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À espera do resultado de Covid-19, paciente relata rotina em hospital do ES

À espera do resultado de Covid-19, paciente relata rotina em hospital do ES

Aos 28 anos e com sintomas como perda de olfato e do paladar, o locutor da Rádio Litoral FM Rádio Ronney Rocha de Carvalho narrou os cenários que passou ao procurar atendimento médico

Publicado em 29 de abril de 2020 às 13:24

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 Rooney Rocha de Carvalho, locutor de rádio
O sorriso fácil do locutor de rádio Ronney Rocha de Carvalho exibe ao conversar com os ouvintes deu lugar ao semblante fechado e tenso por conta do coronavírus. (Arquivo pessoal)

ATUALIZAÇÃO: Na tarde desta quarta-feira (29), o locutor recebeu o resultado do teste para coronavírus, que deu negativo.

Imagine a sensação de estar diante de um prato de comida e não conseguir sentir o cheiro nem o sabor do alimento? Foi o que o locutor da Rádio Litoral, da Rede Gazeta, Ronney Rocha de Carvalho, de 28 anos, descreveu sobre o quadro que se encontra enquanto espera a confirmação para o novo coronavírus.

Desde o último sábado (25), ele começou a notar uma diferença sensorial e procurou atendimento médico por desconfiar que poderia ter contraído a doença. Começava ali uma mudança de rotina forçada na vida do morador de Cariacica, e que envolveu idas ao hospital e internação, seguidos exames e isolamento obrigatório para as pessoas que o cercam.

"No sábado comecei a sentir esses sintomas e fui para o hospital. Fui avaliado, mas liberado em seguida. Como segui com o mesmo quadro, retornei na segunda-feira (27). Desta vez, fiquei no pronto-socorro e fui colocado no soro pelo fato dos meus sintomas se enquadrarem para a doença, mas não havia naquele momento um quarto de enfermaria para mim. Não era de UTI, esse tinha e tem. Fiquei sentado em uma poltrona das 17 horas de segunda-feira até as 13 horas do dia seguinte (terça), quando me transferiram para outro hospital da rede, mas em Vila Velha, onde me encontro completamente isolado em um aquário esperando pelo resultado do exame que me fizeram ainda no sábado", detalhou o locutor.

COLETA DE MATERIAL

Ainda em Cariacica, Ronney realizou o exame conhecido por swab, um dos mais indicados para identificar a presença da doença. Em detalhes, o locutor descreveu como o procedimento é realizado e reforçou o pedido para que as pessoas cumpram com o isolamento.

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Nesse exame, é introduzida uma haste cumprida com algodão até o final das duas narinas e também na garganta para a coletagem do material. É horrível, desconfortante, incomoda demais. Posso falar porque passei por isso. Só quem fez sabe como é ruim. Por isso mesmo peço que fiquem em casa para não passarem pelo o que estou passando. As pessoas não tem noção do que é essa doença. Ela é silenciosa, age por dentro e na maioria das vezes os sintomas externos serão fracos, quando na verdade está agindo por dentro e comprometendo a capacidade respiratória das pessoas. Do quarto isolado onde estou e antes no pronto-socorro esta é a situação que mais observo

Ronney Rocha de Carvalho
Locutor de rádio
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PREOCUPAÇÃO

Além dele próprio, a esposa do locutor também apresenta um quadro semelhante, porém já está em vias de receber alta do hospital onde está internada em Cariacica. O que deixa o radialista mais preocupado é o desleixo da população em relação ao coronavírus.

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Fui transferido de ambulância de Cariacica para Vila Velha e no trajeto conseguia ver as pessoas nas ruas como se nada estivesse acontecendo. Nós que estamos dentro dos hospitais percebemos o caos que essa doença provoca. A todo momento chegam novos casos suspeitos e a maioria deles são de profissionais da saúde, da linha de frente. Sem esses profissionais e somado ao descumprimento do isolamento, não vamos superar esse momento. Cada um tem que fazer a própria parte. É grave, muito grave mesmo. Por isso faço esse apelo para ficarem em casa.

Ronney Rocha de Carvalho
Locutor de rádio
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Completamente isolado, Ronney mantém contato apenas com a esposa através de videochamadas e mensagens de aplicativos. Nem mesmo com os pais e o filho pequeno ele tem falado. Tudo para evitar se emocionar pela dor que o isolamento provoca.

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"Meu garoto tem só 3 anos e a saudade aperta demais. Não tenho falado com ele para não me emocionar e tornar a situação ainda mais difícil. Não é fácil ter de se desapegar de quem se ama dessa forma, porém a doença me obriga a isso. Mais do que fisicamente, o psicológico de quem passa por isso é fortemente abalado. Peço encarecidamente que se cuidem. Tive todo o apoio da empresa que trabalho e recebo uma assistência médica excelente, mas ainda assim estou contaminado, embora aguarde pelo resultado. Agora o que tenho que fazer é seguir internado, seguir com o tratamento e me curar. Não desejo isso para ninguém".

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