Publicado em 18 de junho de 2021 às 08:35
Os 13,5 milhões de seguidores de Marcos Mion nas redes sociais acompanham a vida do apresentador como um reality show. >
Em seu perfil principal no Instagram, a Mionzada aparece em séries como a mais recente que mostra a chegada do quarto cachorro da família, o mini goldendoodle Pudim, para desespero de Suzana Gullo, mãe dos três filhos do casal. >
O primogênito, Romeo, completa 16 anos em 23 de junho e virou nome da lei que instituiu a carteira de identificação para autistas. >
No Dia do Orgulho Autista, celebrado nesta sexta (18), Mion é referência em ativismo. "Autismo não é só uma causa. É propósito ter um microfone poderoso para ser a voz do meu filho e dos 2 milhões de autistas no país", afirma. >
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Ciente dos privilégios de poder bancar os melhores terapeutas para o filho, Mion criou a comunidade Pró-Autismo no Facebook, que tem 267 mil membros. >
O garotão da MTV, que completa 42 anos neste domingo, virou paizão de família, comunicador de massa e pioneiro nas redes sociais, vetadas aos filhos. É pai também de Donatella, 12, e Stefano, 11. >
À reportagem Mion fala sobre a saída da Record e a ida para a Netflix, negacionismo na pandemia e paternidade responsável. É autor de três livros infantis, entre eles "Pai de Menina", que já vendeu 60 mil exemplares. >
"Quanto entrei na Record em 2010, era avesso a abrir minha intimidade. Com a vontade de me tornar um comunicador popular, entendi que não ia mais ter essa divisória entre vida pessoal e profissional. >
Os próprios diretores da Record falavam: "Você tem uma família incrível, é pai como poucos. Mostra esse outro lado". Minha imagem era do maluco da MTV. >
Meus filhos aparecem muito nas minhas redes, mas é controlado, debaixo da minha lupa. São loucos para ter canal no YouTube, conta própria no Instagram, numa época em que 90% dos amigos têm. >
Rede social é proibido na minha casa. Se os criadores recomendam uma idade mínima e não deixam os próprios filhos entrarem, por que eu vou deixar os meus? Sabemos dos malefícios para mentes em formação. >
Num primeiro momento, eles tiveram conta fechada no Instagram. Só pra família. Stefano começou a sofrer do mal de querer postar em vez de viver. Simplesmente cortei. Expliquei como funcionam os algoritmos, que é perigoso." >
"As redes sociais deram para cada um de nós a capacidade e a responsabilidade de ser dono do próprio conteúdo. Investi numa equipe que me desse independência criativa. Sete pessoas trabalham exclusivamente no conteúdo das minhas redes. >
Aí entra minha experiência em televisão. De agradar o diretor, o comercial, dar audiência. Diferente de um nativo das redes sociais que cria conteúdo dentro do quarto e não passa por nenhum crivo. Coloca no ar, a bolha festeja, mas não tem feedback verdadeiro." >
"Autismo não é só causa. É propósito ter um microfone poderoso para ser a voz do meu filho e dos mais de 2 milhões de autistas no país. >
Duas pessoas importantes nessa caminhada são a Fátima de Kwant e a Berenice Piana [que dá nome à lei de 2012 que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa do Espectro Autista]. Em seis meses, conseguimos implementar a lei que inclui a contagem de dados sobre autistas no Censo e a que criou uma carteira de identificação. >
A Lei Romeo Mion foi sancionada em janeiro de 2020 e tenho que dar o crédito para Michelle Bolsonaro. A primeira-dama acionou a deputada Carmen Zanotto [Cidadania-SC] e o senador Carlos Heinze [PP-RS]. Vários partidos participaram do esforço de aprovação. >
Uma das grandes dificuldades do autista é provar que é autista, por não ser uma deficiência física, visual. Qualquer pai de autista hoje pode dar uma carteirada pra conseguir prioridade nos serviços de saúde, Previdência, educação." >
"Não tenho como ficar passivo quando entendo o tamanho do meu privilégio. Vejo diariamente que essa não é a realidade da esmagadora maioria de brasileiros. >
São centenas de mensagens no Instagram por hora e arrisco dizer que 70% são relacionadas ao autismo. Obviamente, não tenho como ajudar 100% dessas pessoas. >
Daí surgiu a Comunidade Pró-Autismo, sacada que tive numa reunião com o Facebook, como forma de ajudar muita gente. São cinco moderadores que trabalham 24 horas. A própria comunidade começou a se ajudar." >
"Fomos para os Estados Unidos pela primeira vez quando Romeo tinha três anos. Voltamos todo os anos em busca de terapias e testes que não existem no Brasil. >
Não existe tratamento que seja mais efetivo do que amor, paciência e dedicação. Não adianta ter os melhores profissionais e delegar seu filho a eles. É a presença constante dos pais que vai fazê-lo evoluir." >
"A evolução é traiçoeira. Vi meu filho perder ganhos em períodos de férias. >
Uma conquista é o convívio social. Romeo é o relações públicas da família. É o mais educado. Toda vez que estou numa reunião, ele entra pra dar oi. É o Zé da live, um doce. >
Na adolescência, está lutando para existir independentemente de mim e da Suzana. É uma vitória gigantesca um autista do nível do Romeo ter conhecimento de si mesmo." >
"A gente tomou a vacina nos Estados Unidos, mas longe de estar feliz. Com uma vontade enorme de ver os meus amigos vacinados no Brasil. >
O que mais me indigna é o negacionismo. E me incomoda demais o poder que a pandemia trouxe para as bolhas de preconceito, racismo, intolerância. Pessoas que se sentem respaldadas e protegidas com o mau uso das redes sociais. É uma involução." >
"Em 2009, botei na cabeça que precisava me lançar no grande desafio de ser um comunicador de televisão aberta para a massa. Foram 12 anos que me deram a oportunidade de conquistar o meu lugar no coração do povo brasileiro. Quando você entende que tudo é cíclico, o fim fica mais aceitável. E que bom que foi no auge." >
"A ida para a Netflix é reconexão com minhas raízes. Explodi a zona de conforto. Ir para uma plataforma de streaming com liberdade e possibilidades de criação tão extensas, é a mesma sensação de entrar na MTV em 2000. >
Por causa da pandemia, as coisas estão andando mais devagar do que gostaríamos. Enquanto minha agenda profissional está estacionada, fico em Miami estendendo o tratamento do Romeo. Com o pisca-alerta ligado e pronto para acelerar.">
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