das brincadeiras entre sessões de fisioterapia e consultas médicas.

De acordo com a avó da criança, dona Geni Rodrigues de Abreu, em virtude do ocorrido cerca de dois anos atrás, Anna Luiza desaprendeu conteúdos escolares que antes sabia de cor. "Quando houve o acidente ela já sabia contar até 10, mesmo em inglês, e conhecia as cores. Depois do acidente ela esqueceu", afirmou.

A menina foi atingida por um bloco de concreto em Guarapari, em 2019
A pequena Anna Luíza agora tem 4 anos. (Arquivo da Família)

Segundo a mãe da menina, Sheila Portela, os movimentos da criança também ficaram prejudicados. "Ela não mexe com a mão esquerda e um lado do rosto também não mexe. A mão não tem habilidade, não fecha, não abre, fica dura. Ela anda fazendo movimento rotatório e o cérebro dela é aberto ainda", disse.

Além das sequelas, o tratamento que Anna Luiza recebe envolve vários profissionais e gera um gasto que a família mal tem condição de arcar, sendo que, por vezes, precisam fazer vaquinhas, organizar almoços solidários e até rifas. Sheila contou que estima os gastos em R$ 3 mil, sem incluir natação e neurologista.

Ver a filha desse jeito fez a mãe perder o emprego e entrar em depressão. "Esqueci de mim, de cabelo, unha. Sou muito vaidosa, mas tive que esquecer que existia para que ela pudesse sobreviver", contou à reportagem da TV Gazeta. Hoje a família da menina cobra que os responsáveis pelo prédio paguem os gastos com a criança.

A pequena Anna Luíza agora tem 4 anos. (Arquivo da Família)

Para Flávio Porto, advogado da família, no início o condomínio ajudava com os custos. "O condomínio, no primeiro momento, quando houve a fatalidade, arcou com a hospedagem da família, que ficou por cerca de um mês no Espírito Santo. Após o retorno para o interior de Minas, o condomínio mandava, por alguns meses, uma quantia, que também não era o suficiente para arcar com tudo. Mas infelizmente o condomínio parou de dar qualquer auxílio", pontuou.

Porto apontou ainda uma série de erros que entende ter havido desde a fase de inquérito policial. Segundo ele, além de o condomínio não ter sido responsabilizado criminalmente como deveria, o caso está sendo tratado como sendo de lesão corporal leve. "Desde o inquérito até o movimento de hoje no processo que tramita em Guarapari houve algumas falhas. Por exemplo, não foi juntado o prontuário médico aos documentos, de modo que não se pode aferir a gravidade da situação, correspondente à lesão grave", acrescentou.

Depois do acidente, o prédio passou por reforma e hoje está com proteções. Acionada pela reportagem da TV Gazeta, a Polícia Civil informou que a perícia e a inspeção do Corpo de Bombeiros não constataram negligência do condomínio ou do proprietário, mas apenas um desgaste que estava escondido na estrutura.

O Ministério Público, também acionado, explicou que, como não houve intenção do crime, a pena máxima aos responsáveis não passa de 2 anos. O MP informou ainda que, neste caso, mesmo tendo ocorrido uma lesão grave, não há previsão legal para o agravamento da pena. O advogado da família discorda e aguarda a resposta da Justiça.

Para Sheila Portela, o que fica é o desejo por justiça. "Eu só quero Justiça, que as pessoas se coloquem no meu lugar de mãe e vejam minha dor. Vejo as crianças correndo e a minha não pode. Eu tenho que segurá-la, porque ela pode cair e bater a cabeça ou até morrer", desabafou.

RELEMBRE O ACIDENTE

Um pedaço do concreto da varanda de um edifício na Praia do Morro, em Guarapari, se soltou da estrutura e atingiu em cheio a cabeça de Anna Luiza, que passava pela calçada no colo do pai. O acidente aconteceu no dia 19 de de outubro de 2019. A menina estava em um grupo de oito pessoas da família, todas turistas de Minas Gerais. Uma tia e o pai dela também tiveram ferimentos leves por conta da queda do concreto.

Anna Luiza apresenta melhora após queda de bloco de granito que a atingiu na cabeça
Anna Luiza aos 2 anos. (Arquivo da Família)

A criança chegou a ser socorrida pelo Samu para o Hospital São Franscisco de Assis, também na Praia do Morro, e depois foi transferida para o pronto socorro do Hospital Infantil, anexo ao Hospital da Polícia Militar, em Vitória.

A criança, com a hospitalização, veio apresentando melhora contínua e teve alta hospitalar depois de cerca de um mês do acidente.

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