Publicado em 13 de julho de 2020 às 16:43
Análises do sistema de esgoto capixaba podem revelar informações inéditas sobre a pandemia do novo coronavírus no Espírito Santo. Realizado em parceria da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) com o Governo Estadual, o estudo tem como objetivo verificar em quais redes o vírus está presente e aprofundar o conhecimento sobre a disseminação. >
Conforme anunciado na entrevista da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) desta segunda-feira (13), o levantamento é semelhante a outros já realizados no país e no mundo. No entanto, o trabalho ainda está na fase de coleta e análise de dados. Por isso, ainda não há uma data para que as primeiras avaliações sejam divulgadas.>
Luiz Carlos Reblin
Subsecretário de vigilância em saúde do Espírito SantoEm maio deste ano, a Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) divulgou os resultados iniciais das análises de presença do novo coronavírus no esgoto de Niterói, no Rio de Janeiro. Dos 12 pontos de coleta, havia a presença do respectivo material genético em cinco; e outras duas fases estão em andamento. >
Marize Pereira Miagostovich
Chefe do Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/FioCruz)Responsável pela pesquisa, a especialista defendeu que esse tipo de monitoramento da circulação do novo coronavírus fornece informações para as equipes de vigilância em saúde. Ou seja, permite otimizar o uso dos recursos públicos e fortalecer medidas de combate à pandemia.>
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Com a detecção da presença do novo coronavírus nos sistemas de esgoto, surge a dúvida se é possível contraí-lo por meio das fezes. Na época, Marize Miagostovich esclareceu que ainda não há evidências científicas de que a Covid-19 possa ser transmitida desta forma, como acontece com a Hepatite A, por exemplo.>
Na tentativa de obter mais informações a respeito, alguns estudos, de acordo com a BBC, apontaram que o novo coronavírus pode permanecer no esgoto até cinco semanas após a recuperação dos infectados. O lado positivo é que alguns sistemas de tratamento seriam capazes de eliminar a presença dele. >
Nesse sentido, uma eventual confirmação da possibilidade de transmissão por via oral-fecal seria preocupante para o Brasil e o Espírito Santo. Em um levantamento divulgado no segundo semestre do ano passado, quase metade da população do Estado ainda não tinha acesso ao saneamento básico.>
Segundo uma reportagem da BBC, pelo menos 15 países já realizaram estudos para verificar o novo coronavírus nos esgotos locais e um dos pontos que chamaram atenção é a presença dele nas redes semanas antes dos primeiros casos oficiais. Na Espanha, por exemplo, a diferença entre os fatos foi de 41 dias. >
Em território brasileiro, um estudo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) observou cenário semelhante no Estado, onde a existência do novo coronavírus foi detectada em amostras congeladas de esgoto a partir do final de novembro. Os dois primeiros registros oficiais aconteceram apenas em março.>
Procurada por A Gazeta, a Ufes informou que professores do departamento de engenharia ambiental estão colaborando com duas pesquisas, cujos objetivos é colaborar para a compreensão de como o novo coronavírus circula no Estado, a partir da presença dele na rede de esgoto Estadual. >
Financiado com recursos da própria universidade, o primeiro estudo usará amostras de esgoto doméstico e ainda está na fase de aquisição dos materiais de análises. Já o segundo, que está em fase inicial, utilizará amostras de esgoto hospitalar e conta com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes).>
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