Publicado em 6 de dezembro de 2019 às 19:51
Em agosto, com um tumor no cérebro e um diagnóstico de poucos meses de vida pela frente, Arlene Greenwald viu centenas de pessoas entrarem na página no Facebook e a acusarem, em português -língua que ela não entendia-, de inventar a doença. >
"Ela não ficou destruída, mas chocada com o ódio das pessoas à toa. Ela era muito forte, não ficou mal, mas não conseguia entender como as pessoas poderiam ser tão horríveis por conta da política", diz seu filho Glenn.>
Jornalista do portal The Intercept, ele publicava, na época, reportagens em que questionava a imparcialidade de autoridades da Operação Lava Jato -o caso ficou conhecido como Vaza Jato- e foi alvo, com a família, de ataques nas redes sociais.>
"Ela sempre foi muito guerreira, muito lutadora. Teve uma vida difícil e conseguiu superar tudo", diz ele. "Foi com ela que aprendi a brigar pelas causas que acredito.">
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De família de judeus alemães refugiados da Segunda Guerra, Arlene nasceu em Nova York, e conheceu o marido aos 14. Se separaram quando os dois filhos que tiveram eram ainda crianças e, sem estudo, trabalhou em restaurantes e foi caixa do MCDonald's para sustentar os meninos.>
Muito ligada à família, acompanhava de perto o sucesso dos filhos, das competições vencidas pelo mais novo, ginasta, aos furos de reportagem do mais velho, jornalista.>
Há oito anos, retirou parte de um pulmão numa cirurgia contra um câncer. O tumor se espalhou para o cérebro e, há 18 meses, fez outro procedimento, desta vez na cabeça.>
Depois de uma quimioterapia dolorosa, decidiu interromper o tratamento e enfrentar a doença em casa. >
Foi aí que conheceu os netos brasileiros, filhos de Glenn, que, tímidos, só falavam inglês com ela. "Depois disso, vivia no telefone com eles", diz o filho.>
Na luta contra a doença, morreu na madrugada desta sexta-feira (06), aos 76. Deixa um irmão, dois filhos e quatro netos.>
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