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Cabeça d'água muda cenário de poço de águas cristalinas no Caparaó

Cabeça d'água muda cenário de poço de águas cristalinas no Caparaó

Volume de chuva significativo na região durante a madrugada desta terça-feira (22) mudou a tonalidade e força da água de um dos locais mais procurados em Iúna, no Caparaó capixaba, mostrando o poder da natureza; assista

Publicado em 22 de dezembro de 2020 às 16:42

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Poço do Egito
Uma cabeça d'água rio acima mudou completamente o cenário habitual do Poço do Egito, em Iúna. (Instagram/@pocodoegito.ofc)

Águas cristalinas com tons esverdeados. Assim é o cenário que o turista encontra ao chegar no Poço do Egito, localizado em uma propriedade particular na região de Rio Claro, no interior do município de Iúna, no Caparaó capixaba. O local é destino certo para quem busca um local com cachoeiras, quedas d'águas e um refúgio em meio à natureza. Mas, nesta terça-feira (22), a tonalidade e transparência da água foram transformadas pela força da natureza. Normalmente tranquilo, o lugar foi tomado pela água turva que desceu com força desde as primeiras horas da madrugada.

Nas redes sociais, o perfil do poço no Instagram compartilhou o momento exato em que a água cobre com muita velocidade as pedras, as quedas que formam a cachoeira e também o poço, chamando a atenção de frequentadores e seguidores.

FORÇA DA NATUREZA:

O representante comercial Gustavo, um  dos responsáveis pelas postagens e também conhecedor da região, explicou que uma tromba d'água - na verdade o fenômeno ocorrido foi uma cabeça d'água - provocou a "enxurrada".

"Quem fez essas imagens foi o meu primo, Thiago, que mora lá, foi hoje (22) cedo. Choveu muito na cabeceira do rio, bem mais acima, e deve ter sido uma tromba d'água, pois desceu um volume muito grande e em rápida velocidade até chegar ao poço. Ali na região faz muito tempo que não tem tromba d'água, mas quando ela ocorre é perigoso porque desce rapidamente e pode pegar desprevenido quem está no local", disse Gustavo.

Ainda no meio da manhã, a água já havia perdido força e o volume diminuiu consideravelmente em relação ao observado nas primeiras horas do dia.

PARECE, MAS NÃO É

Embora ocorram em condições climáticas semelhantes, esses fenômenos são diferentes. A cabeça d'água é uma situação que ocorre especificamente sobre cabeceiras de rios ou cachoeiras e é mais comum no verão, visto a maior quantidade de chuvas. De acordo com a meteorologista Marlene Leal, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ela acontece quando uma nuvem volumosa se rompe de repente em forma de chuva rápida, despejando muita água e aumentando o volume do rio ou cachoeira, por isso torna-se tão perigosa. Essa situação é mais comum do que se imagina e pode ocorrer quase que inesperadamente, alerta a especialista.

A tromba d'água, por sua vez, é quando uma nuvem intensa de chuva forma uma espécie de funil sobre uma área aberta e com muita água, como acontece nos oceanos e rios caudalosos, por isso o fenômeno é mais comum na Região Norte do Brasil.

"Para que aconteçam, e elas são diferentes, é preciso ter uma condição de chuva forte, seja de frente fria, por aquecimento (do ar) ou umidade relativa alta, formando aqueles cumulonimbus, que são nuvens carregadas com muita água e que são as causadoras de tempestades com grande volume de precipitação em um curto tempo. Com esses fatores, a cabeça d'água é perigosíssima porque pode ocorrer de se estar em uma cachoeira e com tempo bom e céu claro, mas na cabeceira do rio já está com uma condição de chuva forte. Então pode ocorrer um transbordamento e essa água vai descer rapidamente. Ela ocorre repentinamente e pode nem ser percebida por quem está na água", ressaltou.

PREVINA-SE

Além das praias, veranistas buscam por cachoeiras, rios e riachos na estação mais quente do ano. Estar atento a pequenos sinais relacionados ao clima já são suficientes para não se colocar em uma situação de perigo em um deste locais.

"Até uma trovoada ou trovão que se escute já pode ser um indicativo de que tem chuva próxima. A presença de nuvens escuras na região ou uma mudança na direção do vento já indicam que uma cabeça d'água pode estar ocorrendo mais acima do rio ou cachoeira", alerta Marlene Leal.

A tromba d'água forma uma espécie de
A tromba d'água forma uma espécie de "funil" similar a um tornado e despeja grande volume de água. (Divulgação/Metsul)

O ideal, reforça a especialista, é evitar esses locais no verão, devido as rápidas mudanças climáticas típicas da estação. Mas caso já esteja em um rio ou cachoeira, o indicado é procurar por locais mais altos para evitar ser levado pelas corredeiras. Se não for possível, a recomendação é procurar um ponto para se proteger da água, como uma pedra mais elevada, por exemplo. Outra dica importante é sempre observar a previsão do tempo nas regiões para as quais se desejam ir.

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Outro fator que dificulta a percepção de que ambas possam ocorrer é a imprevisibilidade dos fenômenos. Segundo a meteorologista, os mapas climáticos são incapazes de dizer quando e os locais que tanto a tromba quanto a cabeça d'água podem ocorrer. O que a previsão pode indicar é se há ou não probabilidade de chuva em determinada região onde eventualmente exista uma cabeceira de rio. Dessa forma, o banhista já saberá se estará deslocando-se para uma região de potencial risco.

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