Publicado em 4 de agosto de 2020 às 23:53
A explosão que deixou mortos e milhares de feridos em Beirute, no Líbano, nesta terça-feira (4), repercute em todo o mundo e também na comunidade libanesa do Espírito Santo. Apesar de longe, aqueles que têm o Líbano como pátria sofrem com as tragédias, guerras e atentados que assolam o território ao longo de sua história. Ex-governador do Espírito Santo, Vitor Buaiz faz parte do grupo e lamenta profundamente pelos acontecimentos recentes por lá. >
Vitor Buaiz
Ex-governador do ES e membro da comunidade libanesa do EstadoO ex-governador diz que acompanha as notícias do país e que ficou preocupado recentemente ao ler uma reportagem sobre o colapso da economia no Líbano. "Fiquei preocupado tentando falar com os meus primos de lá. Como se não bastasse isso, agora existe a informação desse gás tóxico, resultado da explosão, utilizado tanto como fertilizante, como explosivo. E estava armazenado irregularmente. Não adianta. Os culpados serão condenados e tal, mas a irresponsabilidade foi permitirem que houvesse o armazenamento desse tipo de produto na beira do gás", lamentou Buaiz. >
"Estive no Líbano em 1995, eu era governador, fui em uma comitiva. Minha família lá é grande, meus pais são de lá e foi uma recepção muito calorosa. Vimos, ainda, o resultado da guerra. Vários prédios estavam destruídos no Centro do Líbano", relembra.>
Buaiz comenta que, na época, o presidente do Líbano era Rafiq Hariri, assassinado em 2005, e que naquela ocasião houve uma audiência com os chefes de Estado para manifestar solidariedade ao povo libanês. "Depois voltei lá em uma comitiva do presidente da República e grande parte de Beirute já tinha sido restaurada. A partir dali, tinha tudo para o crescimento do país ser alavancado. Agora, essa catástrofe. Há uma grande instabilidade política por lá, mas aquele lugar já foi considerado a Suíça do Oriente Médio", compara.>
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Buaiz também cita que os hospitais já estavam lotados por conta da pandemia do novo coronavírus. "Não tem onde receber pacientes. É um caos. Vai depender muito da ajuda humanitária dos outros países e negociação com o Fundo Monetário Internacional, que vai ser obrigado a ajudar. Extremamente lamentável para nós que estamos aqui. Mesmo brasileiros, sofremos pelo Líbano".>
Cumprindo quarentena em Pedra Azul, na Região Serrana do Espírito Santo, Vitor Buaiz relembra a Avenida Jerônimo Monteiro, no Centro de Vitória, na década de 50. "Era quase inteira de libaneses. Naquela época, também foi construído o Clube Libanês na Praia da Costa. O libanês é muito acolhedor, generoso. Isso também traz o impacto para gente nesse momento. Eu penso que isso é um alerta para a humanidade", disse. >
Vitor Buaiz
Ex-governador do ES e membro da comunidade libanesa do EstadoExplosões causam pânico e destruição em Beirute, no Líbano
O produtor cinematográfico Vitor Graize, sócio da Pique-Bandeira Filmes, no Centro de Vitória, é bisneto de libaneses de origem "drusa", uma pequena comunidade religiosa que possui representantes em alguns países da região do Oriente Médio. Vitor já visitou o Líbano duas vezes e, em uma dessas oportunidades, se hospedou próximo ao local do acidente.>
"Minha família, parte no interior de Minas, parte na Grande Vitória, teve diversos movimentos migratórios desde a década de 1920, quando chegou meu bisavô, Amim. Muitos parentes vieram, alguns voltaram, muitos ficaram. Por conta disso, desses laços, eu visitei o Líbano duas vezes, em 2013 e 2015", contou.>
Vitor Graize
Produtor cinematográficoVitor contou que sua maior precoupação quando ficou sabendo da explosão foram seus familiares que até hoje ainda residem em Beirut. Em seguida, muitas memórias da visita à cidade foram trazidas à tona. >
Vitor Graize
Produtor cinematográfico
Como recordação e forma de se aproximar da cultura de origem, Vitor tem um projeto fotográfico e, segundo ele, pretende voltar ao Líbano para dar sequência. Ele classificou sua relação com o Líbano como "permanente".>
"Mais do que lembranças, a relação com o Líbano é algo permanente. Os primos, primas, tios e tias lá. E a distância, que é enorme. Mas mantemos contato diário pelas redes sociais", finalizou.>
Michel Minassa, advogado de 60 anos e que possui avós libaneses, nunca conseguiu ir ao Líbano. Ele teve duas oportunidades; em uma delas, o pai adoeceu e não puderam ir. Em outra, no começo deste ano, ocorreram os ataques que culminaram na morte de Qasem Soleimani, general do Hezbollah, grupo terrorista do Oriente Médio e a tensão política no local impossibilitou a visita.>
Ele buscava visitar o país de onde seus descendentes vieram justamente para resgatar as origens de sua família. "Tenho parentes que tem familiares lá. Da minha linhagem, ninguém voltou. Meu avô veio para o Brasil e se instalou no Sul do Estado. Queria exatamente ir até lá para resgatar essas origens", disse.>
Michel classificou o Líbano como um país belíssimo e destacou o sentimento humanitário da população libanesa. Para o advogado, a explosão em Beirute traz muita tristeza, mas ele aposta na reconstrução da capital e do país como um todo.>
"Foi um sentimento de muita tristeza e pena, porque é um país lindo, pelo povo que tem. É a Paris do Oriente Médio, um país que se reconstrói e se reinventa. A cena da explosão dá uma tristeza. Todo mundo com quem conversei hoje manifestou essa tristeza. Para mim, foi uma cena muito impactante, estou muito triste", disse.>
Michel Minassa
Advogado e membro da comunidade libanesa no Estado
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