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Carta pede saída do curador do Jabuti após ele minimizar mortes por Covid-19

Carta pede saída do curador do Jabuti após ele minimizar mortes por Covid-19

Após repercussão negativa nas redes sociais, Pedro Almeida afirmou que não é contra o distanciamento social

Publicado em 25 de maio de 2020 às 16:05

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Pedro Almeida, curador do Prêmio Jabuti
Pedro Almeida, curador do Prêmio Jabuti. (Facebook/Pedro Almeida)

Mais de 1.400 pessoas assinaram uma carta pedindo o afastamento do curador do prêmio Jabuti, o editor, jornalista e professor de literatura Pedro Almeida, neste domingo (23).

O abaixo-assinado declara que Almeida, que é sócio da Faro Editorial, está "moralmente desautorizado para o cargo" depois que ele publicou, numa rede social, um texto em que minimiza as mortes causadas pela Covid-19 e defende o fim das medidas de distanciamento social.

Iniciando o texto com a frase "alguém está mentindo para você", Almeida argumenta que o número de mortes por doenças no país registrados em cartório nos meses de março e abril do ano passado foram muito superiores aos deste ano, já com a pandemia.

"Estou negando a importância de cuidados com a saúde [...]? NÃO! Estou falando que não há um dado claro que indique a necessidade de parar com o país e ferrar a economia por uma mortandade de pessoas, porque não há aumento desses óbitos", escreveu ele.

Uma reportagem publicada pela Folha há cerca de dez dias mostrou, no entanto, que as bases de dados dos cartórios não são confiáveis. Isso porque não só há informações defasadas das últimas semanas, como de anos anteriores, prejudicando uma comparação com 2020.

Vale lembrar ainda que especialistas de saúde do mundo todo concordam que a manutenção da quarentena é a forma mais eficaz de conter a disseminação do novo coronavírus e, assim, evitar uma sobrecarga no sistema de saúde. O Brasil se tornou nesta sexta (22) o segundo país com mais casos da Covid-19 do planeta, atrás apenas dos Estados Unidos.

Um dos primeiros escritores a se manifestar sobre o caso foi o escritor Ricardo Lísias. "É um vexame", ele afirma. "Perdemos o Sérgio Sant'Anna [para a doença], por exemplo, que ganhou o Jabuti três vezes."

Lísias afirma que a permanência de Almeida no cargo reduziria a importância da premiação. "Você tem por exemplo uma categoria de Ciências da Saúde", exemplifica.

Além de Lísias, outros que assinaram a carta de repúdio foram ganhadores do próprio prêmio, como a escritora Nélida Piñon, o escritor Marcelino Freire, a historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, além de nomes importantes no circuito, como a editora e escritora Simone Paulino, e o curador do festival de Araxá Afonso Borges, segunda listou revista literária Quatro Cinco Um.

Em suas redes sociais, Pedro Almeida publicou uma retratação nesta segunda-feira (25). "Fiz um post com dados incorretos", escreveu. "Foi criado um manifesto afirmando que sou contra o isolamento. Está equivocado. Não sou contra o isolamento, não nego o vírus nem seu potencial. Ao contrário, me preocupo com ele e recomendo a todos que mantenham o distanciamento social o máximo que puderem."

Segundo Almeida, suas opiniões não são estão relacionadas ao Jabuti. "Sou livre para pensar e me expressar. Não aceito censura", afirmou. " O prêmio não tem nada a ver com o meu post."

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A Câmara Brasileira do Livro, organizadora do prêmio Jabuti, ainda não se posicionou sobre o tema .

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