Publicado em 26 de setembro de 2024 às 17:38
A celulose é o segundo produto do agronegócio no Espírito Santo mais exportado, ficando atrás apenas do café. Das florestas plantadas para produzir a matéria-prima do papel, 94% das áreas são compostas por eucalipto, árvore que, no Brasil, é a principal fonte para a fabricação desse importante insumo. >
Mas o setor de celulose abriu portas para a silvicultura ir para outros mercados. A atividade tem permitido ao Estado tornar-se provedor de madeira para produção de energia, para atender a construção civil e o setor moveleiro.>
Além disso, é relevante para os dois produtos do agro mais exportados por portos capixabas. No caso do café, contribui para a secagem dos grãos por meio da madeira. Já na cultura da pimenta-do-reino, troncos de eucalipto são usados para ajudar no crescimento e na proteção térmica da planta.>
Por ser muito versátil e tão imprescindível para a economia capixaba, o setor florestal tem recebido a missão de atuar de forma sustentável. É o que afirma o subsecretário de Estado de Desenvolvimento Rural, Michel Tesch. >
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“A produção com foco em sustentabilidade é um caminho sem volta. Ela é exigida em todas as cadeias produtivas, hoje em dia. Os consumidores têm apontado isso para qualquer que seja o produto. E essas florestas plantadas cumprem um papel essencial porque são feitas em locais de pastagens degradadas, por exemplo; não entram em terras de florestas nativas; e são implantadas fora de áreas de preservação permanente”, observa o subsecretário.>
O eucalipto, segundo Tesch, armazena grande quantidade de CO2, contribuindo para a redução dos gases de efeito estufa. “O eucalipto permite uma melhor infiltração de água no solo, armazena o carbono e é uma fonte renovável de energia”, enfatiza. >
Em expansão, a cadeia produtiva da celulose no Espírito Santo gera 15.500 empregos diretos. “É um setor estratégico importante na nossa pauta de vendas para o exterior. Em 2023, fechamos o ano com US$ 2,1 bilhões em exportações do agro, e US$ 775 milhões foram da celulose”, afirma Tesch. >
No Espírito Santo, o órgão responsável pelo licenciamento desses projetos é Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf). >
De acordo com o diretor-geral, Leonardo Monteiro, o órgão analisa o projeto para verificar se está adequado às legislação atuais. >
Leonardo Monteiro
Diretor-geral do IdafAs florestas plantadas têm importância, inclusive, para a redução da pressão sobre as matas nativas. O engenheiro florestal e doutor em ciência florestal Luiz Fernando Schettino explica que as fábricas de celulose produzem um subproduto no processo chamado lixívia, que é um líquido escuro do cozimento da madeira. No processo, componentes indesejáveis na celulose são removidos. Esse elemento tem alto poder calorífico, sendo uma importante fonte de energia renovável.>
“As práticas sustentáveis na produção de celulose ajudam a reduzir emissões de CO2, gás de efeito estufa, e diminui a necessidade de uso de energia de origem fóssil. Garantem, aliadas a tecnologias inovadoras e sistemas integrados, aumento de produtividade com responsabilidade socioambiental no plantio e no manejo”, comenta. >
Segundo ele, educação ambiental desempenha um papel crucial. “Promove o engajamento dos profissionais e das comunidades, incentivando a conservação das áreas naturais e a busca pela qualidade de vida. Garante ainda a inclusão social e o desenvolvimento econômico de uma região”, acrescenta.>
Grandes empresas estão desenvolvendo ações e programas para neutralização do carbono. Na Suzano, maior produtora mundial de celulose a partir de eucalipto, faz parte das metas a remoção de mais 40 milhões de toneladas de carbono da atmosfera até 2025.>
“Produzir de forma sustentável é essencial por diversos motivos, como a conservação ambiental, a redução de impactos ambientais e a responsabilidade social”, pontua a empresa, ao acrescentar que a proposta é promover melhorias e o bem-estar das comunidades locais, visando ao desenvolvimento econômico e à redução da pobreza. >
A empresa também está atualmente em fase de construção de uma nova fábrica de papel tissue em Aracruz, com previsão para iniciar as operações em 2025. >
O pesquisador Pedro Galvêas, especialista da Embrapa Florestas lotado no Incaper, explica que o Espírito Santo tem o plantio de espécies nativas, como o pau-brasil e a seringueira. Mas a celulose, principalmente, demanda muita madeira. Diante disso, o governo está trabalhando no Plano de Desenvolvimento Florestal. “A ideia é que o Estado se torne autossuficiente no consumo da madeira. Hoje, nós precisaríamos plantar, ou seja, expandir as florestas em mais 155 mil hectares de eucalipto e em 7 mil hectares de pinus para atender o mercado”, analisa. >
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